A vida não está fácil

OPINIÃO17.08.202004:00

Não é fácil fazer bons investimentos no futebol europeu. O Atlético Madrid pagou 120 milhões de euros ao Benfica por João Félix. Só saltou do banco ao minuto 58 do jogo com o Leipzig para, pouco depois, sofrer e marcar o penálti do 1-1. O Real Madrid comprou o passe de Eden Hazard ao Chelsea por 100 milhões de euros. O belga marcou um golo em 2019/2020. O Barcelona distribuiu 370 milhões na aquisição de três jogadores: 120 ao Atlético de Madrid por Antoine Griezmann, 105 ao Dortmund por Ousmane Dembele e 145 ao Liverpool por Philippe Coutinho. O primeiro saiu do banco ao intervalo do jogo com o Bayern, o segundo nunca de lá saiu e o terceiro entrou em campo, a 15 minutos do fim, para marcar dois golos e fazer uma assistência. Pelo Bayern. Já estou a ver a malta a embirrar com o FC Porto por ter contratado Carraça a custo zero.

Não é fácil ser apresentado. Há quem não tenha gostado da forma como Pedro Porro se apresentou para a fotografia oficial com o presidente do Sporting: de calções rasgados. E há ainda quem embirre com o nome do espanhol: Porro. Ele chegou de calções rasgados porque quer dar porrada a quem se meter com o Sporting e não ser apenas um gajo porreiro. Aliás, porro significa calo no sítio de uma fratura. Ou seja, vem para o local indicado. E já sabem, sportinguistas, quando gozarem com o nome do jovem espanhol recordem outros dois: Paneira e Carraça. Pinto da Costa, há 32 anos, também riu do nome do ex-Vizela. Deu no que deu. E agora há quem ria do ex-boavisteiro no FC Porto. Não riam. Rir antes do tempo dá mau resultado.

Não é fácil ser capitão de equipa. Cruyff, Ronaldo e Maradona: grandes jogadores, grandes capitães. Beckenbauer, Figo e Platini: grandes jogadores, grandes capitães. Matthaus, Futre e Stoitchkov: grandes jogadores, grandes capitães. Messi: grande jogador. Ver o génio do Barcelona, no intervalo do jogo com o Bayern, de cabeça baixa, inerte e incapaz de animar os companheiros quando já perdia por 1-4, prova que não é líder. Nem tem de ser. O líder usa a braçadeira, grita e fala para o exterior quando a equipa é goleada por 8-2. O líder do Barça é Piqué, não é Messi.

Não é fácil ser guarda-redes quando do outro lado está Thomas Muller. Que o digam Rui Patrício (7-1 com o Bayern), Júlio César (7-1 com a Alemanha) e Ter Stegen (8-2 com o Bayern). A pior derrota europeia do Sporting, a pior derrota da seleção brasileira e a pior derrota europeia do Barcelona. Só Muller esteve nos três jogos. E marcou quatro golos. Shô.