A Taça é uma festa
1 - Hoje disputa-se mais uma final da Taça de Portugal. De um Taça de todos. É que a Taça é uma festa. E é, também, uma competição inclusiva. Mesmo que não tenha havido antevisão desta final. De uma Taça que acolhe, no Jamor, e pela primeira vez, o Desportivo das Aves e que recebe, uma vez mais, o Sporting Clube de Portugal. Mas é uma edição singular. Onde alguma diplomacia de última hora permitirá, acredito, a presença institucional mais relevante de Portugal. Ao longo da semana pouco se falou desta final. De quão bonito é aquele espaço. Falou-se, tão só, da dúvida acerca da sua realização. Os seus patrocinadores só terão algum efetivo retorno ao longo deste domingo. E com a secreta esperança que não haja nenhuma distração que perturbe, ainda mais, esta festa do futebol. O Desportivo das Aves bem merece uma saudação especial. Foi silenciado e quase que ignorado. A agenda mediática foi absorvida pelo Sporting, pelo seu Presidente, pelos incidentes de Alcochete e pelas diferentes presenças judiciais. Vimos conferências de imprensa bem longas, diretos dos tribunais, múltiplas intervenções de apaixonados e delicadas e dedicadas sportinguistas. Portugal quase que congelou todas as outras notícias, mesmo outras desportivas, e ferveu com suspeições e indícios, comentários e análises, ponderações e provocações, lágrimas e lembranças, críticas e excessos, fanatismo e maledicência, originalidades e novidades. Estas bem subjetivas e com ajustes de contas que arrepiam e perturbam. Mas em que, assumo-o, e em certos casos, há estórias que bem mereceram vir à luz do dia. É que há viscondes e condes, de todas as cores, que só no futebol é que são virgens. Mas, acima de tudo, com a Vila das Aves e o seu clube de referência a serem ignorados como se não tivessem o direito - sim o direito-dever - de serem lembrados e referenciados, reconhecidos e respeitados. O que ocorreu fica, como registo único, na história do futebol português. Como esta semana bem especial, surpreendente, sofrida, muito triste. Em que o referenciado talento português do faz de conta tomou conta de tudo e de todos. De todos mesmo.
2 - Peço desculpa mas não é necessária nenhuma Autoridade para a Violência. Conheço demasiado bem o sistema existente para o proclamar. Bem sei que há personalidades que a desejam para que a respetiva instituição tenha, em tese, mais atribuições e competências. Gostam de inchar. Por tudo e para nada. E há outras que não podem esquecer que o que falta, de verdade, é uma resposta integrada para a prevenção da violência e que esta, hoje em dia, não se circunscreve apenas aos estádios. E que deve abarcar as ditas academias ou os novos centros de treino. O que falta, entre nós, é a aplicação efetiva das leis existentes e uma efetiva cooperação entre todos os atores desportivos e, logo, a responsabilização de cada um deles. O que importa eliminar, com efetiva visibilidade, é a perceção da impunidade perante atos e fatos já previstos na legislação existente. Seja interna seja, mesmo, e por receção, da internacionalmente relevante. O que falta é o compromisso dos diferentes dirigentes dos clubes - sim dos clubes!- para a aplicação, no seu seio, das normas em vigor. O que falta é uma fiscalização rigorosa dos mecanismos empresariais que as claques suscitam e multiplicaram. O que falta é que a Entidade da Comunicação avalie, em tempo, se o direito à informação se compatibiliza, nos momentos atuais, com a preservação dos «direitos de liberdade, segurança e justiça». O que falta é que o conjunto das entidades reguladoras portuguesas funcionem a tempo, com indiscutível celeridade, e com mecanismos sancionatórios que doam e que não sejam entendidos, apenas, como pequenos ou meros beliscões. O que não falta é, aqui, animar a malta. E sabendo nós todos que aqueles que não berram, não injuriam ou não ofendem são afastados, com motivações bem específicas e justificações que o tempo esclarece . É que o tempo vai a passo mas nunca adormece. Sabendo nós desde Julien Green que «tudo o que é excessivo é insignificante»! E também já Aristóteles nos ensinava, há séculos, que «o tempo consome as coisas, e tudo envelhece com o tempo». Tudo mesmo!
3 - O Benfica conquistou ontem o título nacional de juniores em futebol. Venceu categoricamente o Leixões e a equipa de João Tralhão - parabéns, meu caro! - volta a erguer um troféu que evidencia a qualidade das formação da Academia do Seixal. Onde admiramos, entre outros, David Tavares, Gedson Fernandes , João Filipe ou Florentino Luís. Mas esta imensa qualidade centra-se, hoje, permitam-me a ousadia, em dois jogadores. Um que vai integrar, com todo o mérito, o conjunto dos escolhidos de Fernando Santos: Rúben Dias. O outro que vai ser uma das grandes revelações, acredito, da próxima época desportiva: João Félix. E olhando, com um misto de saudade e de orgulho, e por exemplo, para Bernardo Silva, Manuel Fernandes e Gonçalo Guedes e desejando-lhes um Mundial pleno de êxitos pessoais e desportivos! Como a toda a equipa, a toda a estrutura, da Federação. Da diretiva à técnica. Com Fernando Gomes, Fernando Santos e Cristiano Ronaldo como referências cimeiras.
4 - Ontem, a festa da Taça de Inglaterra foi bonita. Estádio cheio. Ambiente com cor e com múltiplos sons. Emoção até ao fim. O Chelsea ganhou ao Manchester de José Mourinho. Acredito que a nossa Federação hoje no Estádio Nacional tudo fará para que a nossa Taça seja igualmente uma bonita festa. Com cor e sons. Uma festa fora e dentro daquele Estádio que é a expressão do futebol de todos. A Taça tem de ser uma Festa. E quem a perturbar deve ser sancionado.
5 - Um cumprimento bem especial à GNR e à PSP. Com um trabalho, nos últimos dias, que merece ser vivamente reconhecido. Como também à Polícia Judiciária nas pessoas do seu ainda Diretor e do seu futuro Diretor. Com a consciência que este último sabe bem, desde sempre, e com Sófocles, que «o êxito depende do esforço»!
6 - A Taça de Portugal é uma Festa. Uma festa do futebol e uma festa com Amigo e Amigas. Com paixões diferentes mas com verdadeiro amor ao futebol.