A semelhança
Como Rúben Amorim faz lembrar aquele jovem Mourinho quando chegou ao Benfica
R ÚBEN AMORIM faz-me lembrar José Mourinho, quando começou, no Benfica, já lá vão 20 anos. Com Mourinho, aquela experiência na Luz foi sol de pouca dura; com Amorim, a experiência no leão parece poder estar para lavar e durar. Ele próprio, logo após ter ganho a Taça da Liga, deixou um recado bem-humorado: «Aviso já que se quiserem tirar-me daqui vão ter de pagar tudo o que tenho direito!»
O futebol já conhecia o jeito de Rúben Amorim, o jeito descontraído de ser e o jeito simples e direto de comunicar. É difícil esquecer o ar, o tom, a expressão, a narrativa fácil e o discurso fluído, o sorriso genuíno e o jeito brincalhão e cativante de Rúben Amorim quando, ainda jogador, fez um dia de repórter do canal de televisão do Benfica, por exemplo, em pleno voo do regresso da equipa de jogar, em Turim, a meia-final com a Juventus, que levaria a águia à segunda final da Liga Europa, pela mão tática de Jorge Jesus.
A vida já deu, entretanto, muitas voltas, e Rúben Amorim tem hoje um papel bem diferente e uma circunstância bem distinta, desde logo porque é treinador do rival histórico do clube onde terá vivido os melhores momentos como jogador. Mas como esquecer aquele episódio no avião que trazia a equipa benfiquista de volta a Lisboa, agora que toda a gente elogia, e bem, o lado comunicativo de Rúben Amorim?!
Naquela noite em que as águias regressavam do sucesso conseguido em Turim (aonde voltariam para jogar a final da Liga Europa de 2014), Rúben Amorim pegou no microfone da televisão do clube e fez de repórter com uma facilidade invulgar, própria de quem nasceu, realmente, para comunicar com facilidade. E todos sabemos como isso é absolutamente decisivo no futebol de hoje.
Rúben já tinha o talento e a vocação para estar profissionalmente no jogo; juntava-lhe a personalidade extrovertida e, mais uma vez, a facilidade de se relacionar. Tendo, como ainda recentemente confessou, tomado a decisão de ser treinador ainda antes de terminar a carreira como jogador, só faltava saber como seria Amorim no papel de líder de um grupo. Pois a resposta está a ser dada: tem tudo para ser grande líder!
A MORIM não é assim de hoje ou de ontem. Ele é assim de há muito. Inteligente, simpático, genuíno, capaz de sorrir com a mesma verdade com que, hoje, explode em campo e tem sido expulso mais vezes do que seria esperado, Rúben Amorim mostra-se intuitivo e ao mesmo tempo espontâneo, no sentido em que dá a ideia de não precisar muito de pensar no que deve dizer e de como deve dizer, e revela esta imagem desde o tempo que jogava, e desde o tempo que jogava que se percebe como entende o jogo e como sempre foi capaz de tocar vários instrumentos, mesmo não sendo brilhante em nenhum deles. Mais coisa, menos coisa, creio que Rúben Amorim talvez tivesse mais dificuldade apenas a jogar a guarda-redes. De resto, era daqueles jogadores que todos os treinadores gostam de ter num plantel, não apenas por serem capazes de fazer muitos papéis no campo, mas também por se mostrarem mais aptos do que a maioria a serem no jogo uma espécie de extensão do treinado
Q UANDO, há um pouco mais de 20 anos, chegou à Luz, José Mourinho (que esta semana celebrou mais um aniversário) não tinha o passado como futebolista que tem Rúben Amorim, mas em contrapartida tinha já muito mais passado como técnico, porque somava um par de anos como adjunto do já desaparecido Bobby Robson, e outro par de anos como adjunto de Van Gaal, sempre em grandes clubes.
Mas apesar da diferença de percursos, em muitos aspetos Rúben Amorim tem muito em comum com José Mourinho. A mesma força na palavra, o mesmo tipo de discurso direto, o mesmo jeito de simplificar o modo de falar de futebol, o mesmo espírito com que dirige as mensagens para a equipa e para os adeptos, a mesma forma descomplexada de aceitar discutir tudo o que diz respeito ao jogo.
Personalidades assim criam facilmente empatia com jogadores e adeptos, tornam-se populares e ganham o apoio essencial. E isso marca toda a diferença, sobretudo quando se está em começo de carreira e se precisa (como precisou Mourinho, e precisa, agora, Amorim) de ganhar espaço e admiração, e de fazer com que os outros o sigam.
O que Rúben Amorim não precisa, mesmo que lhe dê jeito, é de insistir na peregrina ideia de ter uma equipa jovem e inexperiente, porque não pode, evidentemente, estar a referir-se a Adán, Neto, Coates, Feddal , Palhinha, João Mário, Nuno Santos, Sporar, nem mesmo ao mais jovem Pedro Gonçalves, que na última época já foi uma das grandes revelações do campeonato. O Sporting pode ser uma jovem equipa, mas não é propriamente uma equipa jovem. Jovem e inexperiente é o treinador. Apesar de bom!
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ROMANCE
Dizem que a jovem modelo sérvia Sofija Milosevic já partiu alguns corações no mundo do futebol, o que não admira. Mas o coração de Sofija já está conquistado pelo também jovem sérvio Luka Jovic, que o destino trouxe um dia ao Benfica, embora sem sucesso, e que acaba de voltar ao Eintracht Frankfurt por empréstimo do Real Madrid, onde Luka também não justificou o forte investimento feito no seu passe. Sofija já foi pedida em casamento e já está grávida. E é, para já, o grande sucesso de Luka!