A saga continua... obviamente
Balanço do último fim de semana: 1 - Em partida a contar para o Campeonato de Portugal (2.ª Divisão Nacional), o treinador do GS Loures (André David) agrediu o colega do Anadia, arremessando-lhe um quadro magnético, usado para questões táticas. A agressão, no rosto e testemunhada por dezenas de pessoas, levou a que Nuno Pedro fosse transportado, de ambulância, para o Hospital Beatriz Ângelo; 2 - Em Matosinhos e num jogo a contar para o Campeonato Nacional de Juniores A, houve invasão de campo após o final do jogo. As agressões (registadas em vídeo) atingiram alguns elementos da equipa visitante, que venceu por 1-2; 3 - Em Pevidém, o jogo com o Sta. Eulália (Divisão Honra da AF Braga), terminou à pancada entre elementos técnicos das duas equipas. O espetáculo, segundo relatos que têm vindo a público, inflamou os ânimos nas bancadas e obrigou à intervenção (bastonadas) das forças de segurança; 4 - Em Odiáxere, um jogador do Lagoa, entretanto expulso, saltou para a bancada depois de alegadamente sentir-se alvo de insultos racistas. A coisa ficou feia entre adeptos e jogadores, o que obrigou à intervenção, também à bastonada, da força pública presente no local. Jogo de juniores da AF Algarve; 5 - No ADCR Caxinas-Boavista (iniciados, em futsal), os pais de jogadores das duas equipas envolveram-se em confrontos físicos. O cenário foi de tal forma caótico que o árbitro terminou a partida. Os treinadores tiveram que acalmar os miúdos e impedi-los que saíssem do terreno.
Já antes, um treinador de infantis (futsal) encostou a cabeça e cuspiu na cara de uma árbitra (18 anos), por não concordar com um cartão amarelo, num jogo que venceu por 5-1! O clube veio a público defender o técnico, dizendo ter um vídeo que desmentia essa versão dos acontecimentos. Ainda não o mostrou. No Real Massamá-D. Beja, do Campeonato Nacional de Iniciados, alguns pais andaram à pancada nas bancadas, à frente de miúdos e graúdos. As imagens, que correram meio mundo, falam por si; também na Graciosa, o Marítimo-Guadalupe (Campeonato Futebol dos Açores) teve desfecho inacreditável: os desacatos entre técnicos, jogadores e adeptos prosseguiram pela noite dentro, no centro da vila e culminaram com invasão/agressões ao complexo de apartamentos onde moram vários jogadores do Marítimo.
Estes incidentes, ocorridos em menos de 20 dias, juntam-se a mais de 100 registados desde o início de 2017. Por muito que queiramos mostrar o lado bonito do futebol (felizmente há grandes exemplos para partilhar), não podemos fazer de conta que o que está errado não existe. O que está errado existe todos os fins de semana. Atinge novos e velhos, afasta famílias, amedronta crianças, desvaloriza o produto e é a antítese do que devem ser os melhores valores do desporto. Cada agressão, cada atitude violenta, cada gesto reprovável é a prova inequívoca de que há um longo caminho a percorrer.
O futebol não pode continuar a passar a mensagem de que estas são situações pontuais e impunes. Não pode ignorar a gravidade dos factos e as suas consequências. Hoje, a violência está a banalizar-se e isso é perigoso, porque atinge aqueles que o futebol tem obrigação de proteger e defender! É preciso criar formas de desincentivar estas atitudes e de as reprimir fortemente.
Por favor, parem com esta pouca vergonha.