A reeleição de Fernando Gomes
Os portugueses têm inúmeras qualidades, mas não são, graças a Deus, isentos de defeitos. E um desses defeitos é o pouco crédito que tendemos a dar a quem, entre nós, sobressai no contexto internacional. Até parece que é normal o mesmo pequeno país ser a pátria de um presidente da Comissão Europeia que esteve dez anos no ativo, do secretário-geral da ONU, ou, noutro plano, do melhor jogador de futebol do mundo, começando em Eusébio, passando por Figo e culminando em CR7, os nossos Bolas de Ouro.
Assim, pela parca consciência da importância de alguns cargos, explica-se a pouca atenção dada a Fernando Gomes, recentemente reeleito para o comité executivo da UEFA. Na Suíça, o lugar ocupado por um português é dos mais cobiçados do futebol europeu, e se lá está Fernando Gomes é porque revelou méritos mais do que suficientes para fazer parte da távola redonda de Nyon. Devíamos, creio, regozijar-nos por esse facto, e não encolher os ombros, como se fosse algo vulgar de Lineu…
É que os portugueses, também cultivam amiúde o pecado da inveja, que os impede de reconhecer méritos e qualidades a quem os possui. E neste particular, relativamente à FPF a que Fernando Gomes preside, há que dizer que se trata, cada vez mais, de um oásis no deserto de imagem em que está transformado o futebol português. Há bom trabalho nos clubes, onde pessoas muito válidas apontam caminhos com futuro; mas este labor positivo é eclipsado por uma forma de estar pouco própria das sociedades modernas, feita de acusações, ofensas, insinuações e mesquinhez, que dá do futebol uma imagem menor. Na FPF, que tem sabido apostar na excelência, ciente de que nas organizações são as pessoas que fazem a diferença, fecha-se o círculo virtuoso da competência, sem que a instituição se deixe arrastar para o círculo vicioso que tem sido a perdição de outros.
Aliás, um dos méritos maiores de Fernando Gomes e do seu núcleo duro na FPF tem sido a forma descomplexada como têm acolhido massa crítica, sem medos ou receios de quaisquer sombras. Nas mais variadas áreas, beneficiando, é certo de uma conjuntura económica francamente favorável, o apetrechamento humano da Cidade do Futebol tem sido verdadeiramente emblemático de um novo Portugal de meritocracia que gostaríamos de ver generalizado.