A rainha Isabel com Bond em Wembley
Gostava de desporto, incluindo futebol, mas a sua grande paixão eram as corridas de cavalos e, em especial, Ascot, onde só faltou este ano
SETENTA anos reinou a rainha Isabel II. Depois do choque planetário de uma imagem menos humanizada, depois da trágica morte de Diana de Gales, a rainha foi recuperando, serena e sabiamente, o seu lugar de uma avó universal. Apesar dos seus 96 anos, a sua morte no castelo de Balmoral, onde sempre passava férias, foi repentina e por isso sentida como inesperada. No entanto, já iam surgindo sinais preocupantes sobre o seu estado de saúde, que se agravou após a morte do seu marido, Filipe, duque de Edimburgo.
Isabel II já não conseguiu marcar presença em todas as cerimónias do Jubileu dos seus 70 anos de monarca e, principalmente, o facto de pela primeira vez ter falhado as reais corridas de Ascot trouxeram óbvia preocupação sobre a sua condição débil. De facto, a rainha só não tinha estado em Ascot, em 2020, por causa da pandemia, mas voltaria a estar pela 68.ª vez na grande corrida em 2021, exibindo um comentado vestido verde-água e um chapéu de flores bem coloridas. Recentemente, em junho de 2022, o seu lugar na exuberante Ascot já fora tomado pelo então ainda príncipe Carlos e a sua mulher, Camilla.
Isabel II foi uma monarca que acompanhou o desporto com interesse. Garantiam que gostava de futebol, seria até uma discretíssima adepta do West Ham, embora o conhecido futebolista espanhol Fàbregas tenha certa vez confidenciado que a rainha admirava o Arsenal na era Wenger.
A primeira aparição pública da monarca num estádio de futebol aconteceu pouco depois de se ter tornado rainha, por morte de seu pai, o rei Jorge VI. Isabel II entregou, então, a Taça de Inglaterra a uma figura que viria a ser emblemática do futebol mundial, Stanley Matthews, nessa altura capitão do Blackpool. Treze anos mais tarde, em 1966, Isabel II entregou o troféu de campeão do mundo de futebol ao capitão da seleção inglesa Bobby Moore, num estádio de Wembley em completo delírio. O mesmo estádio, embora já totalmente renovado, onde, em 2012, a rainha aceitou contracenar com o ator Daniel Craig (James Bond), preenchendo uma das maiores surpresas da sensacional abertura dos Jogos Olímpicos de Londres.
No entanto, a maior paixão desportiva da rainha Isabel II era o hipismo e, em especial, as corridas de cavalos. Ela própria foi dona de cavalos célebres que venceram corridas clássicas, como a Taça de Ouro, o derby de Epson, La Oaks, St. Leger e, claro, Ascot.
A sua filha, a princesa Ana, seguiu a paixão da mãe pelo hipismo, chegou a ser cavaleira olímpica e é, hoje, a presidente do Comité Olímpico britânico.
O desporto sempre foi, aliás, uma boa tradição da família real. O príncipe Filipe tinha paixão pela vela e chegou a participar em regatas de competição. Margarida, a irmã da rainha, que morreu em 2002, foi, também, uma cavaleira exímia. Quanto ao atual rei, agora Carlos III, nunca se lhe conheceu especial gosto pelo desporto e sempre foi reconhecido, mesmo nos seus tempos de jovem, como pouco apto à destreza física. Teve, no entanto, uma presença institucional assídua durante os Jogos Olímpicos de Londres e eu próprio tive com ele um inesperado e brevíssimo encontro durante a partida da corrida olímpica de ciclismo, que o então príncipe Carlos ia abrir oficialmente.
Por todo o mundo, desportistas, entidades e organizações desportivas associaram-se à universal manifestação de pesar pela morte da rainha que mais tempo reinou em Inglaterra e o futebol inglês fez questão de assinalar o período de luto nacional tomando a decisão rara de adiar a primeira jornada da Premier League.
DENTRO DA ÁREA
Portugal muito bem na Europa
Muito bom o conjunto de resultados dos clubes portugueses na primeira jornada europeia. Quatro presenças, três jogos fora, e nove pontos. Pena que o FC Porto tivesse deixado fugir um ponto precioso no último segundo do jogo de Madrid, porque teríamos chegado a uma situação rara de excelência do futebol nacional. Destaque maior para a vitória do Sporting. Uma vitória retumbante em Frankfurt que foi além do melhor dos cenários que se poderiam idealizar e que pode trazer mais confiança à equipa de Rúben Amorim.
FORA DA ÁREA
Más notícias na educação
Dentro de uma semana começa o novo ano escolar e a perspetiva é angustiante, porque as previsões apontam para piores condições, menos professores e mais alunos sem aulas. Tudo o que não precisávamos que acontecesse depois de um verão dramático do ponto de vista das debilidades do setor da saúde onde houve médicos a menos e doentes a mais, o que provocou situações caóticas que culminaram com a demissão da ministra da Saúde. Chega agora o tempo de se mostrarem as feridas na educação. Más notícias, além da inflação.