A qualidade da liga portuguesa

OPINIÃO16.05.202207:00

Portugal pode estar perto de perder dois dos seus três melhores jogadores, porém a época foi rica em boas notícias. Aqui fica um onze ideal

A LIGA acabou e é natural que se pense que pode empobrecer, uma vez que (pelo menos) dois dos três melhores jogadores se preparam para partir para outros paragens: Darwin e Sarabia, com Otávio em aparente rota de continuidade no Dragão. Contudo, a qualidade não se esgota aí e é possível encontrá-la na escolha de um onze ideal da prova. 

A época extraordinária de Diogo Costa merece todos os elogios, porém os 17 zeros que Adán manteve no lado do marcador em que tem mais responsabilidade confirmam a sensação da maior influência do guarda-redes espanhol na consistência defensiva da sua equipa, o Sporting. Porro ganha na direita a um Zé Carlos de excelência no Gil Vicente, tal como a contribuição ofensiva de Grimaldo decide a seu favor diante de um Matheus Reis a acrescentar soluções à construção leonina, sobretudo quando se juntou à linha de centrais. No meio, Pepe parece eterno e, apesar das lesões, acaba por sobressair perante a intermitência de Gonçalo Inácio e Coates, e erros graves de Otamendi - que os adeptos relativizam devido ao suor e aos inúmeros cortes conseguidos. Nesse sentido, o internacional português não teria no resto da Liga companheiro mais fiável do que aquele que tem na própria equipa: Mbemba.

N O meio-campo defensivo, Uribe aproveita também a divisão de Amorim entre Ugarte e Palhinha, e também a menor capacidade impositiva de Weigl. Otávio e Matheus Nunes completam o setor intermédio de um possível 4x3x3, o sistema com que o campeão termina a temporada, mas não deixam muito longe Vitinha, que encheu o campo em muitos jogos do FC Porto, garantindo uma titularidade que chegou a parecer improvável perante a rigidez inegociável de Sérgio Conceição, que ajudou a tornar mais flexível, um Fábio Vieira com números impressionantes e um André Franco, que, ao serviço do Estoril, terá sido a maior revelação da temporada. E Pedrinho, do Gil Vicente, a confirmação.

D ARWIN, Taremi e Sarabia batem a concorrência do histórico Ricardo Horta, dos desequilibradores Samuel Lino e Rafa e das boas notícias que chegaram com Banza (Famalicão), Navarro (Gil Vicente), Musa (Boavista) e no próprio Dragão, através de Evanilson. 

Omelhor treinador não pode deixar de ser não só aquele que maior versatilidade mostrou como também quem apresentou o futebol mais sólido e os melhores resultados: Sérgio Conceição. Amorim confirmou expectativas e Ricardo Soares conseguiu trabalho de assinatura portentoso no Gil.