A noite do Porto continua quente
André Villas-Boas (Foto Miguel Nunes)

A noite do Porto continua quente

OPINIÃO24.04.202508:35

Villas-Boas não pode ceder no caso Otávio e tem de ter mão firme para com a indisciplina. Este é o 'Livre sem barreira', espaço de opinião de Hugo do Carmo

Vida difícil para André Villas-Boas no FC Porto. O clima continua tenso no clube, com adeptos divididos e a equipa longe de corresponder às expectativas, o que, naturalmente, não beneficia nada o presidente.

Não chegavam os problemas financeiros, que, claro, muito dificultam a definição da estratégia para a atual e próximas épocas, e o julgamento da Operação Pretoriano, que periodicamente vai revelando factos pouco dignificantes para os dragões, agora surgiu mais um caso complicado para Villas-Boas resolver.

Otávio lembrou-se de comemorar à grande o 23.º aniversário e para a festa convidou vários dos companheiros de equipa. Bem ao estilo brasileiro, faltou discrição ao defesa-central e num ápice o convívio se tornou num grande problema.

É assim o futebol: quando se ganha, tudo está bem; quando não se ganha, o mínimo incidente atinge grandes proporções e gera, logicamente, muita discussão.

Os adeptos do FC Porto, de tão bem habituados que estavam, têm sentido dificuldades para digerir o insucesso e foram eles que espoletaram este caso Otávio, que acaba por deflagrar nas mãos da Administração.

Apesar de todos os problemas que envolvem os Super Dragões, que tem na detenção do antigo líder, Fernando Madureira, o expoente máximo, os adeptos continuam vigilantes e exigentes.

Percebo os excessos da juventude, que têm de começar a ser analisados sob esse prisma, mas os profissionais de futebol têm regras para cumprir, começando pelo regulamento interno e neste capítulo André Villas-Boas não pode fazer cedências, nomeadamente nesta fase em que os resultados são dececionantes.

Este caso Otávio não tem nada de novo. Há situações em similares em todas as latitudes e mesmo no FC Porto todos nos recordamos de velhas histórias envolvendo Paulo Futre ou Mário Jardel, relatadas pelos próprios anos depois.

O Porto é uma cidade pequena para as estrelas passarem despercebidas e um jogador dos dragões está sempre sob os holofotes. Muitos tentaram despistar adeptos e dirigentes rumando até ao Norte de Espanha, mas nem aí escapavam à vigilância. A diferença era que então as escapadelas só se tornavam públicas muito depois e quando tal sucedia já Jorge Nuno Pinto da Costa as havia resolvido. E, mais importante, a equipa ganhava. Constantemente.

Agora não. O caso Otávio quase que foi acompanhado em direto via redes sociais, com atualizações praticamente ao minuto. Primeiro, três jogadores, depois quatro. Afinal, já eram seis. Não, retificando, são sete. Para já…

Tiago Djaló é quem está em situação mais complicada, por ser reincidente e também, creio, por não ser um ativo do clube e por não estar a ser opção regular de Martín Anselmi. Assim, já se percebeu que terá guia de marcha, restando apenas saber a data do regresso à Juventus, treine-se ou não às 7 da manhã.

A situação do central internacional português é a mais fácil e está resolvida, mais complicado é gerir as outras situações. Nehuén Pérez, Martim Fernandes, Samu, Namaso, William Gomes e o próprio Otávio não podem ter como castigo simples multas, pois isso será só adiar os problemas, pois já se percebeu que a noite do Porto continua quente…