A força do futebol espanhol

OPINIÃO09.01.202003:00

O futebol espanhol voltou a dar mais uma prova de vitalidade ao deslocar a Supertaça para a Arábia Saudita. Nada que, por exemplo, os italianos não façam há alguns anos, mas o formato e, principalmente, os valores em causa provam que a organização do desporto espanhol continua num patamar muito acima da média europeia e é mesmo a única liga capaz de rivalizar com a Premier League, essa espécie de permanente campeonato do mundo (pelas várias nacionalidades e pelo interesse planetário que gera) que por acaso se joga apenas na Grã Bretanha.

Vamos aos números: Real Madrid ou Barcelona podem ganhar quase 11 milhões de euros se vencerem a Supertaça de Espanha. São apenas menos €4 milhões que o prémio de presença da Liga dos Campeões. Impressionante. Mais ainda porque estamos a falar de um campeonato que perdeu o jogador mais mediático do mundo (Cristiano Ronaldo) e, ao contrário do que muitos esperariam, as receitas aumentaram em vez de diminuir.

Muito se deve a uma potente máquina de comunicação e marketing na promoção internacional da marca (há um permanente esforço de vender a imagem de um futebol positivo) e, como já foi recordado neste espaço, à centralização dos direitos televisivos que permitem, por exemplo, ao atual último classificado da La Liga (o Espanhol) pagar €20 milhões por um jogador do primeiro classificado em Portugal (Raul de Tomas ao Benfica) - e só para recordar mais uma vez para não cair em esquecimento: o Huesca (último classificado em 2018/2019) ganhou mais dinheiro em direitos televisivos (€44 milhões) do que qualquer um dos três grandes em Portugal.

Não basta encher a boca para dizer que o futebol é uma indústria e depois assistirmos a uma enorme e selvagem mercearia.