A enorme diferença!
SUPERTAÇA conquistada pela melhor equipa, com a clareza do indiscutível. Para o 1.º troféu da temporada, sobretudo face à importância da potencial embalagem de êxito, com afinco se prepararam os protagonistas. Resultados na pré-época já apontavam Benfica a galgar terreno e Sporting em marcha lenta. Porém, impensável era o abismo de goleada! Inesperadíssima também na primeira hora deste dérbi…
ODYSSEAS: tudo começou nele… - num triunfo imposto com lógica (campeão é campeão…) e com brilho de 5-0! Benfica de mais, Sporting de menos? Nada disso, durante 60 minutos. Mas o jogo estende-se, no mínimo, por 90… e a súbita queda sportinguista foi estrondosa, a pique! No longo período em que houve equilíbrio, Benfica teve estupendo guarda-redes - o que denota alguma superioridade do Sporting. Sim, guarda-redes faz parte de equipa (em nível alto, ou fraco). Odysseas, por 3 vezes impedindo golo à vista - que levaria o confronto para cariz bem diferente da ponta final -, ergueu-se como o 1.º dos decisivos trunfos benfiquistas.
Mais tarde, da já sedimentada estratégia de Bruno Lage - rapidíssimos e certeiros ataques/contra-ataques dela são ex-libris -, foi saltando outro poderoso trunfo: a inspirada classe de Pizzi e Rafa, atormentando e rasgando defesas e sem necessidade de 5 ou 6 oportunidades para concretizar golo… Mais a alta rotação de Florentino (como cresce este menino!) e o livre direto à Grimaldo (golaço).
Zero de novidade: Bruno Fernandes, senhor de consistente nível tão, tão acima dos colegas - e, para alto nível, consistência é chave! -, enorme exceção (um pouco menos neste jogo) num plantel onde quase todos têm qualidade inferior à dos benfiquistas. Óbvia regra: mais cedo ou mais tarde, essa diferença acaba por se impor.
KEIZER. Desde logo: forte elogio ao tranquilo fair play que ele e Bruno Lage têm exibido ao longo de meses - lufadas de ar fresco! - e reafirmaram antes e no final da Supertaça. Sendo muitíssimo mais difícil para quem perde…
Não entrei no rol de aplausos ao novo técnico do Sporting naquele arranque de só vitórias em mês e meio. Fiz mesmo questão de enfatizar a fragilidade de todos os adversários nesse período. Muito mais me diz o que Marcel Keizer foi conseguindo de razoável estabilidade, mesmo com solavancos. Inevitáveis, estes, porque Keizer, ao leme da equipa, está como Varandas liderando clube e SAD: hercúlea tarefa erguer Sporting vindo de caos! - deste derivaram chocantes convulsões e evidente míngua de meios… O Sporting, para além de ter perdido, num turbilhão, Patrício, William, Gelson (e a grande esperança/quase certeza Rafael Leão), não possui capacidade financeira para aquisições como as que Benfica e FC Porto têm feito. E as suas ex-brilhantes escolas de formação foram estropiadas (ressalvo que Thierry muito promete). Ou como Keizer volta a partir em flagrante desvantagem…
Errou na tática (3-4-3) para a Supertaça? Quanto a mim, não. Se bem me lembro, já a utilizara, exatamente contra o Benfica, eliminando-o da Taça. Acresce que não considero mais defensivo o sistema com 3 defesas centrais… (grande polémica, há largos anos, quando, também no Sporting, foi lançado pelo galês John Toshack). Até pode ter superior firmeza no meio campo e na projeção atacante, se com rápidos e fortes laterais. Foi com este sistema que vi, durante uma hora, Sporting até mais equipa do que o Benfica. À parte o pormaior de golo… O que foi falhando…; e o que sofreu quando Pizzi (esplêndido numa viragem de jogo a régua e esquadro) e Rafa (rapidez e nada fácil execução no remate de primeira) começaram a impor qualidade - a tal decisiva diferença… E Keizer frisou: tirando um dos defesas centrais, ao 2-0, sofreu mais 3 golos…
Porquê o Sporting, de súbito, tombou com tamanho fragor? Inconcebíveis fífias individuais: Mathieu e Coates estáticos, esperando que o outro tirasse a bola dali! (imediato contraste: Rafa e Pizzi velozes e certeiros). Livre direto, Grimaldo com perfeição técnica. E descalabro! Renan (deficiente posicionamento no tal livre) evitou mais 2… Nada de somenos: Acuña e Coates, recém-regressados de férias, deram o berro (titulares por serem muito melhores que as possíveis alternativas… - lá está!).
Outras questões. Modelo de jogo (mais futebol interior, menos cruzamentos para o ponta de lança) afasta Bas Dost daquilo em que era poderoso. Muitíssimo complexo: preparar equipa com maestro - e, à última hora, ficar sem ele?
Escrevo sem certeza do desfecho de hoje, dia D para Bruno Fernandes. Mas como Jorge Mendes foi chamado a entrar em ação…