A cidadania
A respeito da controvérsia em torno da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, fixada na decisão de um pai (e respetiva lista de apoiantes) que procura proteger os filhos, do 7.º e 9.º anos, do que entende como influências nefastas na educação - sobretudo a matéria de educação sexual, que julga fora do âmbito escolar -, fui à internet, sempre aberta ao extremismo ideológico e baratinho, procurar algo parecido que se relacionasse com desporto. Sim, porque se na tal disciplina de Educação para a Cidadania e Desenvolvimento podem, afinal, ser questionadas matérias elementares, entre as quais direitos humanos , igualdade de género, interculturalidade, ambiente, democracia, literacia financeira, educação para o consumo, educação sexual e segurança rodoviária (tudo venenos…), fiquei a pensar: e o desporto? Será que há pais que querem que os filhos não pratiquem desporto?
Não encontrei. A internet, afinal, não tem tudo. Ou se calhar são as pessoas que ainda não são tudo. Esperança. Há, no máximo, gente que entende que estar demasiado em boa forma tem males para a saúde, notadamente nas práticas de culturismo; outros que lembram que treinar de mais propicia lesões, outros que entendem que entrámos, já, numa cultura opressiva em matéria de prática desportiva, o que é, sim, um argumento. Em todo o caso, não encontrei pais destacados em meio escolar por não quererem que os filhos pratiquem desporto. Talvez alguns pudessem indignar-se, imaginei, com tempo perdido com o atletismo, o basquete ou o andebol, e não com o futebol que, seguramente, fará dos filhos estrelas. Foi com pena que o constatei, e se os houver que me contactem, por favor, pois é justamente no contraponto destes absurdos que eu recordo a importância que a escola tem para nos educar, até frontalmente contra aquelas que serão, disso não duvido, as boas intenções dos nossos pais.