38 milhões de razões para não facilitar
Assegurado o ‘jackpot’ da Champions, o Benfica deve finalizar, com ambição, a construção de um plantel que dê mais garantias...
Aprimeira competição disputada pelo Benfica na corrente temporada chega ao fim amanhã. Trata-se de uma demanda oficiosa, principescamente recompensada, que tem o condão de marcar, para o bem ou para o mal, o resto da época. Percebe-se, até, que para levar a bom porto esta tarefa se sacrifiquem alguns parâmetros, nomeadamente no que respeita ao doseamento do esforço, numa altura em que os encarnados têm jogado numa base bissemanal usando e abusando do núcleo duro eleito por Roger Schmidt. Mas valerá a pena...
Entrar na fase de grupos da Champions, além de equilibrar as contas e colocar na melhor montra do planeta as estrelas emergentes do plantel encarnado, permite, ao mesmo tempo, mais alguma ousadia no mercado. Por exemplo, talvez a venda de Gonçalo Ramos deixe de ser obrigatória e haja folga para dotar o meio-campo com uma escolha direta de Schmidt (isto enquanto o folhetim Horta vai para o enésimo episódio), na certeza de que uma época com responsabilidades europeias acrescidas e múltiplos objetivos nacionais não pode ser encarada com seriedade se não houver um plantel com profundidade suficiente.
E, para quem tiver dúvidas, veja-se o caso do Sporting, que está a pagar, com língua de palmo, o preço de ter sido forçado a vender o corpo (Palhinha) e alma (Matheus) do meio-campo, tornando a equipa menos forte do que em épocas precedentes. Nesta matéria, francamente, não há muito a saber: mesmo que seja possível o aparecimento de algum jovem de grande potencial vindo da formação que pegue de estaca (o último, na Luz, foi João Félix), a ida cirúrgica ao mercado para preencher posições específicas é o dever de qualquer gestão desportiva que perceba o que tem pela frente. Rui Costa, neste particular, tem uma grande vantagem sobre Luís Filipe Vieira: a sensibilidade desportiva. O antigo presidente movia-se pela adrenalina do negócio, o atual percebe melhor o balneário e a angústia do treinador, podendo levar a cabo uma política diametralmente oposta, baseada em princípios mais próximos da natureza do futebol. Mas a dez dias do encerramento do mercado, Rui Costa ainda tem muito trabalho, na certeza de que, como está, o plantel apresenta lacunas que podem vir a ser comprometedoras.
ÁS – DIOGO COSTA
O jogo que fez com o Sporting confirmou grandes progressos, que o projetam como um dos guarda-redes de top, a nível internacional, na próxima década. Com Diogo Costa, Rui Patrício e José Sá, Fernando Santos pode dormir descansado quanto à qualidade de quem irá defender a baliza de Portugal no Catar.
ÁS – PIMENTA/SANTOS
Ouro para Portugal nos Europeus na canoagem, com Fernando Pimenta a chegar à 121.ª medalha internacional e Kevin Santos a beneficiar de um protesto, que o retirou da quinta posição inicial e o colocou no lugar mais alto do pódio. Pena é que, entre nós, muitas modalidades não se pautem pelos padrões da canoagem...
DUQUE – VASCO SEABRA
O arranque do Marítimo está a ser, no mínimo, complicado, e é o próprio treinador a reconhecê-lo: «Não adianta esconder, temos um problema, sofremos muitos golos e temos de corrigir rapidamente.» Para já, o que temos é um histórico do nosso futebol muitos furos abaixo do que é normal, à espera de melhores dias.