Pavlidis e Gonçalo Inácio (Foto: Miguel Nunes)
Pavlidis e Gonçalo Inácio (Foto: Miguel Nunes)

Benfica e Sporting estão muito mais pragmáticos

O dérbi dos dérbis está bem aberto. Três pontos e sete golos separam ambas as equipas. Há virtuosos (Sudakov ou Trincão), goleadores (Pavlidis e Suárez) e coriáceos (Otamendi e Diomande). E há o dedo dos treinadores. Quem meterá mais o dedo no jogo?

Dificilmente o dérbi dos dérbis não se decidirá nos pormenores, como treinadores e jogadores gostam de dizer. E é verdade. Normalmente é num gesto, num corte milimétrico, numa inspiração que nasce quase do nada.

Benfica e Sporting caminham lado a lado, três pontos e sete golos a separá-los. Os encarnados somam 25 golos marcados e sete sofridos; os verdes, mais vorazes, contam 31 marcados e 6 sofridos. A balança do golo sorri aos leões: +25 contra +18.

À águia resta o orgulho das derrotas ou da falta delas. Há 27 jornadas que o Benfica não perde na Liga, desde 25 de janeiro de 2025, no terreno do Casa Pia, um 1-3 que parece já memória longínqua. O Sporting tropeçou apenas uma vez nas últimas 30 partidas: 1-2 com o FC Porto, ainda em agosto, quando o campeonato mal começara.

Este Sporting de agora joga como quem respira: mais pontos, mais golos esperados, menos perigo consentido, mais posse, mais remates, mais vezes a mira afinada. A distância de remates é semelhante à do rival.

Mesmo assim, no fim das contas, apenas três pontos separam as duas equipas. Se o Benfica vencer hoje, iguala o adversário no segundo lugar; se o Sporting triunfar, a estrada do título continua a dois, com águias bem mais longe. O FC Porto, atento, espera por domingo para enfrentar o Tondela e talvez sorrir com a matemática.

E o Benfica com Mourinho? Parece florescer. Com Bruno Lage foram 11 pontos em 5 jogos, 2,2 por jornada. Com José Mourinho, 17 em 7, 2,43 por jogo. Pequena diferença, mas dá moral.

Nos golos também: 8-3 com Lage, 17-4 com Mourinho. Há menos golos esperados agora (talvez o remate venha de mais longe), mas o perigo que o Benfica sofre é menor. Desce a posse, mantém-se o número de remates, equilibram-se os enquadrados. A defesa, essa, parece estar a aprender a fechar portas.

O Sporting manteve o mesmo treinador. Se dividirmos a Liga a meio (jornadas 1 a 6 e 7 a 12), baixam os golos esperados e os esperados contra. A posse mantém-se. Os remates descem, os enquadrados também. Golos marcados: 18 nos primeiros seis jogos, 13 nos segundos.

Sofridos: 4 primeiro, 2 depois. Contra Estoril, SC Braga, Tondela, Alverca, Santa Clara e E. Amadora, o leão pareceu pensar mais do que rugir. O Sporting remata mais, tem mais xG e parece encher o campo. O Benfica cria menos oportunidades, mas está muito mais cuidadoso. Atrás, os leões fecham portas com mais firmeza: menos remates sofridos, perigo mais distante. O Benfica ainda permite aproximações, mas Trubin sofre cada vez menos.

Hoje, na Luz, não será só um jogo. Será o peso da história, o nervo das bancadas, o grito vindo das bancadas. Um golo pode ser fatal, tal como um erro.

No fim, quando a noite cair em Lisboa e o relvado ficar vazio, saber-se-á quem foi mais forte. Se o Benfica do setubalense, se o Sporting do mirandelense.

Têm a palavra os mais virtuosos (Sudakov ou Trincão) e os mais goleadores (Pavlidis e Suárez), mas também os mais coriáceos (Otamendi e Diomande).