Editorial - Maior vergonha é impossível!

Opinião Editorial - Maior vergonha é impossível!

OPINIÃO10.08.202314:14

Se o objetivo de Sérgio Conceição ao recusar-se sair do banco depois de o árbitro lhe ter mostrado o cartão vermelho era o de desviar as atenções para a derrota, aliás óbvia, limpa e merecida do FC Porto na final da Supertaça, admito que possa ter conseguido. Muito provavelmente, nas próximas sessões dos diversos debates televisivos irá falar-se mais da atitude insólita do treinador do FC Porto do que do espetáculo, do jogo e do mérito do Benfica na conquista da Supertaça Cândido de Oliveira.


Depois do escândalo de mais uma suspensão da suspensão decidida pela tribunal arbitral do desporto (escrevo propositadamente em letra pequena) a maior das vergonhas exposta neste mundo absurdo do futebol português.

Ver um capitão de equipa chegar à linha lateral para pedir ao seu treinador que cumpra a decisão do árbitro é constrangedor e envergonha-nos a todos os que amam o futebol e que admiram o jogo jogado em Portugal. Já não falo da agressão monstruosa à chamada indústria, classificação de que não gosto e por isso não promovo, mas falo de um mínimo de decência e de dignidade.


Que os portistas nunca confundam o caráter, a personalidade, a inquebrantável vontade de vencer, que tem caracterizado o FC Porto e tem sido a razão de muitas das suas conquistas desportivas, com a mais grosseira intolerância para com o mérito das vitórias dos adversários.

O Benfica ganhou esta Supertaça porque foi melhor, conteve a onda avassaladora do FC Porto na primeira fase do jogo, equilibrou-o e depois dominou-o, até ao extremo desequilíbrio emocional de alguns dos seus jogadores (a expulsão de Pepe demonstra  um dramático desespero) e do seu treinador, cuja atitude fará parte dos momentos mais tristes do futebol e oxalá não corra mundo, porque daria uma imagem confrangedora e até terceiro mundista de Portugal e dos portugueses.


A final de Aveiro não merecia um desastre destes. Foi um grande jogo e um enorme espetáculo. Intenso, emotivo, capaz de superar tudo o que de melhor se poderia esperar para um início de época. Do que se viu, a certeza de que estiveram em campo duas equipas candidatas ao título. Maiores razões de otimismo para os benfiquistas. Pela vitória, obviamente, mas, acima de tudo, pela exibição consistente e, por vezes, até brilhante.