Melhorar a performance das empresas pela prática das atividades físicas (artigo de Vítor Rosa, 185)

Espaço Universidade Melhorar a performance das empresas pela prática das atividades físicas (artigo de Vítor Rosa, 185)

ESPAÇO UNIVERSIDADE07.02.202216:37

A sociologia das organizações atribui uma importância capital às condições de legitimidade. Entre estas condições, a dimensão desportiva pode confortar a identidade de uma organização, que se define pelo conjunto de produções simbólicas (história, crenças, ritos…) e o imaginário organizacional, isto é, a imagem da organização percebida pelos colaboradores.

O impacto positivo da prática das atividades físicas e desportivas na performance global das empresas é hoje reconhecida. Promover a prática das atividades físicas e fazer do desporto uma escolha consciente, colocada sob o signo da vontade e da adesão dos dirigentes e dos trabalhadores, pode constituir uma ferramenta de gestão empresarial. Porque a prática desportiva se aprende pelo espírito de equipa, pela troca, pela partilha, pelo sucesso, pela concretização dos objetivos em comum, mas também individuais, pode dar sentido às tarefas e responsabilizar os trabalhadores.

Sabemos que a prática desportiva traz emoção, energia, inovação, etc., e pode se integrar nas práticas das empresas atentas ao desenvolvimento pessoal de cada um. Porque o desporto permite ousar, de colocar tudo em questão, de analisar as derrotas e as vitórias, pode incitar ao reconhecimento da coragem empresarial, no alavancar de iniciativas e no direito de errar. Deveremos encorajar os empresários e dirigentes a promover a prática desportiva nas suas empresas. Eles devem ter em consideração o envelhecimento dos seus colaboradores, dado que o número de ativos com mais de 50 anos tem vindo a aumentar, e assim vai continuar nos próximos anos.

A performance global das empresas pode ser fortemente afetada pelo stress. Os efeitos são numerosos: falta de concentração, falta de motivação, custos elevados ligados ao absenteísmo laboral e aos problemas de saúde ou ainda a rotação elevada (“turn-over”) do pessoal. O impacto positivo sobre a performance global da empresa, nomeadamente no âmbito da saúde e da segurança no trabalho não pode ser subestimado. O bem-estar não é apenas propor condições de trabalho satisfatórias. É também melhorar a saúde e a higiene de vida dos colaboradores. Não nos esqueçamos do “presenteísmo”, ou seja, o fenómeno segundo o qual o trabalhador está no seu local de trabalho quando o seu estado de saúde físico e mental não lhe permite ser plenamente produtivo. Se as grandes empresas já têm isso em consideração, as PME tardam a fazê-lo.

Vítor Rosa

Sociólogo, Doutor em Educação Física e Desporto, Ramo Didática. Investigador Integrado do Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento (CeiED), da Universidade Lusófona de Lisboa