Muito mais do que mestre de judo: «Davam-me como acabado e fui campeão olímpico»
Carlos Lopes sagrou-se campeão olímpico de maratona em Los Angeles (A BOLA)

CENTENÁRIO DE KOBAYASHI Muito mais do que mestre de judo: «Davam-me como acabado e fui campeão olímpico»

MODALIDADES09.04.202511:15

Carlos Lopes partilha com A BOLA a forma como o mestre Kiyoshi Kobayashi lhe salvou a carreira e o lançou para o primeiro título olímpico português

Nuno Delgado. Telma Monteiro. Jorge Fonseca. Patrícia Sampaio. É fácil associar Kiyoshi Kobayashi às quatro medalhas olímpicas conquistadas pelo judo português. Contudo, ele teve também intervenção determinante no primeiro título olímpico português: o de Carlos Lopes, na maratona de Los Angeles, em 1984.

Porque, lá está: o Kobayashi era muito mais do que apenas um mestre de judo. E uma das suas principais atividades era a de médico. A medicina oriental em que se formou mesmo com a participação na 2.ª Guerra Mundial pelo meio.

Testemunho de Telma Monteiro, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos do Rio 2016

«O Mestre Kobayashi é o responsável pela existência do Judo em Portugal e será sempre uma figura incontrolável. Ainda tive, felizmente, a oportunidade de o conhecer e sempre foi muito gentil.
Ainda hoje encontro na rua pessoas que me dizem que fizeram Judo com o Mestre. O Judo português estará sempre agradecido por tudo que fez! Espero que os valores que transmitiu quando cá chegou, prevaleçam acima de tudo.»

«O mestre Kobayashi teve uma importância muito grande na minha forma de estar. Devolveu-me a tranquilidade, ao aliviar a minha dor, quando me davam como acabado para o atletismo. Tive um problema no tendão de Aquiles durante dois anos e ninguém me dava garantia de poder voltar a correr», recorda o antigo atleta, a A BOLA.

Além de mestre de judo, Kobayashi era médico de profissão (A BOLA)

Salvou-o a sugestão do então presidente do Sporting, João Rocha. «Eu já tinha recorrido a tudo e o João Rocha disse-me para ir ter com o mestre. Ele viu-me e disse: ‘o teu problema tem cura, mas demora muito tempo’. Mas eu não queria saber, só queria voltar a correr», acrescenta.

Voltou, e de que maneira. Como nunca correra antes. Mas foi duríssimo.

«Fiz dois anos de tratamentos, entre 1977 e 1979. Duas ou três vezes por semana, lá estava eu em casa do mestre. Não foi nada fácil, era dor e sofrimento tremendos, mas com fé e força de vontade conseguir ter forças para fazer o que nunca tinha feito», reconhece, dando parte do mérito ao mestre.

«A minha medalha de ouro tem parte do Kobayashi. Eu treinei e corri. Mas sem ele, não teria sido o que fui. Não sei se teria voltado a correr. Foi ele que me permitiu cumprir o sonho de ser campeão olímpico», resume.

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Testemunho de Jorge Fonseca, medalha de bronze em Tóquio 2020

Nunca tive a oportunidade de conhecer o mestre Kobayashi, apenas combati no torneio dele, mas sei que foi uma pessoa importante para o judo português e indiretamente para que eu chegasse ao nível que atingi. Conheci foi a filha dele, Sachiko, que nas ocasiões em que combati em Tóquio, inclusive quando fui campeão mundial pela primeira vez, assim como no estágio que fizemos uma semana antes no Japão, esteve lá sempre a dar apoio à Seleção.