Melhor marca de Iron Man em dupla já foi dos irmãos Ferreira Pinto, que o querem recuperar; mas há outras metas no horizonte
Apesar de limitado por uma doença o ter impedido de treinar antes da maratona de Barcelona, Miguel conseguiu guiar o irmão num tempo que o deixou satisfeito: 3h13 minutos.
Até porque, em termos desportivos, principal foco dos irmãos são as provas de Iron Man. E quando é isso que está em causa, além da forma física de Miguel, é igualmente importante o estado de Pedro, que tem de aguentar toda a prova.
«A preparação do Pedro é extraordinariamente importante, apesar de ser um bocado a extensão daquilo que já é a vida dele. Faz fisioterapia e hidroterapia, porque é isso que lhe dá as ferramentas para ter melhores condições de vida», explica Miguel, apontando as maiores dificuldades sentidas pelo irmão.
«Na corrida ele até nem vai muito instável, mas no ciclismo vai em grande instabilidade lateral. E tem de estar capaz de suportar o pescoço, as forças laterais. É importante que ele esteja bem, porque quanto melhor estiver, melhor aguenta aquela pancada», realça.
Depois de terem crescido sem possibilIdade de fazer desporto juntos, os irmãos Miguel e Pedro Ferreira Pinto tornaram-se nos Iron Brothers. Nadam, pedalam e correm pela inclusão, muito mais a pensar nos outros do que neles próprios. A BOLA acompanhou-os na maratona de Barcelona
Se tudo correr dentro do planeado, os Iron Brothers farão, este ano, o quinto Iron Man. A inscrição foi inicialmente aceite em Itália, mas posteriormente recusada porque a organização entende que eles Miguel e Pedro «representam um perigo para os outros participantes».
E esse tipo de resposta, que é mais recorrente do que se possa pensar, é motivo de revolta de Miguel.
«Ainda falta ser realidade não termos de pedir autorização para participar em provas. É algo que considero uma coisa terrível. Porque na realidade não há inclusão. Há um favor. E a inclusão não pode ser um favor. E enquanto pudermos chegar à inscrição de uma prova e dizer sim, é uma dupla; sim, vai um acompanhante; sim, está tudo bem no formulário de inscrição. Enquanto isso não acontecer, não há inclusão. Há favor», lamenta.
Para já, porém, nem isso trava a ambição que é muito clara. «O sonho é ir buscar o recorde do mundo do Iron Man outra vez. Ele já foi nosso, em Hamburgo, há três anos e agora está a cerca de 24 minutos», revela, confiante de que a missão será bem-sucedida.
«É ambicioso, mas escolhendo a prova certa, com o treino certo, não tenho dúvidas que chegaremos lá. Nós estamos mais do que preparados. Em 2024 fizemos um Iron Man que é duríssimo, e ainda assim conseguimos o nosso melhor tempo de sempre. Portanto, sei que nós estamos prontos para o que quisermos fazer. Não é, mano?», desafia para receber de Pedro um sorriso rasgado.