PARTE 1 - Henrique Rocha vai fazer a estreia por Portugal na Taça Davis, depois de um ano de 2023 no qual teve uma rápida ascensão no 'ranking'; iniciou 2023 em 850.º da hierarquia mundial e terminou a temporada dentro do 'top-250'; o tenista português de 19 anos falou ao jornal A BOLA para contar como chegou até aqui
Tem 19 anos, foi convocado pela primeira vez para representar Portugal na Taça Davis pela primeira vez na carreira - Heróis do Mar defrontam a Finlândia para a qualificação da fase de grupos principal da competição, nos dias 2 e 3 de fevereiro, e no primeiro ano como sénior, Henrique Rocha conquistou seis torneios Future (ITF). Os positivos resultados daquele que é uma das promessas do ténis nacional valeram uma rápida subida no ranking mundial. Iniciou 2023 na 850.ª posição ATP e terminou dentro do top-250 (246.º).
- Henrique, queria começar por recordar umas palavras que disse depois de vencer o primeiro Future na carreira, em fevereiro, Vila Real de Santo António. Revelou que ficou surpreendido consigo mesmo porque não sabia que era capaz de manter um bom nível ao fim de sete dias e sete encontros. Ainda se surpreende?
- Agora já não tanto (risos). Na altura dizia isso porque tinha acabado de sair da época Júnior e o mais difícil para um jogador deste escalão é manter a consistência. Há muitos que têm um grande ténis, mas às vezes jogar quatro, cinco dias seguidos não é fácil. Não vais jogar bem todos os dias. Se calhar nem vais ter a mesma motivação todos os dias, mas é preciso ter consistência para que, mesmo nos dias maus, saibamos jogar de outra forma. Eu nesse torneio joguei sete encontros e não joguei todos ao meu melhor nível. Houve uns melhores e outros piores, mas de facto surpreendeu-me na altura porque eu nunca tinha feito uma prova assim. Agora no final do ano já conseguia ser mais regular e daí os resultados terem aparecido cada vez mais frequentemente.
- Começou 2023 na 850.ª posição do ranking e terminou a temporada dentro do top 250, com 74 vitórias e 6 torneios Future. A que atribui esta rápida subida?
- Muito trabalho, principalmente. Diria que tenho vindo a trabalhar cada vez melhor, a fazer um grande progresso no treino e a dedicação que tenho dado ao ténis é muito maior. Já desde os 15 anos que fiz um sacrifício em vir aqui para o CAR [Centro de Alto Rendimento].
- Desde os 15 anos então que vive no CAR, é isso?
- Sim, e não foi fácil, nem para mim, nem para os meus pais, certamente. Há sempre uma adaptação a fazer, mas acho que me adaptei bem e toda a gente aqui no CAR também me recebeu muito bem, tanto aqui na residência como toda a equipa técnica. Sem dúvida que parte do meu progresso... Aliás, todo o meu progresso agora tem vindo a ser desenvolvido com eles e o facto de eu também estar a ter estes resultados é devido a eles. Ou seja, o sacrifício de vir para aqui tão cedo começa agora ter efeitos e que espero continuar a fazer durante muitos mais anos e continuar a progredir cada vez mais.
- Parte desse sacrifício valeu convocatória para representar Portugal na Taça Davis. Já esteve em contacto com a equipa?
- Sim, claro, nós todos nos damos muito bem. Esta semana tenho treinado às vezes com o Gastão [Elias] e com o João [Sousa] aqui nos torneios [Challenger de Oeiras I e II], o Nuno [Borges] vive aqui comigo no CAR, também me dou muito bem com o Francisco [Cabral, portanto, somos bastante próximos e estamos sempre em conversas, mesmo quando eles ganham jogos ou assim, normalmente trocamos sempre umas mensagens a dar os parabéns aos outros. Conhecemo-nos todos muito bem.
- Portugal vai tentar pela quinta vez entrar na fase final do torneio, desta vez contra a Finlândia. É desta que conseguem a qualificação?
- Acho que sim, era bom que fosse, acho que todos eles já estiveram em outras eliminatórias e, infelizmente, nunca conseguiram, mas se não foi à terceira não foi de vez, à quinta será. Portanto, penso que pode ser contra a Finlândia que conseguiremos essa qualificação.
PARTE 2 - Henrique Rocha vai fazer a estreia por Portugal na Taça Davis, depois de um ano de 2023 no qual teve uma rápida ascensão no 'ranking'; iniciou 2023 em 850.º da hierarquia mundial e terminou a temporada dentro do 'top-250'; o tenista português de 19 anos falou ao jornal A BOLA para contar como chegou até aqui
- E em relação ao adversário, já têm alguma ideia de como vão poder derrotá-los?
- Sabemos que não vai ser um jogo fácil, acho que havia equipas mais fortes, equipas mais difíceis, mas acho que o sorteio é só um sorteio, só depende de nós e acho que temos equipa para ganhar. Acho que temos uma equipa com jogadores muito experientes, com jogadores que estão bem neste momento. O Nuno que está na terceira ronda da Austrália pela primeira vez [viria a derrotar Grigor Dimitrov e avançar para a quarta ronda, na qual perdeu com Daniil Medvedev]. Portanto, temos boas expectativas.
- Depois de um ano de estreia no escalão sénior, como espera superar os resultados na temporada de 2024?
- O meu grande objetivo é poder jogar num quadro principal de um Grand Slam...
- Esteve perto de jogar a fase de qualificação do Australian Open deste ano…
- Sim e gostava de jogar a qualificação dos próximos três majors, como é óbvio, e passar ao quadro principal de um. Ficaria feliz se pudesse acabar esta época a dizer que tinha entrado num quadro de Grand Slam, mas também quero ter melhores resultados nos torneios Challenger [circuito profissional secundário], começando por alcançar umas meias-finais, uma final e, claro ganhar uma destas provas. Os Challengers do ano passado não correram tão bem, ou estes agora do início do ano também não foram os melhores [eliminado na primeira ronda de ambas as competições de Oeiras], mas sinto-me com um bom nível. Os resultados acabam sempre a aparecer.
- O que lhe falta para começar a ser mais consistente ainda?
- Acho que sinceramente, com o trabalho que tem vindo a ser feito, vai acabar por ser uma questão de tempo. Mas neste momento estou mais focado apenas no processo e não tanto nas expectativas, porque isso nunca é certo. É impossível dizer a um jogador de ténis que tem 18 ou 19 anos ‘olha, vais ser o n.º 1 do mundo, n.º 50 ou 100 do mundo’. Não é realista.