Ofensas a atletas nas redes sociais em Mundiais de atletismo quintuplicaram

Ofensas a atletas nas redes sociais em Mundiais de atletismo quintuplicaram

ATLETISMO22.12.202315:53

Estudo realizado pela World Athletics sobre o Mundial de Budapeste 2023 revela aumento de 500% das agressões sexistas e racistas e que atletas negros são principais alvos. E que dois atletas foram vítimas de 44% das ofensas

As ofensas sexistas e racistas a atletas nas redes sociais X e Instragram durante os Mundiais Budapeste2023 tiveram um aumento de 500% em relação a 2022 e os atletas negros como principais alvos, indica um estudo revelado esta sexta-feira.

«Os abusos ocorreram maioritariamente na rede social X e foram sobretudo direcionados a atletas negros, com invocações de imagens de macacos e a utilização da palavra N [termo em inglês que se refere à palavra racialmente ofensiva 'nigger']», refere a World Athletics (WA). 

O organismo que tutela o atletismo mundial divulgou os resultados de um estudo realizado durante os Mundiais Budapeste2023, no qual indica terem sido analisadas 449.209 postagens e comentários nas contas de 1.344 atletas, com 1.666 contas ativas nas duas redes sociais. 

A WA refere que o «estudo identificou exemplos notáveis de abusos sexistas e racistas» e «mostrou que a rede X (antigo Twitter) foi o canal preferido dos abusadores, tendo sido o canal de 90% dos abusos detetados, com um aumento relativo de 500%», em comparação com o realizado durante os Mundiais Oregon2022, que decorreram na cidade norte-americana entre 15 e 24 de julho. 

Os resultados mostram que «o abuso de cariz racista representou mais de um terço de todos os abusos, um aumento de 14% em relação a 2022», e evidenciam um crescimento do abuso sobre atletas do sexo masculino, cifrando a divisão por sexos nos 49% sobre homens e 51% relativamente a mulheres. 

O organismo que tutela o atletismo mundial refere ainda que «dois atletas, entre os 1.344 monitorizados, foram os alvos de 44% dos abusos registados». 

Jon Ridgeon, antigo atleta e atual diretor-executivo da WA, lembrou que «o atletismo é o desporto olímpico número um e tem a responsabilidade de proteger os atletas, dentro e fora do campo de jogo». 

«Estamos a entrar num ano olímpico e teremos muita atenção a este fenómeno. Queremos ter reuniões urgentes com estas plataformas para alcançar um maior nível de fiscalização e salvaguarda para os nossos atletas. Os atletas não deveriam ter que aceitar o abuso como uma consequência inevitável de estarem nessas plataformas”, disse o dirigente e ex-atleta britânico. 

O responsável da WA garante que este organismo desportivo está a «investir em sistemas adicionais, incluindo o uso de inteligência artificial (IA) para proteger ainda mais os atletas de abusos online, mantendo os seus feeds sociais livres de ódio e permitindo-lhes concentrar-se no seu desempenho».

O estudo divulgado esta sexta-feira é o terceiro realizado pela WA, ao que se seguirá um quarto durante os Jogos Olímpicos Paris2024, e faz parte de um projeto da WA, que tem como principal objetivo compreender a dimensão e gravidade dos abusos online que os atletas enfrentam durante grandes eventos desportivos.