Entregar bilhetes à polícia para receber compras

Mongólia Entregar bilhetes à polícia para receber compras

INTERNACIONAL15.04.202013:33

Paulo Jorge Silva, de 47 anos, está a treinar o Deren FC, da Mongólia. O campeonato arrancaria em março e o objetivo era tentar ficar num dos três primeiros lugares. Porém, como o próprio contou em conversa com A BOLA TV, o sonho está adiado.

«Estamos aqui ao lado da China e assim que apareceram os primeiros casos o país fechou. Escolas, aeroportos, fronteiras... E durante duas semanas não pudemos sair de casa», esclareceu.

Paulo Jorge Silva divulgou ainda pormenor interessante sobre a forma como o governo mongol lidou com o confinamento: «Se quiséssemos alguma coisa do supermercado, por exemplo, escrevíamos num bilhete o que pretendíamos e entregávamo-lo num carro da polícia, que, de duas em duas horas, passava à porta das nossas casas. E eles, depois, traziam as nossas compras.»

Segundo o técnico do Deren FC, o coronavírus está bem controlado no país: «Passaram três meses e a Mongólia só teve 16 casos, todos importados a 2 de março, quando o aeroporto abriu para receber os mongóis que estavam em França. Ficaram de quarentena 21 dias. E ninguém até agora morreu. Depois, o aeroporto voltou a fechar, tal como escolas, cinemas e futebol continuam parados.»

Os treinos em grupo estão interditados e Paulo Jorge Silva tem de ser imaginativo para preparar os jogadores para o início de campeonato, que acontecerá, em princípio, a meio de maio.
«Não posso trabalhar no estádio, trabalho num parque. E só posso treinar grupos com um máximo de seis jogadores. Faço-o por setores: de manhã, guarda-redes; de manhã/tarde, defesas e um ou outro médio; tarde, médios; tarde/noite, avançados. É complicado», diz.

Paulo Jorge Silva diz nunca ter sentido grande alarme por causa do Covid-19, até porque, vinca, «as pessoas já usavam máscara por sistema». Pode haver um máximo de seis pessoas juntas e, se houver mais, «são multadas em 1000 tugriks, ou seja, cerca de 250 euros», completou o treinador.

«Aqui, o futebol está a nascer», esclarece, acrescentando que «os desportos mais fortes da Mongólia são o wrestling e as lutas gregas». O treinador assegura que teve todo o apoio por parte do presidente do Deren FC: «Desde logo, porque fiquei nas instalações do clube e nunca fiquei sozinho. O presidente até meteu uma família a viver ao pé de mim, para me fazer companhia. Além disso, vejo muitas vezes A BOLA TV.»