Tudo o que Schmidt disse antes do dérbi
Roger Schmidt. Foto: Sérgio Miguel Santos/AS

Tudo o que Schmidt disse antes do dérbi

NACIONAL11.11.202313:33

Não sente o lugar em perigo e quer despedir-se do Benfica em 2026... no Marquês de Pombal; não considera uma vergonha o desempenho da equipa na Liga dos Campeões

- Num jogo em que o Benfica pode chegar à liderança do campeonato, o que tem o Benfica de fazer para vencer o Sporting?

- É uma pergunta fácil. Temos de jogar muito bem. Em primeiro lugar estamos felizes por jogar em casa outra vez, porque tivemos três jogos fora. É bom depois de muito tempo fora e de um jogo que perdemos. Estamos desiludidos. É bom haver logo outro jogo a seguir, especialmente em casa. Contra o Sporting será uma boa oportunidade para reagir. A época do Sporting está a ser muito boa, ganharam quase todos os jogos, têm apenas um empate. Mas, como disse, se vencermos, chegaremos ao primeiro lugar. Isso diz tudo. A época deles tem sido boa e a nossa também. Os duelos diretos, claro, são muito importantes, os dois jogos da última época foram muito bons [ambos acabaram 2-2]. O nosso objetivo é fazer um grande jogo, ter uma reação muito boa e ganhar.

- Maiores duelos na época passada foram com o FC Porto, o Benfica lutou com o FC Porto pelo título e até disse, brincando, que os jogos com o FC Porto são os mais importantes. Como avalia o Sporting? Vê o Sporting como candidato para vencer tudo em Portugal?

- Sporting, FC Porto e SC Braga têm equipas muito boas, com a qualidade de lutar por troféus. Na última época, o Sporting não começou bem, perdeu muitos pontos no início, mas, no entanto, foram sempre competitivos e um adversário difícil. Esta época, começaram de forma completamente diferente, mantiveram os jogadores, têm um novo avançado [Gyokeres] que está a jogar muito bem desde o início. São uma equipa equilibrada, com o mesmo treinador, os jogadores estão habituados a jogar uns com os outros. É uma boa equipa, como FC Porto e SC Braga. Estamos numa competição exigente, esperava o que está a acontecer no campeonato.

- Disse que a equipa não estava preparada para jogar com a Real Sociedad. Também assumiu a culpa. Como está a preparar este jogo?

- Claro que a responsabilidade de preparar a equipa técnica, física e mentalmente é minha. Sabe, na verdade, esperávamos o que aconteceu com a Real Sociedad. Se analisarmos esse jogo, o que aconteceu connosco poderia ter acontecido com Inter ou Barcelona. Foi exatamente o mesmo. Começaram muito bem, com muitas oportunidades. A diferença foi terem sido muito eficazes connosco. Marcaram dois golos nas duas primeiras oportunidades. Na verdade, já sabíamos, mas, no entanto, talvez não estivéssemos preparados para isso a 100 por cento. Claro que penso sempre no que poderíamos ter feito diferente na abordagem. Mas foi este jogo. Por outro lado, a situação é diferente no campeonato, temos um jogo exigente com o Sporting, é uma grande oportunidade, para nós, também há alguma pressão para as duas equipas. Mas pelo que conheço do passado da minha equipa, de como lutou em momentos difíceis do final da época passada para ser campeã, de como já ganhou jogos importantes esta época contra o FC Porto, a Supertaça, os jogadores mostraram capacidade de jogar bem sob pressão. Os meus jogadores não são perfeitos, mas estão sempre motivados e com uma boa atitude. Acredito 100 por cento nos meus jogadores. Estamos todos frustrados e desiludidos com o jogo contra a Real Sociedad, mas já na quinta-feira senti um ambiente positivo no grupo, jogadores autocríticos e insatisfeitos com a exibição. Estamos prontos para nos preparar da melhor maneira, fazer um grande jogo e mostrar isso aos nossos adeptos, porque também é importante que os adeptos sintam desde o início que estaremos preparados para lutar pelo campeonato.

- Jogo com a Real Sociedad foi o último com três centrais?

- Não foi uma questão de três centrais. Se olharmos para os dois primeiros golos, nada tem a ver com os três centrais. Se virmos o terceiro, não houve apoio ao lateral [João Neves], foi um contra um e marcaram. Isso pode acontecer com três centrais ou uma linha de quatro. Isso não foi crucial neste jogo, foi mais a história do jogo e perdemos a calma e a estratégia. Teremos de pensar qual será a melhor abordagem para o jogo com o Sporting. Já expliquei porque os dois sistemas são opção, mas, no final, podemos praticar o mesmo futebol com os dois sistemas. Tem tudo a ver com a execução.

- O que aconteceu nos primeiros 21 minutos do jogo com a Real Sociedad para a equipa ter sofrido três golos?

- Já expliquei um pouco a história do jogo com a Real Sociedad. O início não foi mau. Até aos 12 minutos, foi um jogo aberto. Ganharam bolas paradas e segundas bolas, houve um mau passe do Tino [Florentino] e criaram duas oportunidades, nada mais. Foram erros fáceis nossos e foram eficazes. Depois, claro, perdemos a ligação e a unidade, o estádio estava lá, eles ganharam confiança e perdemos os restantes 25 minutos e tudo o que falámos. Depois do intervalo, estivemos bem, foi um jogo diferente, mas era demasiado tarde para mudar o resultado.

Não é uma vergonha estarmos com dificuldades na Liga dos Campeões

- É compreensível que tenha assumido a culpa pelo que aconteceu com a Real Sociedad. Em que falhou?

- Assumi a responsabilidade. É o que sempre faço porque sou o treinador. Sou o responsável por tudo: como jogamos, treinamos, como é a nossa cultura de grupo. Sou responsável por tudo. Claro que sou responsável se não jogamos bem e perdemos. Mas perder faz parte do futebol. Nunca pensei ganhar todos os troféus até 2026 quando assinei o contrato. Temos de trabalhar muito como na época passada para ganhar cada troféu, mas não é uma vergonha estarmos com dificuldades na Liga dos Campeões. Não é uma vergonha estarmos com dificuldades na Liga dos Campeões. Jogámos contra equipas muito boas. Olhem para o Inter, vejam como estão na Serie A. A Real Sociedad é, para mim, uma das equipas de top, top de momento na Europa. Se conseguirem manter esta forma e os jogadores saudáveis, farão uma Champions de top. Não estivemos ao nosso melhor nível, mas faz parte do futebol. Temos de olhar em frente, aceitar, ser profissionais, trabalhar duro e reagir no próximo jogo. Estamos longe de perder a nossa confiança e a nossa convicção. O nosso grupo está completamente fechado e unido e ganharemos muitos troféus.

- Kokçu, Bah, Bernat e Neres estão fora do jogo?

- Estão fora do jogo.

- O Benfica está a sentir a falta do rendimento dos laterais da época passada?

- É um motivo. Perdemos Grimaldo, um lateral muito experiente, confiável, sempre em forma, sempre ao mais alto nível, mesmo mentalmente, com muito experiência também em grandes jogos, era perfeito para o nosso estilo de jogar, com pensamento ofensivo, pressão alta, intensidade. No nosso sistema, os laterais são muito importantes. David Jurásek e Bernat são jogadores novos na equipa. Bernat está lesionado, David precisa mais tempo para se adaptar ao estilo de jogo e Alexandar Bah também está fora [lesionado]. Bah está habituado, progrediu de uma maneira muito boa na época passada. Claro que não é fácil substituir estes jogadores. No entanto, tentamos compensar. Aursnes tem de ser muito polivalente, preciso dele em todo o sítio, às vezes tem de mudar a abordagem, mas, felizmente, é um jogador que tem a capacidade de fazer isso, está aberta a essa situação, às vezes até penso que gosta de jogar numa posição diferente em cada jogo. É bom para nós. Mas é bom ter mais consistência nessas posições, mais oportunidades para os jogadores se habituarem e desenvolverem-se nessas posições. Seria uma vantagem. Mas, às vezes, no futebol, temos situações destas. Na época passada, conseguimos jogar quase sempre com o mesmo onze. Esta é um pouco diferente, porque perdemos jogadores, temos alguns com lesões prolongadas, o que não aconteceu na época passada. Isso torna tudo mais complicado, mas não impossível. Estamos a jogar bem no campeonato, conseguimos muitos pontos. Temos de concentrar-nos nos jogadores disponíveis e elevar o nível dos jogadores que não estão no melhor momento, porque precisamos de todos ao mais alto nível para lutar pelos troféus em todas as competições.

Assinei novo contrato até 2026 porque adoro estar no Benfica

- O resultado do jogo com o Sporting poderá ter impacto no seu futuro no clube?

- Não, não acredito nisso. Já disse algumas vezes, assinei um contrato novo até 2026 porque adoro estar no Benfica. Não esperava que vencêssemos tudo, que jogássemos sempre bem e que tivéssemos sempre sucesso até 2026. O que sei, pela minha experiência, é que encontramos sempre dificuldades. Uma época diferente depende sempre do que já disse: podemos utilizar sempre os mesmo jogadores, ninguém está lesionado, estão todos na melhor forma e às vezes é fácil praticar um bom futebol com a mesma equipa; às vezes é mais difícil, temos de lutar mais. A passagem à fase a eliminar da Liga dos Campeões é muito importante para nós, para o clube e jogadores, mas, por vezes, se acontecem situações como a que estamos a viver na fase de grupos, temos de aceitar que as outras equipas estão num melhor momento. Sabemos o que se passou nos nossos jogos e temos de aceitar que estamos fora. Mas não pode ser motivo para perder a confiança no Benfica e no meu trabalho. Sinto confiança do clube. O meu objetivo é ficar até 2026 e dizer adeus ao Benfica no Marquês de Pombal. E acredito que é possível.