Rui Vitória: «Benfica podia ter terminado de outra forma, mas foi um tempo bonito»
Rui Vitória entrevistado por José Manuel Delgado, na Aroeira. FOTO ANDRÉ FILIPE

ENTREVISTA Rui Vitória: «Benfica podia ter terminado de outra forma, mas foi um tempo bonito»

NACIONAL06.03.202407:50

Rui Vitória, em grande entrevista a A BOLA, recorda os tempos na Luz

— Ainda sente alguma amargura em relação aos últimos dois meses no Benfica, em que o deixaram em lume brando, quando se sabia que andavam à procura de treinador?

— Lido muito bem com essas situações. Fiz um ciclo no Benfica de três anos e meio, e não é fácil estar num clube dessa dimensão, tanto tempo, com vários títulos, que comecei a ganhar logo na primeira época, num contexto complicado. A situação era muito complicada. Mas foi um ciclo de três anos e meio que terminou, se calhar podia ter terminado de forma diferente, isso não sabemos. Mas sinto que foi um ciclo bonito. Porém, está acabado

— Como é que é o futebol português visto lá fora? Normalmente, nos grandes jornais, vem em 3 ou 4 linhas, de vez em quando. Qual é a ideia que existe em relação ao campeonato português?

— Sinto que não há uma atenção especial ao campeonato português. Ao contrário de alguns agentes desportivos, que valorizam muito o nosso futebol. Do ponto de vista do nosso campeonato, ninguém vê um jogo do campeonato português no Egito, por exemplo, nem na Arábia, enquanto lá estive. E na Rússia não se via. Fundamentalmente, no estrangeiro, conhecem-se os nossos grandes jogadores, a classe dos treinadores está tremendamente bem representada em alguns países.

— Mas neste momento, nos Big 5, só estão o Marco Silva (Fulham), o Nuno Espírito Santo (Nottingham Forest) e o Paulo Fonseca (Lille)...

— É verdade. Mas, por exemplo, no Egito, há aquele passado do Manuel José, que tem um crédito enorme, o Jesualdo Ferreira também esteve muito bem, e na Arábia também se vai crescendo bastante. Temos 75 títulos em 30 países…

— E há 400 treinadores portugueses a trabalhar no estrangeiro, algo que passa ao lado do comum dos adeptos…

— Há muita gente nossa a trabalhar em equipas técnicas estrangeiras, completamente integradas noutras realidades. Temos uma capacidade enorme.

— O Brasil, depois do sucesso do Jorge Jesus e do Abel Ferreira, abriu-se aos portugueses. Vê-se a treinar lá?

— Sim, vejo. Felizmente, já tive alguns contactos, mas não se proporcionou. Acho que para nós a primeira vez que vamos para o estrangeiro é que custa mais. Para mim, o Brasil é um país de enorme qualidade, onde creio que está muita coisa por fazer. Há uma riqueza de jogadores tremenda e isso acontece em todas as equipas!

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