Receitas milionárias e recados nas portas

Mundial Feminino-2023 Receitas milionárias e recados nas portas

INTERNACIONAL19.08.202309:15

A 48 horas da inédita final do Campeonato do Mundo de futebol feminino, marcada para as 11 horas de domingo, no Estádio Austrália, em Sydney, entre as estreantes seleções de Espanha e Inglaterra, o presidente da FIFA, Gianni Infantino, garantiu que o torneio organizado pela Austrália e Nova Zelândia, além de não ter dado prejuízo, ainda bateu recordes de receita, de público nos estádios e de audiência global dos jogos.

«Este Mundial gerou mais de 570 milhões de dólares em receitas [quase €524 milhões]. Além de não perdermos dinheiro, este ainda foi o segundo evento desportivo mais rentável do cenário mundial, apenas ultrapassado pelo Campeonato do Mundo masculino. Não há muitas competições, mesmo no futebol masculino, que originem mais de 500 milhões de dólares de receita», realçou Infantino na sessão de abertura do congresso da FIFA, em Sydney, sobre o sucesso financeiro do torneio, também com prémios triplicados em relação à edição de 2019, em França, num total histórico de quase 139 milhões de euros, 10 vezes mais do que no Mundial de 2015, no Canadá.

Já no âmbito desportivo o dirigente ítalo-suíço de 53 anos aproveitou para rebater as críticas ao organismo pelo aumento das seleções participantes de 24 para 32, face à competitividade do torneio.

«Diziam que não ia dar certo, que o nível [entre seleções] era muito diferente e arriscaríamos ter resultados de 15-0, o que seria mau para a imagem do futebol feminino. Já o queria ter dito antes, mas iriam achar-me louco, por isso só o digo agora: Jamaica a eliminar o Brasil, a África do Sul a eliminar Itália e Argentina, Marrocos e Coreia do Sul a eliminarem a Alemanha... Quem pensaria isto possível antes do Mundial?! Bom, aconteceu. Lamento, a FIFA acertou», salientou o responsável máximo do organismo que rege o futebol mundial.

«O que tivemos até agora, ainda com mais para vir, foi o maior, melhor e o mais incrível Mundial feminino de todos», considerou da presença de quase dois milhões de espectadores nos estádios e à audiência global de dois mil milhões e 650 mil presentes nas ‘fan fests’ da Austrália e Nova Zelândia, inéditos para um Mundial feminino que já este sábado aguarda novos índices de audiência quando, a partir das 11 horas, Suécia e Austrália se defrontarem no jogo do 3.º e 4.º lugares, em Brisbane.

Por fim, e dirigindo-se às mulheres, Gianni Infantino desafiou-as a fazerem acontecer.

«Caminhamos na direção da igualdade salarial no Mundial, o que pode ser um símbolo, mas pouco resolve, porque é um mês a cada quatro anos e apenas algumas jogadoras entre milhares e milhares de outras. Precisamos de manter o ritmo. De o forçar. Digo-o a todas as mulheres e sabem que tendo eu quatro filhas tenho algumas em casa: vocês têm o poder de mudar. Escolham as batalhas certas. Vocês têm o poder de nos convencer a nós, homens, do que devemos e não devemos fazer. Façam-no! Na FIFA encontrarão as portas abertas. Basta empurrá-las. Estão abertas», exortou, não se livrando, contudo, de novas críticas…

«A trabalhar numa pequena apresentação para convencer homens. Quem é que alinha?», censurou na rede social X (antigo Twitter) a avançada da Noruega e do Lyon, Ada Hegerberg, 28 anos.

«As mulheres já deveriam era estar a derrubar esta porta», reagiu, por seu lado, Craig Foster, antigo internacional australiano e agora ativista dos direitos humanos.

Com uma jornalista sua compatriota, Samantha Lewis, a reforçar: «Infantino diz isso como se as mulheres não batessem na porta do futebol há mais de um século. Não é às mulheres que falta iniciativa, nem conhecimento, nem ideias, é porque os homens ainda são os donos da casa e não nos deixam entrar!»