Portugal, Espanha e Marrocos vão formar candidatura de grande fôlego  

FIFA Portugal, Espanha e Marrocos vão formar candidatura de grande fôlego  

INTERNACIONAL15.03.202308:43

Ainclusão de Marrocos na candidatura ibérica ao Mundial de 2030, ocupando a vaga deixada pela Ucrânia, que a 5 de outubro de 2022 foi apresentada em Nyon, na sede da UEFA, como nova parceira de Portugal e Espanha nesta caminhada, teve ontem confirmação oficial, durante o Conselho da FIFA que decorre em Kigali, capital do Ruanda, através de uma mensagem do Rei Mohamed VI, lida por Chakib Benmoussa, ministro da Educação. O monarca marroquino enfatizou que «esta candidatura conjunta, que não tem precedentes na história do futebol, irá juntar África e a Europa, o norte e o sul do Mediterrâneo, mas também os mundos africano, árabe e euro-mediterrânico». «Irá também mostrar o que de melhor há em nós, com uma combinação de genialidade, criatividade, experiência e meios.»


Tal com A BOLA referira na última semana, usando até como exemplo a candidatura conjunta de países de Confederações diferentes que vão organizar o próximo Campeonato do Mundo Feminino - Nova Zelândia, que pertence à Oceânia, e Austrália, que pertence à Ásia -, não havia impedimento estatutário na FIFA a esta candidatura de Portugal-Espanha-Marrocos, tripartida em países e bipartida em continentes. A partir deste momento, estamos perante a candidatura mais forte à organização do Mundial de 2030. Com a saída da Ucrânia do bilhete ibérico, não só pelo caos que tomou conta da Federação local, que viu o presidente envolvido em corrupção, mas também pela imprevisibilidade quanto ao fim da guerra, a candidatura não só ficou sem carga política como ainda ganhou um trunfo importante, com a entrada de um país que vem de uma Confederação, a CAF, que tem apenas menos um voto que a UEFA (44-45), o que aumenta exponencialmente as possibilidades de sucesso.


Também o facto de, a partir de 2026 (ver texto ao lado), o Mundial passar a contemplar mais 40 jogos que em 2022 facilitará a divisão dos encontros por três países que são, ao mesmo tempo, potências turísticas e estão apetrechados com infraestruturas capazes de enfrentar o caderno de encargos da FIFA.


Marrocos, que já tinha sido candidata ao Mundial de 2010, apesar de ter apresentado um projeto consistente e modernista, não teve hipóteses perante a África do Sul, que quatro anos antes perdera o Mundial para a Alemanha, devido à compra de um voto do delegado neozelandês, quando o processo de atribuição era ainda em petit comité. Sepp Blatter fez tudo para levar o Mundial para o sul de África e levou a sua avante, em prejuízo de Marrocos.


Agora, recuperada a coerência geográfica, afastado o espectro político, e adquirido um parceiro com muito peso na CAF, fica por saber que rumo tomará a candidatura que pode reunir Arábia Saudita, Grécia e Egito, que terá sempre o handicap de ser obrigada a propor, novamente, um Mundial jogado em novembro/dezembro, experiência que desagradou à generalidade das Confederações. E haverá ainda o caso dos ciclos entre Mundiais organizados pela mesma Confederação, que neste momento parecem não impedir a candidatura saudita (artigo 71, nº 4, dos estatutos FIFA). Mas, com a entrada em cena de Marrocos, potência regional influente, não será de estranhar que sauditas, gregos e egípcios esperem por 2034, onde continuarão a ter o clima e o calendário contra as suas pretensões.


Em cima da mesa continua a candidatura sul-americana - Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai - que tem o senão de provir de uma Confederação, a Conmebol, com apenas dez membros.

Sendo incontornável a força que a candidatura de Portugal, Espanha e Marrocos acaba de ganhar, será bom lembrar que a votação da CONCACAF, que tem 41 membros, a maioria pequenas ilhas das Caraíbas, é muitas vezes decisiva para determinar onde será o Campeonato do Mundo. Porém, como os tempos de Jack Warner, histórico e corrupto presidente da CONCACAF, já passaram, os métodos serão, por certo, diferentes…

Hoje, em Kigali, haverá um encontro, à margem do Congresso da FIFA, que reunirá delegações portuguesa, espanhola e marroquina e terá por tema a organização conjunta do Mundial de 2030. Segundo fonte da FPF, «será comunicada uma novidade», o que significa que foi decidido deixar ontem todo o palco para o Rei de Marrocos, que colocou grande entusiasmo na declaração que fez a propósito da candidatura.