Usbequistão Micael Sequeira e a experiência no Lokomotiv Tashkent: «Início difícil, taticamente e culturalmente»
Micael Sequeira treina o Lokomotiv Tashkent, do Usbequistão, após ter sido rosto visível de muitas conferências do SC Braga, enquanto adjunto de Sá Pinto e Rúben Amorim na época passada. O técnico, de 47 anos, aceitou desafio insólito no 9º classificado de uma Liga raramente falada para jogadores ou técnicos portugueses. Vive, agora, uma grande fase no comando do Lokomotiv da capital usbeque.
«Estamos bem com seis vitórias consecutivas, sem perder há oito jogos, estamos no 4º lugar no Campeonatos, presentes na Taça. Vamos ter um jogo importante esta terça, em caso de vitória vamos ascender ao pódio», começa por explicar Micael Sequeira, falando-nos do impacto dos primeiros meses em Tahskent.
«A realidade é muito diferente, um futebol muito agressivo, muito ao estilo da União Soviética, os árbitros não usam o nosso critério, toleram uma agressividade muito alta. Ainda agora um jogador meu ficou com a perna partida e o adversário nem admoestado foi. O treinador deles dizia que era para partir e partir, enquanto perdia, e aquilo eram carrinhos de pés no ar. Não tinha visto nada assim! E os árbitros deixam seguir os jogos», relata.
«O início foi difícil, taticamente e culturalmente. Perdi os primeiros dois jogos e na estreia perdi a sofrer logo um golo ao primeiro minuto. Foi complicado também porque não tinha o melhor jogador por questões pessoais. Agora estou muito mais adaptado e os jogadores adaptados às minhas ideias», considera Micael Sequeira, imune ao choque de uma viagem para terras tão remotas.
«Como já estive na Arábia Saudita, já não tive aquele choque cultural. Não me criou tanto impacto. Mas, claro, há situações complicadas, agora é fase do ramadão, eles são todos muito rigorosos a cumpri-lo. Não comem nem bebem, vão assim para os jogos e jogam debaixo de temperaturas altíssimas como 36 graus», desvenda o técnico que passou pela formação do SC Braga, Valdevez, Aves, Famalicão, Trofense ou Merelinense.
«A cidade é fantástica, completamente europeia, o país é muito rico, tem enorme potencial, está em desenvolvimento, pode ter facilmente outra grandeza em quatro ou cinco anos. É um pais que se está a abrir, a aproximar-se de outras realidades, a começar pela Rússia», conta.