Mesmo sem título ganho, 2023 foi ' Ano do Dragão'
Mehdi Taremi (FOTO: IMAGO)
Foto: IMAGO

Mesmo sem título ganho, 2023 foi ' Ano do Dragão'

NACIONAL02.01.202409:18

FC Porto perdeu pontos neste início de época para rivais mas acabou por vencer o 'Campeonato de 2023'. Foi a 18.ª vitória nos últimos 22 anos

O futebol tem destas curiosidades e é exatamente isso que o torna a mais aliciante das modalidades. Se não vejamos: o Benfica é o campeão em título, o Sporting fecha o ano no 1.º lugar da tabela… e é o FC Porto que acaba por ser a equipa que mais pontos fez no ano civil que se encerrou, vencendo o Campeonato de 2023 por um singelo ponto (perdeu dois dos três pontos a mais que somou na segunda metade da época anterior em relação ao Benfica). Os dragões voltaram a superiorizar-se à concorrência, mantendo a hegemonia que os levou, nos últimos 22 anos, a só cederem por quatro vezes: para Benfica (2014, Jorge Jesus; 2016, Rui Vitória; e 2019, Bruno Lage) e Sporting (2021, Rúben Amorim).

Contabilizando os jogos efetuados na Liga entre janeiro e dezembro - num total de 35 jornadas (20 da época passada e 15 da atual) -, os comandados de Sérgio Conceição somaram 87 pontos com 28 vitórias e quatro derrotas: no Dragão com Gil Vicente (único desaire sofrido na época passada) e Estoril; e nas deslocações à Luz e Alvalade, as três últimas na época atual. Cederam ainda três empates: em casa com o Arouca (2023/24) e fora diante de Casa Pia e SC Braga (2022/23). Equipa com mais triunfos, o FC Porto não teve o melhor ataque nem a melhor defesa, mas é seu o único jogador presente em todas as jornadas: Pepê (ver texto ao lado).

Pese o título alcançado, as águias de Roger Schmidt tiveram uma segunda metade de 2022/23 bem sofrida, desperdiçando uma vantagem de 10 pontos a nove jornadas do fim para terminarem com apenas dois à frente dos dragões, e assim concluem 2023 no 2.º lugar. O Benfica teve a melhor defesa e foi a equipa que menos vezes perdeu (três): nas viagens a Chaves (2022/23) e ao Bessa (ronda inaugural de 2023/24) e com o FC Porto, na Luz, na temporada passada. E somou ainda cinco empates, dois deles diante do Sporting na época anterior.

Apesar de fechar 2023 na frente da Liga, o Sporting ficou no 3.º lugar neste ano civil, tendo consentido quatro desaires ao longo do ano: FC Porto (casa) e Marítimo, V. Guimarães e Benfica (fora).

Tal como em 2021 e 2022, o SC Braga foi 4.º, cada vez mais em cima dos três grandes e por sua vez mais distante do V. Guimarães (5.º), a 20 pontos dos rivais minhotos! Os guerreiros tiveram, e de longe, o melhor ataque do ano (82 golos, à média de 2,34 por jogo) e o máximo goleador (Banza), mas não conseguiram em 2023 vencer qualquer das equipas que os antecedem.

A tabela com os 15 clubes que disputaram a Liga nas duas meias-épocas é fechada pelo Portimonense, equipa que teve ainda o pior desempenho atacante e defensivo.

Estoril e Casa Pia acabam em grande

Com a diferença do número de jornadas cumpridas nas duas meias Ligas de 2023 (20 da época passada contra 15 da atual) é natural que, com menos 15 pontos em disputa, as equipas apresentem agora inferior pontuação. Mas esse não é, em absoluto, o caso de Estoril e Casa Pia (ambos fizeram agora mais um ponto e os gansos até venceram mais um jogo!) ou até do Portimonense, que fez os mesmos 15 pontos. Menção negativa, isso sim, para o FC Porto (menos 19 pontos contabilizados), que perdeu apenas um jogo nos 20 realizados na segunda metade de 2022/23 e sofreu três desaires nos 15 desta época.

Pepê, um caso raro de resistência

Pepê dedica o golo à esposa grávida. Foto: MIGUEL A. LOPES/LUSA

Nenhum jogador cumpriu na íntegra as 35 jornadas realizadas para a Liga em 2023. Mas fruto de notáveis resistências exibicional, física e disciplinar, encontramos um caso raro que esteve presente em todas as rondas do campeonato: o portista Pepê, que somou 28 jogos como titular (completou 24) e entrou em sete saindo do banco. Outros 16 atletas só falharam uma jornada: guarda-redes Diogo Costa, Luiz Júnior, Buntic, Arruabarrena e Matheus; defesas Gonçalo Inácio (ausente na última jornada do ano por acumulação de cinco cartões amarelos), Costinha, Filipe Relvas e Aursnes; médios João Mário, Fujimoto, Nuno Santos, Samu e Sylla; e avançados Taremi e Pedro Gonçalves.

Banza com pontaria bem afinada

Simon Banza sagrou-se o melhor marcador da Liga do ano civil que terminou, tendo festejado 20 vezes: 6 golos obtidos em 2022/2023 e 14 neste início de temporada (8 com remates de cabeça). Nesta época o bracarense conseguiu um hat trick (com o Portimonense, nos 6-1 na pedreira) e bisou em Vizela, tendo marcado em 17 dos 33 jogos em que participou em 2023.

Melhor marcador nos três últimos anos da Liga (2020, 2021 e 2022), Mehdi Taremi (Bola de Prata em 2022/2023) foi 2.º (16 golos), pois só marcou três vezes na atual edição da prova. Tal como em 2022, o pódio encerra com Ricardo Horta que, como Pedro Gonçalves, surge pelo quarto ano seguido entre os maiores goleadores do ano.

Numa lista onde se inclui Gonçalo Ramos, que já abandonou o futebol português, destaque para a presença do fenómeno Gyokeres, com apenas 14 jogos realizados em 2023.