Jogo carregado de emoções: «A maior tragédia que conheci»

Turquia Jogo carregado de emoções: «A maior tragédia que conheci»

INTERNACIONAL26.02.202308:59

Viveram-se nomentos carregados de emoção no Estádio Sukru Saracoglu, em Istambul, no jogo entre o Fenerbahçe e o Konyaspor, no sábado, que marcou o regresso da Superliga turca, após o sismo de magnitude 7,8 que provocou mais de 50 mil vítimas na Turquia e Síria (o quinto mais mortal do mundo nos últimos 20 anos) no passado dia 6.


Nas bancadas repletas, eram vísiveis diversas mensagens de solidariedade. Muitos dos espectadores exibiam cachecóis de outras equipas, especialmente a do Hatayspor, clube que viu sete vítimas confirmadas, entre as quais o extremo ganês Christian Atsu (31 anos), antigo jogador do FC Porto e campeão em 2013. O Hatayspor, no qual jogavam ainda o português Rúben Ribeiro e o cabo-verdiano Zé Luís (representou Gil Vicente, SC Braga e FC Porto), desistiu da Superliga, tal como o Gazientep (ficam com lugar reservado na próxima época), os clubes mais afetados pelo terramoto com epicentro em Kahramanmaras.

«É a maior tragédia que conheci. Gostaria de expressar o meu pesar ao povo turco. Este incidente tem consequências sociais, económicas, culturais e desportivas. Lamento que Hatayspor e o Gaziantep não possam continuar a competir. Sinto muito por todos», frisou o treinador adjunto do Fenerbahçe, João de Deus, que substituiu no banco Jorge Jesus, que cumpriu um jogo de suspensão após ter sido expulso no final do jogo, fora, contra o Adana Demirspor (1-1), da 22.ª jornada, no passado dia 2.

No período de aquecimento os jogadores do Fenerbahçe usaram camisola especial. «Que seja o passado, minha Turquia», podia ler-se na parte da frente; «vamos curar as nossas feridas juntos», a mensagem exibida na parte de trás. Nas costas das camisolas do equipamento principal estavam escritas as cidades atingidas pelo terramoto. A do capitão e guarda-redes Altay Bayindir tinha a inscrição Turquia. Os árbitros fizeram questão de participar nas homenagens antes do jogo, exibindo camisolas com fotografias e nomes dos funcionários da federação turca de futebol que perderam a vida no terramoto, o pior no país desde 1939.

Cenário marcante foi ainda a entrada em campo dos jogadores do Fenerbahçe de mãos dadas com crianças que foram afetadas pelo sismo, ao mesmo tempo que nos ecrãs do estádio eram divulgados os nomes dos adeptos do Fenerbahçe que faleceram na sequência da tragédia. O clube levou ao estádio, através dum tablet que transmitiu em direto, o adepto Elif, de sete anos, resgatado nos destroços, em Adiyaman, no distrito de Trabzon.

Toda a Turquia está unida para que o país volte à normalidade na medida do possível.«Todos os olhos se encherão de esperança. Os mais belos amanhãs serão nossos», outra das ideias mais fortes transmitidas nas bancadas.
 

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