FC Porto: Universo azul e branco envolto em grande crispação
Pinto da Costa. Foto: FC PORTO

FC Porto: Universo azul e branco envolto em grande crispação

NACIONAL22.11.202318:09

Pinto da Costa não revelou ainda se avança para o 16.º mandato como presidente; A BOLA ouviu três adeptos notáveis, que se mostram preocupados; ambiente de tenso sobe de tom com desacatos ocorridos junto à casa de Villas-Boas

Esclarecedora ou nem tanto... A entrevista dada por Pinto da Costa à SIC, na qual foram abordados todos os temas — inclusive os mais polémicos, sobretudo as agressões ocorridas na última Assembleia Geral dos dragões — da atualidade azul e branca, parece não ter dissipado todas as dúvidas dos adeptos azuis e brancos, pelo menos a avaliar pelo inquérito feito por A BOLA junto de três notáveis adeptos dos dragões. 

Do longo diálogo que manteve com o jornalista António Reis da SIC, os inquiridos lamentam que o presidente do FCPorto tenha desvalorizado as agressões ocorridas entre sócios na última Assembleia Geral, pois, entendem, se por um lado disse tratar-se de «uma noite má e um momento desagradável», por outro menosprezou os atos verificados com a frase «parece que andou tudo aos tiros, não foi ninguém para o hospital». Este último comentário deixou desgostosa a generalidade dos adeptos, que viram o comentário como um total desrespeito para com aqueles que foram agredidos de forma inesperada em pleno Dragão Arena. 

A questão financeira foi também um dos temas que não colheu grande aceitação pelas explicações dadas, quanto mais das previsões de que até dezembro a SAD irá, segundo palavras de Pinto da Costa, apresentar capitais próprios positivos, um objetivo que o líder máximo se comprometeu a atingir. Pinto da Costa continuou sem desvendar o mistério em torno da sua recandidatura, assegurando que para isso suceder, o que seria o seu 16.º mandato, quer que todo este clima de crispação não interfira nos trabalhos da equipa profissional de futebol. A segunda preocupação é que em dezembro, dentro da estratégia traçada, possamos apresentar lucro e ter capitais próprios positivos. Por último, o dirigente quer vere concluído o sonho da construção da Cidade Desportiva na Maia, onde ficará sediada a obra há tanto tempo por si idealizada e cujos projetos estão já em marcha há alguns meses. 

APOSTA NA VERTENTE DESPORTIVA

Pinto da Costa garantiu ainda que, ao invés do aspeto financeiro, a SAD enveredou por um caminho que visava uma aposta declarada na vertente desportiva, daí que os resultados apresentados estejam no vermelho... «Capitais próprios negativos? Chega-se aí porque os encargos subiram muito desde 2015. Os jogadores hoje em dia ganham muito mais, é uma diferença abissal. Em dezembro os capitais próprios vão estar, se não positivos, muito perto disso. O que me importa é que o Sérgio Conceição desde que veio tem 10 títulos no museu. Os sócios que vão ao museu vão ver as taças, não os capitais que são negativos. Isso é uma arma de arremesso. Estivemos em fair play financeiro e já não estamos. Pudemos apresentar este prejuízo em acordo com a UEFA, eles sabem quais são os nossos planos até ao fim do ano. No final do ano é que temos de apresentar as contas à UEFA. A nossa aposta é desportiva», diz Pinto da Costa.

A VOZ DOS ADEPTOS

CARLOS ABREU AMORIM (professor universitário)

«Fiquei desiludido! Parte da entrevista foi uma inutilidade. Não se definiu em relação à sua recandidatura e também nada acrescentou sobre o contrato do treinador. A desilusão foi ainda maior por não se ter distanciado de forma perentória e assertiva da vergonha que ocorreu na Assembleia Geral diante dos seus olhos»

JOSÉ GUILHERME AGUIAR (advogado)

«A entrevista foi esclarecedora e o presidente continua lúcido nas suas ideias. Já quanto ao clima de crispação que se vive no clube preocupa-me imenso e o que se passou em casa do Villas-Boas não pode acontecer. Se pensa que ele perde as eleições por isso... se calhar tem o efeito contrário»

TIAGO SILVA (advogado)

«Achei lamentável que tivesse procurado minimizar o sucedido na última Assembleia Geral com um 'não foi ninguém parar ao hospital'. Os milhares de adeptos do FC Porto que, não integrando a claque, acompanham a equipa para todo o lado foram injustamente esquecidos. Não percebi como é que a SAD vai passar a ter capitais próprios positivos.
É devido ao estado das contas que a qualidade dos nossos plantéis tem caído muito»