Villas-Boas, Conceição e a polémica AG: tudo o que disse Pinto da Costa
Pinto da Costa ainda não oficializou a sua recandidatura à presidência. Foto: IMAGO

Villas-Boas, Conceição e a polémica AG: tudo o que disse Pinto da Costa

NACIONAL21.11.202322:34

Presidente do FC Porto falou dias depois dos incidentes e agressões entre sócios do FC Porto na Assembleia Geral

Jorge Nuno Pinto da Costa concedeu, esta terça-feira, uma entrevista à SIC. O presidente do FC Porto falou sobre as incidências e agressões na Assembleia Geral e também sobre outros assuntos, como a provável candidatura de André Villas-Boas à presidência do clube e as renovações de Sérgio Conceição e Taremi.

Recorde tudo o que foi dito:

Benfica e Sporting:

- Não falo dos rivais. Fiquei muito contente por ver um presidente de um rival [Frederico Varandas] estar interessado na minha saída. Como fico ao ver uma estação concorrente [da SIC] ter lá quatro sujeitos a falar mal de mim. Relação institucional com o Sporting? Para mim, respeito toda a gente. Falar com essas pessoas, se houver ofensas há os tribunais para conversarmos. Mas comentar o que este e aquele dizem... Não me diz respeito. Sou presidente do FC Porto e tenho de me preocupar com isso. Encher o museu com troféus e não com extratos bancários. Nos últimos seis anos ganhámos três campeonatos e os rivais juntos os outros três.

Sérgio Conceição e a perda de jogadores:

- Se um treinador ficasse contente ou indiferente quando perde os melhores jogadores sé porque se está a marimbar. Ele está consciente da realidade. Se fôssemos um City ou United, em que os donos são americanos e nem sabem de que cor são as camisolas... Agora, se o Sérgio ficasse indiferente, era sinal que se estava a marimbar.

Renovação de Taremi:

- Temos de ser realistas. Tem propostas de 10 milhões de euros para ir embora. Deem cá 10 milhões mais 10 para o Fisco e eu renovo com o Taremi. Com propostas ridículas que nem deu para conversar. Não houve nenhuma proposta nem perto da cláusula dele.

Investimento no plantel de Sérgio Conceição:

- O único plantel em que tivemos que não precisámos de ninguém era em 2011. Uma linha ofensiva com James, Falcao e Hulk. Precisava de alguém? Foi um plantel caro. Foi o único em que não precisámos de ninguém.

Sérgio Conceição e recandidatura:

«Acha que alguém que trabalhe no FC Porto vai renovar sem saber quem é que vai ter a dirigi-lo? Eu não assinava. Já disse que não apresento a minha candidatura antes dos três pressupostos. E se apresentar. Eu não assinava, ele não sai. O Dr. Nuno Lobo, o único candidato até ao momento, se calhar o que devia fazer era perguntar se estaria disposto a renovar se fossem candidato.

Entrada de capital:

- Neste momento não. Quando assumi a presidência, o FC Porto tinha 40 por cento. Hoje temos perto de 75 por cento. Já garanti que o FC Porto não vai perder a maioria da SAD. Já resistimos a tentativas. O clube é dos sócios e não dos bancos, etc. A SAD deve ser maioritariamente dos sócios.

Clubes que mais faturaram com jogadores:

- O FC Porto foi colocado como quinto maior clube do FC Porto. (...) Sabe quanto o FC Porto gastou? O Varela não veio de borla. Devíamos ter contas melhores, se não pagássemos os impostos altos que pagámos. São muitos milhões. Mais de um milhão por mês. Não é novidade para ninguém. Há uma coisa que os jogadores sabem. Custam o dobro. Se pagas um milhão, pagas um ao estado.

Contas:

- Chega-se porque os encargos subiram, há mais concorrências nos jogadores. Não é para nós uma preocupação, porque os capitais vão estar positivos. O Conceição veio depois de 2015 e temos 10 títulos. Os sócios vão aos museus para ver isso e não se os capitais baixaram. É uma arma de arremesso. Tivemos em fair-play financeiro. Apresentamo-lo de acordo com a UEFA, que sabe o nosso plano. É evidente que se tívessemos de apresentar já as contas, vendíamos mais um jogador. Não quis. Demos preferência ao aspeto desportivo. No ano passado apresentámos 20 milhões de lucro. Estamos todos perto de tudo. A nossa sociedade... Há jogadores com valor zero. No ano passado ou há dois anos vendemos um jogador que estava com um balanço de zero.

Naming:

- Ninguém ia aceitar Jorge Nuno Pinto da Costa Super Bock. É algo para o médio prazo. 

Projetos para entrar dinheiro no FC Porto?

- Melhoria no Estádio do Dragão. Uma empresa vai superar isso. Não está em causa o naming do estádio. 

Dinheiro da Champions e do Otávio pode permitir não vender jogadores?

- Não vamos precisar de vender. Se passarmos aos oitavos de final da Champions os jogadores vão ser valorizados. Os clubes observam os jogadores aí e não em jogos contra o Famalicão.

Sobre os números negativos dos capitais próprios da SAD?

- Não lhe posso dizer agora qual o número exato, porque ainda me dizem amanhã que sou mentiroso. Os capitais próprios e as contas negativas que apresentámos foram calculadas para que em dezembro possam estar positivas e os capitais se não positivos, perto disso. Os 60 milhões de euros do Otávio entram até dezembro e não estão nas nossas contas. Se vendêssemos o Otávio antes as contas estavam equilibradas, mas não vendemos e fizemos bem, há diferença entre 40 e 60. O nosso objetivo também é desportivo. Outros venderam jogadores, ganharam dinheiro e quantos pontos têm na Champions? Não vale a pena contar, é zero. Nós estamos a uma vitória de passar aos oitavos. Por isso não vendemos jogadores que nos quiseram comprar.

Sobre as vendas:

- Se o Benfica não tivesse vendido o Gonçalo Ramos tinha as contas iguais às nossas. A situação financeira do FC Porto está dentro na nossa estratégia para chegar ao fim do ano com contas positivas e capitais próprios positivos.

A candidatura de André Villas-Boas divide o universo do FC Porto?

- Não faço ideia e não quero comentar nada disso. Não está no meu foco. O meu foco são essas três coisas que lhe disse.

Vai ser candidato?

- Eu sou o presidente do FC Porto. Neste momento tenho 3 preocupações. A primeira é que todo esse barulho das redes sociais não chegue à equipa de futebol. Quero que a equipa fique tranquila e atinja os objetivos que temos para a época que é passar na Champions. A segunda preocupação é que em dezembro possamos apresentar lucro e possamos ter os capitais positivos. É um grande salto, mas está nos objetivos de dezembro. Em terceiro, que a nossa academia na Maia avance. Não sei se vou ser candidato, só estou preocupado com isso.

Declarações de André Villas-Boas. O antigo treinador do FC Porto foi Dragão de Ouro em 2011:

- Não ganhou tudo [como treinador]... Não ganhou a Taça dos Campeões Europeus. Falei com o André três vezes. Até me ofereceu um relógio com uma dedicatória. Um relógio até bonito, que tenho guardado na minha coleção. Vi-o até numa altura má, no funeral do Fernando Gomes. Depois nunca mais o vi. ão reajo às declarações. Surpreende-me, mas não comento. Se faz as críticas tem um propósito que e ser candidato. Deve ter as quotas em dias. Se me magoou? Mágoa não vou dizer, fico admirado. Mágoa é quando nos morre alguém querido. Tem todo o direito de ser candidato. Tem a sua estratégia.

Intimidação por parte da claque?

- Posso garantir que até este momento não há nenhum Super Dragão que estivesse envolvido naquilo que aconteceu. Barulho fez o pavilhão todo. Os únicos desacatos que vi começaram quando esse associado [Henrique] voltou para o lugar. Ele mostrou-se meu apoiante.

Renovação com Sérgio Conceição:

- Acha que algum treinador de algum clube vai renovar sem saber com quem vai trabalhar? Há uma coisa que eu não quero. Não estou em período eleitoral. Não quero envolver um profissional do futebol nesta matéria.

Guarda pretoriana:

- Não faço ideia. Há uma claque. Já que falou do André Villas-Boas. Uma claque com os mesmos comportamentos de quando o André era treinador do FC Porto. Nessa altura não era guarda pretoriana? Nos jogos são Super Dragões. Fora daí são sócios. A mim não me preocupa. Sou amigo de quem sou e sei com quem conto. Tenho uma boa relação com o Fernando Madureira. Formou-se. Nos jogos fora do FC Porto se não fosse a claque estávamos sempre a jogar sozinhos. 

Casas do FC Porto:

- Não se passa nada. O que estava a dizer era os sócios poderem votar nas Casas. Penso que não faz sentido sócios do Algarve tenham de vir ao Porto quando temos lá Casas. Não é dizer que não existem. Não tem um espaço físico. Numa aldeia não há sede. Quando a Comissão propôs os votos em Casas não era nessas. Sítio de voto no Algarve, Lisboa...

Pontos que votou contra:

- Discordei em três pontos. As eleições, que estavam para abril. Podiam ser até junho. As eleições próximas comigo a presidente seriam em abril. Tem de perguntar à comissão. Se em abril, maio ou março é igual. Antes a AG tive o cuidado de dizer ao presidente da AG que ia votar contra. Como apareceram logo insinuações, eu não disse que era contra, votei contra. Disse que as eleições seriam em abril. Outro ponto era o artigo que limitava quem votava aos 18 anos. Não fazia sentido impedir que um indivíduo de 18 anos não votasse, quando vota para outras eleições, como para presidente da República. Estão algumas pessoas dos órgãos sociais e outras das três listas. Quem teve das maiores participações foi o Dr. Miguel Brás, eleito de uma lista contrária. Porque votei contra? Entendo que não deve haver. Em Portugal suspeita-se de tudo. A esta hora estão a dizer que combinamos a entrevista. Já vi dizerem que só falava para o Porto Canal, porque tinha a entrevista combinada.

Se pode garantir que não se vai repetir:

- Não se pode garantir nada. Não pode garantir que amanhã está vivo.

Devia chamar a polícia?

- Estava à porta. Não foi ninguém para o hospital. Se a polícia entrasse podia ser pior. 

Ainda a AG:

- A Mesa da Assembleia abriu. Falei tranquilamente. Só houve problemas quando falou o Henrique. Foi uma noite má. Para mim todas as noites em que o FC Porto não ganha são más. Já vi muita coisa. Se foi a pior... Houve uma coisa que me desgostou muito. Há problemas, mesmo em partidos há conflitos. Ver sócios contra sócios. E ver sócios, que num problema interno, transmitiram nas televisões como se fosse uma vitória. O FC Porto perdeu e os sócios também. Se temos uma noite, não devemos torná-la pública para que os inimigos a tornem numa bandeira nacional. Não compreendo como aquilo se transformou em desacatos. Não foi uma noite triste só para mim. Para alguns foi uma alegria. Para algumas televisões foi um forrobodó. Vi apelos nas redes sociais para que viessem em grupos e para quem filmassem tudo. Se na SIC há um problema, é mau que filmem e mandem para a concorrência. Já vi desacatos em muitos outros estádios. O que lamento é que uma coisa que devia ficar entre nós, que tenha sido mandado para fora.

Já há responsáveis?

- Não lhe posso responder. O Conselho Fiscal está a tratar da forma que entender e deve ter contactos com o Ministério Público. Só identifiquei o Henrique, um amigo, de resto não conhecia. Espero que se apure. Se o FC Porto está a fazer um inquérito é para se apurar.

Intervir após incidentes:

- Não me competia a mim. Quando as pessoas entram em zaragata... Não sou segurança, nem me compete. Pedi ao Conselho Fiscal que fosse comunicar ao presidente da AG que fosse terminar.

Incidentes na AG:

- O que tenho a dizer é o que todos sentem. Foi um momento desagradável e mau ver sócios contra sócios. Tenho de lamentar e já tomámos as providências para que não se volte a repetir. Há dois inquéritos para apurar responsáveis. Não vou dizer quem são os principais. Estaria a antecipar-me. Houve fatores, através das redes sociais, para que viessem em grupo, filmassem nos cantos. Houve gente a mais. Tínhamos uma solução alternativa. Foi uma frequência anormal. O pavilhão era uma última hipótese. Fui a primeira pessoa a falar. Estava guardado para hoje. Mas fui ouvido com toda a atenção. Começaram os tumultos quando veio um sócio falar. Eu aquilo que podia contribuir, fi-lo. A primeira intervenção foi minha. Não tinha a ver com os estatutos. Assumi que ia votar contra os casos que achavam que podiam ser mais complicados. O Conselho Superior é que foi encarregue de fazer a proposta de alteração de estatutos. Primeiro não fui no grupo. Depois houve três listas quando fui eleito. Disse que estivessem integrados elementos das três listas. Abstive-me na votação, porque não estava de acordo. Era a AG que as tinha de aprovar ou não. Apelei a que todos votassem.

- Vai começar a entrevista.

Pinto da Costa fala dias depois dos incidentes na Assembleia Geral do FC Porto.