Estoril-Gil Vicente: de parte a parte, a busca pela reabilitação
O Estádio António Coimbra da Mota acolhe um jogo da ronda 22 da Liga (Foto Sérgio Miguel Santos/ASF)

Antevisão Estoril-Gil Vicente: de parte a parte, a busca pela reabilitação

NACIONAL18.02.202408:00

Estorilistas procuram ultrapassar a derrota frente ao Boavista, que interrompeu ciclo sem derrotas; gilistas apenas somam derrotas em fevereiro e esperam inverter essa tendência

Um só ponto separa o Estoril (21 pontos) em relação ao Gil Vicente (22), que partilham as ambições de vencer e galgar posições na tabela e deixar ainda mais para trás os concorrentes que veem pelo retrovisor…mas perigosamente perto: afinal, a equipa que ocupa o 16.º lugar, que obriga à disputa de um play-off de manutenção no final da temporada, o Casa Pia, segue logo na peugada destes dois adversários, com 20 pontos. Uma Liga muito competitiva e aproximada no que à segunda metade da tabela diz respeito e estes são dois dos vários competidores que fazem parte de uma luta bem acesa.

Face aos números próximos acima descritos, o diagnóstico é fácil de obter: uma derrota pode deixar em apuros qualquer uma das duas equipas que ao final da tarde deste domingo, na Amoreira, se defrontam, até porque o atual momento, de parte a parte, não é particularmente favorável.

O fraco início de campeonato obrigou o Estoril a fazer pela vida, tendo conseguido aproveitar os meses de outubro e novembro para deixar os lugares de descida e, até então, não mais lá voltar. No entanto, ainda não foi possível aos canarinhos descolar, de vez, desses lugares perigosos, constatando-se que sempre que dispôs dessa oportunidade…uma inoportuna derrota teve lugar.

Algo que, desta feita, os comandados de Vasco Seabra procuram evitar, até porque não conseguiram evitar uma derrota na jornada anterior frente ao Boavista, sabendo já que não terminarão a jornada no indesejado 16.º lugar, que atualmente pertence ao Casa Pia, dado que tanto o Rio Ave como o Estrela da Amadora, que contam os mesmos pontos que o emblema da Linha de Cascais, já realizaram a respetiva jornada e saíram derrotados – os vila-condenses pelo Famalicão (2-1), os amadorenses pelo FC Porto (2-0). O panorama do Gil Vicente é semelhante, e ligeiramente mais agradável, dado que o pontinho que separa ambas as equipas permite que apenas duas equipas possam conseguir a ultrapassagem em caso de desaire na Linha – o Casa Pia, que defronta o Arouca, e precisamente o Estoril, que recebe este mesmo Gil.

Esse conforto tangencial pode ser precioso até porque, passando a uma perspetiva de olhar para cima, o emblema de Barcelos tem pela frente a oportunidade de suplantar o Boavista, que não evitou a derrota perante o Desportivo de Chaves (2-1) e está, por isso, à mão de semear para os gilistas caso derrotem o Estoril. O encontro tirará todas as teimas.

ESTORIL

Os estorilistas pareciam galvanizados após a histórica campanha na Taça da Liga, que deixou a conquista de um título à distância de um desempate por grandes penalidades, criando uma sequência de quatro jogos sem perder (três empates e uma derrota) que terminou com a derrota no Bessa. Cabe ao emblema da Linha de Cascais voltar aos trilhos nos seus domínios, onde tem conquistado vitórias e importantes pontos.

Antes da Taça da Liga, o Estoril parecia ter perdido algum fulgor, nomeadamente a nível físico, situação tida como compreensível até mesmo pelo próprio treinador, Vasco Seabra, que se pronunciou sobre a elevada carga de jogos a que a sua equipa foi sujeita no último mês e meio; mais concretamente, nove jogos em apenas 35 dias. O triunfo ante o Estrela, há duas semanas, permitiu levantar a cabeça e o regresso a casa coloca novamente essa oportunidade.

No entanto, esse triunfo sobre os tricolores posiciona-se como o único – em tempo regulamentar, importa destacar - desde a viragem do novo ano. Urge para o conjunto estorilista encontrar as vitórias com maior regularidade, algo que poderá reaproximar o Estoril da metade superior da tabela e deixar para trás (e para outros) a ingrata batalha pela manutenção.

Transpor a fronteira entre olhar por cima do ombro e lutar para não cair e passar a lugares mais tranquilos encontra-se, numa primeira instância, à distância de uma vitória. E a desejada reabilitação também…

Equipa provável (3x4x3): Dani Figueira, Volnei Feltes, Mangala e Bernardo Vital; Rodrigo Gomes, Mor Ndiaye, Vinícius Zanocelo e Tiago Araújo; Rafik Guitane, João Marques e Alejandro Marqués.

Lesionados: Erick Cabaco, Pedro Álvaro, Jordan Holsgrove e Cassiano.

Castigado: Mateus Fernandes.

Figura: Rafik Guitane

Sempre que o Estoril joga na Amoreira, a tendência é a de que Rafik Guitane brilhe. Tal acontece…mesmo quando os canarinhos não vencem e nos encontros em que estes venceram – e, em alguns casos, convenceram e golearam – ou no badalado triunfo sobre o FC Porto, pela Taça da Liga, o criativo francês deixou a sua qualidade técnica sair livre pelo relvado do António Coimbra da Mota, com ações de desequilíbrio imprevisíveis e movimentos interiores que têm baralhado por completo os seus marcadores. Será também por esse motivo que participou nas 21 jornadas já disputadas, sempre como titular, como peça da qual o seu treinador em nenhum momento pretende abdicar.

A antevisão de Vasco Seabra, treinador do Estoril:

GIL VICENTE

A época parecia decorrer com tranquilidade para os lados de Barcelos mas, de repente, os alarmes parecem ter começado a soar depois de, consumadas duas derrotas perante adversários superiores à partida – favoritismo absoluto para o Benfica, que o confirmou (3-0), e um pouco menor para o Vitória de Guimarães, que também a efetivou (3-1), pela Taça de Portugal. Porém, a derrota caseira com o Vizela, que ocupa lugar de descida, acentuou preocupações…

Um mês de fevereiro que, para já, tem sido negro para o Gil Vicente, que disputou os três jogos acima mencionados e não somou qualquer vitória. Zero pontos nas últimas duas jornadas e importará inverter essa tendência, sob pena de cair em terreno pantanoso…

Vistos como aparentemente confortáveis há três semanas, os 22 pontos conquistados pelos gilistas nada garantem, visto que os adversários que o perseguem se aproximaram perigosamente. Os lisboetas Casa Pia (joga pouco antes, pelas 15.30 horas) e o adversário direto Estoril podem operar a ultrapassagem e o que antes parecia uma Liga tranquila pode tornar-se num problema sério para o emblema do Minho. Tal como no caso do Estoril, a reabilitação está ao alcance de um triunfo.

Equipa provável (4x3x3): Andrew, Alex Pinto, Gabriel Pereira, Rúben Fernandes e Leonardo Buta; Pedro Tiba, Kanya Fujimoto e Maxime Dominguez; Tidjany Touré, Murilo Souza e Félix Correia.

Lesionados: Depú, Kiko Pereira e Zé Carlos.

Castigado: Martim Neto.

Figura: Rúben Fernandes

Quinta época em Barcelos, 37 anos e uma voz de comando na defesa - para o Gil passar na Amoreira, terá de encontrar no seu capitão um verdadeiro exemplo de consistência. Regular e sempre disponível, ainda não falhou uma jornada e é indiscutível para Vítor Campelos, que esperará ter, pela primeira vez no presente mês, um encontro a pontuar e, de preferência em simultâneo, uma folha limpa na defesa da sua baliza, que não sucede desde o último triunfo alcançado, sobre o Vitória de Guimarães, pela 19.ª jornada. Desde 2016 que cumpre pelo menos 30 jogos por temporada e nesta altura, em janeiro, já soma 24 no eixo defensivo dos barcelenses…

A antevisão de Vítor Campelos, treinador do Gil Vicente:

A escassa diferença entre as duas equipas na tabela e a semelhança dos momentos dos dois conjuntos já deixavam expressa uma partida de futebol atrativa. A essa expectativa devem associar-se as memórias do melhor Estoril e do melhor Gil – quando estes dois emblemas soltam o seu futebol positivo, há espetáculo garantido. Que tal suceda no final da tarde deste domingo…e que vença o melhor.

João Marques, do Estoril, com Rúben Fernandes e Gabriel Pereira, do Gil Vicente, nas imediações, procura reposicionar-se após uma situação na área. Foto: Estoril Praia SAD.