Benfica lidera: quanto recebeu cada clube português da UEFA na última década
Águias lideram contabilidade total dos últimos 10 anos, mas FC Porto fez as duas melhores campanhas
Os clubes portugueses receberam mais de 1,2 mil milhões de euros da UEFA, na última década, pela participação nas competições masculinas: Champions League, Europa League e Conference League (esta última desde 2021).
Esta verba foi apurada por A BOLA, com base em documentos oficiais do organismo europeu, relativos não só aos prémios de participação, contemplados nos relatórios financeiros anuais, como também aos pagamentos solidários, atribuídos aos clubes que acabam por não conseguir chegar às fases principais das provas europeias.
Ainda no passado dia 3 de abril, por ocasião do 49.º congresso da UEFA, realizado em Belgrado, capital da Sérvia — o tal em que Pedro Proença falhou a eleição para o Comité Executivo —, foi publicado o relatório financeiro referente à temporada 2023/24.
Neste balanço, que começa em 2015/16, só a época 2024/25 não inclui valores oficiais, uma vez que as competições europeias estão ainda a decorrer, sendo que a UEFA só divulgará relatório em fevereiro de 2026, quando realizar o 50.º congresso, na capital belga, Bruxelas. Os clubes portugueses já foram eliminados, em todo o caso, pelo que este exercício contempla a estimativa de ganhos publicada na plataforma especializada Football Meets Data.
Águias na frente
O Benfica foi o clube que mais dinheiro recebeu de prémios da UEFA na última década: 458,267 milhões de euros, ligeiramente acima do FC Porto, que arrecadou 438,535 milhões de euros.
Tendo em conta o referido ciclo, as águias conseguiram uma ultrapassagem na presente temporada, na qual amealharam 71,4 milhões, perante a eliminação nos oitavos de final na principal competição continental, frente ao Barcelona.
O FC Porto ficou pelos 16,5 milhões, uma vez que disputou a Europa League, e não foi além do play-off de acesso aos oitavos de final, afastado pela Roma.
Dragões têm o recorde
Apesar da ultrapassagem ao FC Porto no saldo global da década, esta não foi a campanha mais rentável do Benfica no referido período. Em 2022/23, sob orientação de Roger Schmidt, quando caiu apenas nos quartos de final da principal competição europeia de clubes, frente ao Inter de Milão, o emblema encarnado recebeu 73,9 milhões de euros.
A maior receita — não só da década, mas de sempre, a nível nacional — continua a pertencer ao FC Porto, que em 2018/19 só foi eliminado nos quartos de final da Champions League, pelo Liverpool, e assim conquistou o direito a receber 80,616 milhões de euros.
Duas temporadas depois, também com Sérgio Conceição no banco, os dragões chegaram à mesma fase da prova, e conseguiram assim a segunda melhor receita portuguesa: 74,054 milhões de euros.
Ainda relativamente ao FC Porto, de referir que os 16,5 milhões amealhados na presente temporada, 2024/25, representam a segunda pior receita do clube azul e branco ao longo destes dez anos, tendo em conta que em 2019/20 ficaram pelos 10,23 milhões de euros, dada a eliminação nos 16 avos de final da Europa League, frente ao Bayer Leverkusen.
O Benfica também teve uma temporada, a de 2020/21, em que ficou pelos 10 milhões (e 612 mil euros), mas foi o clube português que mais dinheiro amealhou em seis das últimas dez campanhas europeias. O FC Porto liderou o lucro nas outras quatro épocas em análise.
Leões pela metade
O Sporting nunca foi, na última década, o clube português com maior receita (anual), e no valor global do referido período fica pelos 223,488 milhões de euros, sensivelmente metade dos rivais.
Refira-se, ainda assim, que os leões ficaram acima dos 40 milhões de euros em três das últimas quatro campanhas, sendo que o melhor registo foi mesmo conseguido agora, com a presença no play-off de acesso aos oitavos de final da Champions League, onde caiu perante o Borussia Dortmund: rendeu 49 milhões de euros.
No plano oposto está a temporada 2020/21, a da eliminação no play-off preliminar da Europa League, frente ao LASK Linz, já com Ruben Amorim no banco leonino, que só possibilitou 580 mil euros de encaixe.
No quarto lugar do ranking nacional da década vem o SC Braga, que recebeu 114,908 milhões da UEFA, sendo que a fatia maior foi garantida em 2023/24, época de eliminação no play-off de acesso aos oitavos de final da Europa League, frente ao Qarabag, numa campanha que rendeu 33.662 milhões de euros.
O Vitória de Guimarães recebeu 21,771 milhões de euros da UEFA na última década, sendo que o Belenenses, graças a uma única campanha, precisamente 2015/16, surge logo a seguir, com 4,182 milhões. Rio Ave, Arouca e Santa Clara tiveram receitas ligeiramente acima do milhão de euros, enquanto Paços de Ferreira e Gil Vicente ficaram ligeiramente abaixo, numa lista que fica completa com o Marítimo, que em 2017/18 garantiu 480 mil euros.
Uma referência Real
A melhor temporada do futebol português foi 2022/23, com receita global de 189,555 milhões de euros. Para termos noção da dimensão do encaixe luso, de 2015 para cá, vale a pena olhar para o Real Madrid como termo de comparação, tendo em conta que no referido período o emblema espanhol foi campeão europeu em cinco das dez edições, e nunca foi eliminado sequer na fase de grupos.
De 2015 para cá os merengues amealharam 1,034 mil milhões de euros, apenas um pouco abaixo do valor conquistado por toda a representação portuguesa, os tais 1,267 mil milhões. Na década em análise o Real Madrid nunca ganhou menos de 80 milhões, e nas últimas cinco campanhas ficou sempre acima dos 100 milhões de receita, com destaque para 2021/22, em que somou 133,709 milhões.
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Benfica ganha também aos pontos
Em linha com a lista dos milhões, o Benfica lidera também a tabela dos pontos conquistados para o ranking de Portugal, na última década. Não só no que diz respeito ao valor absoluto, como também na contribuição real, uma vez que os pontos são divididos sempre pelo número de equipas portuguesas presentes nas provas europeias. Por exemplo: em 2017/18 a representação lusa acumulou 58 pontos, mas a dividir por seis equipas, o que adicionou 9.667 pontos ao ranking do país; na época seguinte dividiram-se 54.5 pontos por cinco equipas, o que permitiu somar 10.900 pontos ao ranking. Nesta última década a época mais rentável foi precisamente 2024/25, na qual as equipas portuguesas somaram 81.25 pontos, dos quais 16.25 convertíveis para o ranking.
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Por aqui se vê quem é protegido cá dentro mas lá fora nada faz. Não é conversa, são factos.