A fuga à polémica dos amarelos, a titularidade de Arthur Cabral e o respeito pelo Tirsense: tudo o que disse Bruno Lage
Treinador não atirou mais argumentos para a fogueira da controvérsia dos cartões amarelos de Florentino e Di María em Guimarães. Também não quis falar das possíveis renovação de Di María ou contratação de Renato Sanches. Diz que só lhe interessa, agora, carimbar a presença na final da Taça de Portugal
— Que impacto terá a vitória por 5-0 da primeira mão no jogo de amanhã com o Tirsense?
— Sabemos que fizemos um bom resultado na primeira mão, mas o que é mais importante é confirmarmos a nossa presença no Jamor. É isso que queremos. Por isso: respeitar o Tirsense, falar do Tirsense e carimbar uma final que nos foge há algum tempo. Há oito anos que não vencemos a Taça de Portugal e, nos últimos dez anos, estivemos três vezes na final. Amanhã queremos carimbar [a passagem], com mais uma boa exibição, mais um bom jogo, respeitando o Tirsense, que fez um percurso muito bom.
— Benfica será muito diferente no que respeita aos jogadores que escolherá para o jogo? Dará oportunidades? Tomás Araújo e Di María saíram tocados com o V. Guimarães. Tem a certeza de que contará com os dois para aquele que será, provavelmente, o jogo mais decisivo do campeonato frente ao Sporting?
— Estão os dois fisicamente disponíveis para o jogo de amanhã. Não vou fugir ao que tenho falado nos últimos dias, ainda por cima agora tatuado na cabeça do nosso capitão [Otamendi]. É un día a la vez. E é assim que vamos gerindo a nossa vida pessoal e a vida e gestão do clube. O presente e o futuro são o jogo com o Tirsense. Vamos apresentar a melhor equipa em função do que os jogadores têm feito. Não gosto tanto de falar de oportunidades, vou analisando o que os jogadores vão fazendo dentro e fora de campo. E, olhe, posso garantir que amanhã o Arthur Cabral vai jogar de início, porque estou muito contente com ele, apesar de não ter jogado muito nos últimos tempos.
— Falou desse sonho de estar no Jamor e ganhar a Taça de Portugal. Tem-se falado de esta final não ser no Jamor. Rui Borges [treinador do Sporting] falou da beleza e do espectáculo do Jamor. Benfica e Sporting encontraram-se este ano em Leiria e houve uma grande lição de desportivismo nas bancadas. O que lhe parece estar numa final e não poder ser no Jamor?
— Não leve a mal, mas já está a fazer a final entre Benfica e Sporting. Por respeito ao Tirsense e ao Rio Ave falo só de mim. Desde que comecei a minha carreira há muitos anos prometi a mim que não iria ao Jamor ver uma final da Taça de Portugal. Queria ir disputar a final da Taça de Portugal. Como sabe, há quatro ou cinco anos ajudei a equipa a chegar à final depois não tive tempo para disputá-la [foi despedido, ndr], tive outras coisas para fazer [risos]. Fui lá uma vez jogar quando o Belenenses jogava no Jamor e nunca lá fui mais. Sei muito bem o que representa jogar uma final no Jamor. Por isso é que comecei a conferência exatamente por aí. Queremos estar no Jamor.
— Sente que lhe falta na carreira jogar uma final no Jamor? Foi para o Benfica, salva o Benfica, venceu Taça da Liga [interrompe].
— Não, não salvei o Benfica. Ajudei a equipa a conquistar títulos, esse é que é o meu trabalho. Vim com esse objetivo, disse isso desde o primeiro dia e é isso que me interessa neste momento: ajudar a equipa amanhã a fazer um grande jogo e carimbar mais uma ida à final da Taça de Portugal no Jamor.
— No final do jogo com o V. Guimarães admitiu que o cartão amarelo de Florentino foi estratégico. Rui Borges já reagiu, disse que é punível e não tem lógica. Que comentário faz às declarações do treinador do Sporting? As lesões sofridas por Di María podem pesar na decisão de renovar-lhe o contrato?
— Sabe os nomes dos treinadores do Benfica e do Sporting. Sabe o nome do treinador do Tirsense? Não sabe? Preparou-se para vir a uma conferência da meia-final da Taça de Portugal e não sabe o nome do treinador do próximo adversário do Benfica. É por causa disso que ando com isto [mostra caderno de notas] e tenho aqui os relatórios. Vou mostra-lhe, porque ele merece, a fotografia e o registo deles na Taça de Portugal. Emanuel Simões, 45 anos. Guimarães é passado, o mais importante é falarmos do que o Tirsense fez. Vou dar-lhe dois exemplos, falámos no final do jogo destes atletas. Jorge Silva, irmão do Fábio Silva, foi meu jogador no Wolverhampton e até está a fazer uma grande época em Espanha [Las Palmas], e ainda agora ganharam ao Atlético Madrid [1-0]. O Jorge, que joga no Tirsense, já esteve no Benfica, no FC Porto e na Lazio. Há outro miúdo, Daniel Rodrigues, jogou no Sporting e na seleção nacional. Sabe o que eles disseram deste jogo? Que é uma oportunidade única de se valorizarem e de se mostrarem, porque estes jogos mudam as carreiras. Hoje quero falar do Tirsense e valorizar muito o que clube, jogadores e treinador fizeram. O respeito que tenho pelo Tirsense é preparar da melhor forma o jogo e vencê-lo. Sobre Di María, o histórico que tenho é de um campeão, para lá do currículo, tem este ano 2.512 minutos, é o 11.º jogador mais utilizado do plantel, 15 golos e oito assistências. Não tomamos decisões em função do momento. Há três ou dois meses a questão era saber quanto tempo mais demoraria renovar com Di María. Hoje é pôr em causa se o jogador tem condições para jogar no futuro. Não está lesionado, está fisicamente apto para jogar amanhã, sentiu, como o Tomás [Araújo], um desconforto, tomámos as decisões durante o jogo para vencê-lo.
— Poderia ter feito as coisas de maneira diferente em Guimarães, até porque no final do jogo admitiu que nesta altura tudo é gestão quanto à questão dos cartões amarelos? Depois, Renato Sanches tem apenas 416 minutos esta época. Ainda é um jogador que quer manter na próxima temporada, tendo em conta até as palavras do presidente do Benfica, que disse ter a certeza de que gastaria dinheiro nele?
— Não me leve a mal, o presente e o futuro imediato são o Tirsense. Entendo, respeito as questões. Se quiser trazê-las para as próximas conferências terei todo o gosto em responder, até porque no próximo mês, se tudo correr bem amanhã, vamos estar a falar pelo menos11 vezes, teremos mais conferências. Hoje o assunto é Tirsense.
Com muita pena pelo passado, mas nenhuma pelo presente. Di Maria e Renato não devem renovar. Claramente são jogadores totalmente limitados e que não oferecem garantias para uma equipa com a exigência que o Benfica deve ter.