A análise de Duarte Gomes aos casos do clássico

Supertaça A análise de Duarte Gomes aos casos do clássico

NACIONAL10.08.202302:25

Mérito do VAR

Luís Godinho, que é muito bom árbitro, teve noite extremamente complicada, também potenciada pelo critério disciplinar que escolheu inicialmente e que não conseguiu manter até ao final do jogo. Tecnicamente esteve quase sempre bem, embora em dois momentos relevantes tenha sido salvo pela competência do seu VAR, João Pinheiro. Ninguém pode duvidar da importância que a tecnologia tem ao serviço do desporto.

Nota do árbitro: 5


Segue análise técnica aos lances mais relevantes da partida:

15’ - Godinho considerou que a infração de Ristic sobre Otávio foi antidesportiva, mas errou. A falta existiu, mas não justificava advertência. A partir daqui, o eborense ficou refém de critério que, num jogo assim, dificilmente poderia cumprir.

16’ - Amarelo bem exibido a João Mário, após rasteirar Pepê com negligência.

19’ - A bola tocou no braço direito de Eustaquio, que estava junto ao seu corpo e em posição natural. O médio estava pressionado por Aursnes, que antes o atingiu com a mão esquerda no rosto sem que fosse assinalada falta. O contacto bola no braço ocorreu fora da área.

21’ - Zaidu tocou na bola e depois em Bah, derrubando o opositor. Aceita-se a leitura de que não o fez com negligência.
 

27’  - Kokçu impediu saída em velocidade de Taremi e viu bem o amarelo.
 

28’ - Leitura errada de Godinho na advertência a Namaso. O avançado do Porto não cometeu falta sobre Otamendi.
 

29’ - Fora de jogo assinalado a Rafa em lance que pareceu bem decidido, mas que contrariou as indicações que exigem que este tipo

de decisões só devam ocorrer no fim da jogada.
 

33’ - Pepe derrubou Rafa, cometendo falta bem assinalada. A infração em si (toque por trás) não justificava advertência, mas a verdade é que impediu um ataque prometedor. À frente do avançado estava apenas Marcano. Bem o árbitro ao adverti-lo.
 

43’ - Bah tocou no pé de Galeno, impedindo que o extremo se posicionasse em zona privilegiada. Amarelo bem mostrado.
 

45+1’ - Pepê fez o que não devia (impediu recomeço de jogo do adversário). A advertência, desnecessária, foi inevitável.
 

49’ - Bola cruzada por Aursnes tocou no braço de Taremi (que estava atrás das suas costas) e depois no peito de Namaso. Nenhum dos dois cometeu infração, como pediram erradamente alguns jogadores encarnados.
 

49’ - João Neves agarrou Grujic, incorrendo em comportamento antidesportivo. Foi bem advertido.
 

50’ - João Neves derrubou Taremi na zona intermédia e de forma apenas imprudente. Eustaquio ter-se-á excedido nos protestos e viu amarelo.

55’ - Zaidu saltou de longe e de forma arriscada sobre Bah, derrubando-o. A infração negligente foi bem punida com advertência.

57’ - António Silva apontou à bola, mas atingiu apenas a perna de Taremi. Aceita-se a não advertência, embora em momentos anteriores o rigor disciplinar não tenha sido idêntico.

65’ - Neves derrubou Zaidu. O lance foi imprudente, mas o médio arriscou pelo facto de acumular algumas infrações ao longo do jogo.

80’ - Pepe, sem possibilidade de disputar o lance, carregou Rafa por trás, com o joelho direito na coxa/nádega. O lance foi punido tecnicamente, mas a sua negligência justificava advertência. Errou o árbitro ao não exibir-lhe o segundo cartão amarelo.

84’ - Chiquinho derrubou Romário Baró de forma antidesportiva e foi bem advertido.

90+1’ - Pepe podia ter evitado a joelhada que deliberadamente deu em Jurásek. O árbitro não viu, mas o VAR esteve bem ao propor a expulsão do defesa por conduta violenta.

90+3’ - Golo bem anulado ao FC Porto, após Gonçalo Borges dominar a bola com o braço direito, no início da jogada. O lance não foi vislumbrado em campo, mas mais uma vez foi bem detetado pelo videoárbitro.

90+8’ - O treinador do FC Porto terá optado por não sair do terreno de jogo após ser expulso. Nestes casos, o árbitro deve esgotar todas as vias diplomáticas ao seu alcance, o que fez muito bem. As leis de jogo dão-lhe poder discricionário para terminar o encontro e mencionar os factos no relatório, caso qualquer elemento técnico se recuse a abandonar o terreno de jogo. Felizmente não foi necessário.