Gil Vicente-Farense, 1-0 Não foi à bomba, foi à Bamba que os galos festejaram (crónica)
Costa-marfinense ‘explodiu’ o Cidade de Barcelos nos descontos. Permanência (praticamente) assegurada. Algarvios mal deitados para os três jogos finais
O Gil Vicente festejou de forma eufórica a conquista dos três pontos que significam (praticamente) a manutenção na Liga. Para essa realidade ser efetiva de forma direta e não ficar nos dois últimos lugares, os galos têm de esperar que o Boavista não vença o Sporting. O pior cenário será o play-off, um facto também muito distante. Os algarvios têm a vida difícil para as últimas três jornadas que restam, mas ainda, matematicamente, continuam a sonhar.
Veja o resumo do jogo:
Apenas perto do descanso houve emoção no Cidade de Barcelos, quando Tomás Ribeiro ia introduzindo a bola na sua própria baliza, na sequência de uma transição rápida dos gilistas após uma perda de bola dos algarvios no meio-campo adversário. Fujimoto descobriu Félix Correia solto na esquerda, o extremo fez um cruzamento/remate que foi cortado por Tomás Ribeiro na direção errada, valendo ao Farense a atenção de Kaique.
Os dados estatísticos ao intervalo diziam tudo acerca da fraca qualidade do encontro até então: os gilistas fizeram cinco remate, nenhum enquadrado com a baliza, e tiveram a oportunidade descrita no parágrafo anterior. Os algarvios remataram quatro vezes, com um em direção à baliza, por Poloni, que atirou rasteiro e fácil para Andrew encaixar.
Pior não podia ser e subiu, consideravelmente, a qualidade depois do intervalo. Poloni, com duas tentativas deu sinal de que o Farense tinha entrado com outra disposição que não a expetante inicial, mas foi o Gil Vicente que desperdiçou boas oportunidades para se colocar na frente. A João Marques faltou escassos centímetros para empurrar com a baliza aberta uma iniciativa de Zé Carlos [antes do jogo o capitão recebeu uma camisola alusiva aos 100 jogos pelo Gil Vicente] e Kaique cresceu para Bamba, quando o médio costa-marfinense apareceu na frente do guarda-redes, colocado por Félix Correia.
Momentos que refletiram as alterações de César Peixoto com as entradas de Pablo Felipe e Tidjany Touré, que espevitaram o ataque gilista, que estiveram mais empreendedores no ataque nos últimos minutos e foram felizes nos descontos quando Mohamed Bamba, à segunda tentativa na sequência de canto, marcou o golo: o costa-marfinense foi mais forte e desviou de cabeça e foi mais rápido a recargar, depois de enorme defesa de Kaique.
O golo de Bamba, nos descontos:
Tozé Marreco também tentou dar mais poder de fogo ao Farense no último terço com as entradas de Álex Bermejo e Rui Costa, mas a bola poucas vezes chegou em condições de finalização. Dificuldades que foram contornadas com remates de longe, quase consecutivos por Rui Costa e Tomané, que passaram perto dos ferros. Marco Matias também foi centenário nos algarvios, em nova tentativa de Marreco em forçar o ataque. Mas não chegou…
O melhor em campo: Mohamed Bamba (Gil Vicente)
Jogo para mais tarde recordar do costa-marfinense de 20 anos que chegou a Barcelos no mercado de inverno e apontou o primeiro golo na Liga. E que golo, que vale (quase) a permanência na Liga! E as recordações até poderiam ter sido maiores, se Kaique não fosse enorme quando impediu (65’) a finalização quando se encontrava apenas com o guardião pela frente.
As notas dos jogadores do Gil Vicente (4x2x3x1): Andrew (5), Zé Carlos (6), Marvin (6), Buatu (6), Sandro Cruz (5), Cáseres (5), Bamba (7), Félix Correia (7), Fujimoto (6), João Marques (5), Jorge Aguirre (5), Pablo Felipe (6), Tidjany Touré (6), Mutombo (5), João Teixeira (-) e Santi García (-)
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A figura do Farense: Kaique
Não há Velho, mas há um jovem promissor que tem estado a um nível elevadíssimo na baliza dos algarvios. Em Barcelos voltou a deixar impressões positivas, adiando o golo ao Gil Vicente, com duas intervenções decisivas: aos 43’ teve reflexos para impedir um autogolo de Tomás Ribeiro e aos 65’ cresceu para o isolado Bamba. No golo sofrido só não deteve a recarga.
As notas dos jogadores do Farense (4x4x2): Kaique (6), Pastor (5), Cláudio Falcão (6), Tomás Ribeiro (5), Paulo Victor (5), Rony Lopes (5), Zé Carlos (5), Ângelo Neto (6), Poloni (6), Tomané (5), Yusupha Njie (5), Álex Bermejo (5), Rui Costa (5), Marco Matias (-), Samuel Justo (-) e Raúl Silva (-)
O que disseram os treinadores:
César Peixoto, treinador do Gil Vicente
«É uma enorme alegria ver a cara destes jogadores, o que eles trabalharam e o que sofreram para chegar até aqui. Um jogo dividido, uma primeira-parte completamente nossa, na segunda o Farense um pouco melhor na pressão, e nós com mais dificuldade, além ada intranquilidade pelos pontos e por não vencermos há muito tempo em casa a equipa a abdicar de jogar, mas quem entrou do banco, entrou muito bem e voltámos outra vez a ir para cima e a criar situações de golo. Penso que somos uns justos vencedores. Agora é festejar com três dias de folga.»
Tozé Marreco, treinador do Farense
«Primeira-parte melhor o Gil Vicente, na segunda o Farense. Duas equipas em situações muito diferentes, mas ambas a precisarem de pontos, mas mais nós do que eles e que levou o jogo para más decisões, individualmente com bola tivemos muitos jogadores abaixo, muito passes falhados, fruto do lugar que se ocupa. Quando já nada o fazia prever, acontece o golo do Gil Vicente, seguido de duas ou três situações em que tivemos azar e que nos tem acontecido recorrentemente e hoje aconteceu novamente, com duas faltas claríssimas e a segunda deu lugar ao canto que deu o golo.»