Espaço Universidade Selecções Jovens Masculinas no contexto europeu (artigo de Eduardo Monteiro, 57)
A participação nas competições internacionais é um meio importante na valorização dos jogadores jovens. Os resultados da prestação desportiva, em termos individuais e colectivos são um indicador precioso na avaliação do trabalho efectuado no aperfeiçoamento e especialização dos jovens talentos que se encontram no percurso para a alta competição. Contudo, a Federação Internacional de Basquetebol (FIBA) na elaboração dos rankings das seleções jovens que, em princípio, são o espelho do trabalho realizado na formação de jogadores, deve assumir uma perspectiva diferenciada do que sucede com as selecções seniores. Todas as selecções nacionais que participam nas competições europeias dos Sub-16 e Sub-18, devem entrar em rankings próprios dos respectivos escalões etários, na medida em que a classificação obtida é, por si, um factor de aferição e motivação em relação aos outros países.
CLASSIFICAÇÕES EUROBASKET SUB-16 (2019)
Divisão A:
1º Espanha, 2º França, 3º Itália, 4º Rússia, 5º Turquia, 6º Grécia, 7º Sérvia, 8º Croácia, 9º Lituânia, 10º Eslovénia, 11º Israel, 12º Macedónia, 13º Letónia, 14º Alemanha, 15º Estónia e 16º Bósnia Herzegovina.
Divisão B:
1º Polónia, 2º Holanda, 3º Dinamarca, 4º Montenegro, 5º Bélgica, 6º Bulgária, 7º R.Checa, 8º Roménia, 9º Ucrânia, 10º Grã Bretanha, 11º Portugal, 12º Suécia, 13º Finlândia, 14º Hungria, 15º Islândia, 16º Irlanda, 17º Bielorrússia, 18º Chipre, 19º Eslováquia, 20º Geórgia, 21º Áustria, 22º Suiça, 23º Noruega e 24 º Kosovo.
Divisão C:
1º Luxemburgo, 2º Andorra, 3º País de Gales, 4º Escócia, 5º Albânia, 6º Moldávia, 7º Gibraltar, 8º São Marino e 9º Malta.
CONSIDERAÇÕES (SUB-16)
Face ao elevado número de países (49) que se inscreveram no campeonato europeu deste escalão etário (Sub-16), que corresponde à fase de aperfeiçoamento no percurso para a alta competição no basquetebol, a FIBA Europa entendeu criar 3 divisões. Uma 1ª divisão com as 16 selecções dos países com melhor ranking a nível europeu, uma 2ª divisão englobando os 24 países que, habitualmente, disputam as fases de apuramento para as principais provas do continente europeu e, por último, uma 3ª divisão que inclui os pequenos países do velho continente. No entanto, as formações classificadas nos últimos 2 lugares em cada divisão são despromovidas, enquanto as melhores da divisão inferior são promovidas à divisão superior. É um sistema equilibrado, tendo em vista a promoção dos que melhor trabalham na valorização dos jovens praticantes.
A seleção portuguesa inserida na divisão B, obteve os seguintes resultados: 59-46 c/ Chipre, 64-68 c/ R. Checa, 78-52 c/ Irlanda, 73-74 c/ Holanda e 70-57 c/ Geórgia na fase inicial e, 69-63 c/ Hungria, 69-73 c/ Grã Bretanha, 67-65 c/ Suécia na fase de qualificação. Com 5 vitórias e 3 derrotas ficou classificada no 11º lugar na divisão B, ou seja, na 27ª posição do nosso imaginário ranking europeu dos Sub-16. Esta classificação obtida pelos Sub-16 deixou atrás alguns países (Finlândia, Hungria, Islândia, Suécia e Áustria) que ao nível senior, no ranking europeu, se encontram posicionados à frente da seleção portuguesa.
A evolução dos jogadores Sub-16 em Portugal, passa pela contratação de bons treinadores para a formação nos clubes e, igualmente, pela deteção de futuros talentos no escalão etário Sub-14, que devem ser permanentemente valorizados através da participação em estágios de aperfeiçoamento técnico-desportivo a nível regional e nacional.
CLASSIFICAÇÕES EUROBASKET SUB-18 (2019)
Divisão A:
1º Espanha, 2º Turquia, 3º Eslovénia, 4º Grécia, 5º França, 6º Rússia, 7º Lituania, 8º Grã Bretanha, 9º Itália, 10º Sérvia, 11º Alemanha, 12º Montenegro, 13º Croácia, 14º Finlandia, 15º Holanda e 16º Letónia.
Divisão B:
1º Israel, 2º Polónia, 3º R. Checa, 4º Macedónia Norte, 5º Estónia, 6º Portugal, 7º Suécia, 8º Geórgia, 9º Ucrânia, 10º Bélgica, 11º Islândia, 12º Bósnia Herzegovina, 13º Bielorrússia, 14º Bulgária, 15º Hungria, 16º Irlanda, 17º Austria, 18º Dinamarca, 19º Suiça, 20º Noruega, 21º Roménia, 22º Eslováquia, 23º Kosovo e 24º Luxemburgo.
Divisão C:
1º Chipre, 2º Mónaco, 3º Albania, 4º San Marino, 5º Gibraltar, 6º Andorra, 7º Malta, 8º Arménia e 9º Moldávia.
CONSIDERAÇÕES (SUB-18)
A participação de 49 seleções nacionais, deste escalão etário (Sub-18), fez com que houvesse necessidade da organização de 3 distintas divisões de acordo com os resultados anteriormente alcançados, a exemplo do que aconteceu com o escalão etário anterior. Entendo que os Sub-18, já devem estar inseridos na etapa da especialização desportiva. Na transição entre divisões, o sistema de subidas e descidas é identico ao dos Sub-16.
A selecção portuguesa de Sub-18, também integrada na divisão B, obteve os seguintes resultados: 88-70 c/ Bielorrússia, 73-62 c/ Hungria, 74-77 c/ Suécia, 78-45 c/ Áustria, 72-47 c/ Kosovo na fase de grupos e, 74-83 c/ R. Checa nos quartos de final, 73-62 c/ Geórgia e 66-76 c/Estónia na ronda de qualificação. Com 5 vitórias e 3 derrotas ficou classificada no 6º lugar na divisão B, ou seja, na 22ª posição do nosso imaginário ranking europeu dos Sub-18.
A classificação da seleção nacional Sub-18, tem a virtude de estar à frente de países europeus que no ranking europeu de seniores se encontram em melhores lugares do que a seleção portuguesa, tais como: Ucrânia, Geórgia, Bélgica, Hungria, Bósnia, Islândia, Bulgária, Roménia, Suécia, Áustria e Dinamarca. O futuro do basquetebol português também passa pela redução do número de estrangeiros por equipa (5 para 3), na principal competição nacional, para que os nossos jovens talentos tenham hipóteses de conquistar espaço e ganhar experiência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na transição do escalão Sub-16 para o escalão Sub-18, verificamos que a Espanha lidera nos dois hipotéticos rankings, o que é comprovativo do excelente trabalho efectuado no aperfeiçoamento e especialização dos jovens talentos do basquetebol dos nossos visinhos ibéricos. No grupo da elite dos países que dedicam uma especial atenção aos escalões de formação temos a França (2º e 5º lugar), Turquia (5º e 2º), Rússia (4º e 6º), Grécia (6º e 4º), Itália (3º e 9º), Eslovénia (10º e 3º), Lituânia (9º e 7º), Sérvia (7º e 10º), Croácia (8º e 13º), Alemanha (14º e 11º) e Letónia (13º e 16º).
Depois, aparece um segundo conjunto de países que possui uma das suas selecções na divisão A: Israel (11º), Macedónia (12º), Estónia (15º) e Bósnia (16º) nos (Sub-16) e Grã Bretanha (8º), Montenegro (12º), Finlândia (14º) e Holanda (15º) nos Sub-18. As seleções portuguesas, embora estejam integradas na divisão B nos dois escalões etários, apresentam uma melhoria na transicção dos Sub-16 (27ª posição) para os Sub-18 (22ª posição), o que representa um apreciável contributo para o desenvolvimento do basquetebol nacional ao nível das seleções jovens.
No enquadramento técnico das nossas seleções jovens tem sido previlegiado a continuidade do trabalho desenvolvido nos últimos anos. No entanto, a avaliação periódica do desempenho das seleções é fundamental no sentido de se proceder a eventuais ajustamentos que se entendam necessários.
Face à suspensão das provas continentais da FIBA Europa, devido à actual pandemia, estas competições para jovens só serão reatadas nas férias do verão de 2021. Esperamos que, nessa altura, esta situação esteja completamente ultrapassada e os jovens talentos do basquetebol europeu tenham a possibilidade de voltar a competir, ao nível das suas seleções nacionais, tendo em vista a sua valorização desportiva.
Eduardo Monteiro é ex-treinador do SL Benfica e das Seleções Nacionais