Espaço Universidade «Lágrimas de tristeza no regresso irão regar novo caminho para o sucesso» (artigo de José Neto, 130)
Por vezes saltam para a praça pública algumas cotovias agoirentas sempre na espreita, umas vezes de forma subtil, outras de forma mais acalorada dar eco dos seus gemidos que as circunstâncias o admitem.
De facto, somos um povo de costumes muitos cinzentos e de propósitos frágeis e superficiais. Temos uma facilidade assombrosa para justificar os sucessos em função de fatores pessoais e os fracassos em causas alheias. Ainda e porque somos possuidores duma latinidade de costumes, a experiência nos tem dito que somos mais capazes do melhor quando as coisas se tornam previamente mais difíceis e do pior quando as coisas se tornam mais acessíveis. As derrotas escandalosas demonstram que somos os piores terceiro mundistas e a vitórias impossíveis fazem-nos crer que somos melhores do que todos os outros.
É claro que ficamos em êxtase quando atingimos os últimos títulos de campeão da Europa e da taça das nações e nem sequer medimos a distância que as oportunidades se transformaram em competência. Logo a seguir encaramos os resultados com um misto de sorte quando conseguidos e neste caso de azar quando perdidos.
Temos vindo a referir que a dinâmica do ato competitivo e o seu grau de exigência para o sucesso tem de estar ancorado nas razões que forjam o preço duma aprendizagem ou conhecimento. Por vezes é o próprio erro que faz despertar as melhores razões para a sua resolução e isso se resolve pela humildade para com ele aprender e inteligência e disciplina para no imediato se possa ver corrigido.
Neste europeu as equipas mais próximas do êxito, têm sido aquelas que conseguem ultrapassar as exigências competitivas de forma emocionalmente mais equilibradas, identificadas com um estado de alma, pleno de energia nas ações a converter, no prazer em as realizar, na motivação em se envolver e no orgulho a confirmar.
Temos visto equipas teoricamente mais fortes a sucumbirem perante equipas supostamente mais fracas, (ver o afastamento prematuro do tal dito “grupo da morte”). Penso que ali na aspereza da dificuldade dispara no contexto de grupo um alerta de heroicidade, vendo renovado um espírito avassalador, transformando essa adversidade numa força aglutinadora onde se desperta um maior empenhamento para a obtenção do sucesso.
Não digo que não fica uma mágoa ao verificar que à medida que a competição prossegue o seu caminho, a nossa seleção se reserva a ser das melhores entre as candidatas ao título europeu. Contudo, fazendo a ponte da segunda parte do jogo com a Bélgica, estou convencido que as imagens bem representativas do jogo jogado nos ligarão ao futuro, é claro, desde que as oportunidades conquistadas sejam concretizadas com a competência exercida.
O código de valores do no nosso selecionador nacional Engº Fernando Santos, onde habita uma crença indestrutível, amparada por uma sólida estabilidade emocional, associado ao apurado e sentido desejo do nosso capitão Cristiano Ronaldo e do presidente Dr. Fernando Gomes, que tanto simbolizam essa imagem exemplar duma notável identidade nacional, que a história do tempo ( essa variável mais preciosa da vida), se documenta e exalta, faz-nos acreditar no futuro, e as lágrimas vertidas de tristeza pelo antecipado regresso, poderão servir de alimento para o desejado sucesso.
Ficamos pelo caminho … mas nunca nos roubarão a esperança!...
Eu acredito … VIVA PORTUGAL!...
José Neto: Metodólogo de Treino Desportivo; Mestre em Psicologia Desportiva; Doutorado em Ciências do Desporto; Formador de Treinadores F.P.F./U.E.F.A.; Docente Universitário/ISMAI.