«Terminar no pódio é sempre bom»

Judo «Terminar no pódio é sempre bom»

JUDO23.06.202322:21

«Foi um dia longo, mas bom! Terminar no pódio, os momentos pós-pódio, ter a medalha e tudo mais… é sempre bom», desabafou, fisicamente esgotada, Catarina Costa (-48 kg), de 26 anos, a A BOLA sobre a conquista do bronze no Grand Slam de Ulan Bator, Mongólia, ao derrotar no combate para o pódio a cazaque Galiya Tynbayeva (31.ª) com um segundo wazari aos 2.16 minutos.

Tratou-se apenas da segunda medalha de Catarina esta temporada, mas é a 13.ª que regista no Circuito Mundial (3+4+6). Esta com a particularidade de surgir na etapa que marcou o momento em que os pontos passaram a contar 100 por cento para o ranking de qualificação para os Jogos de Paris-2024, o que lhe permite amealhar 500 pts na lista em que está na 14.ª posição (1.292 pts). No ranking mundial é 8.ª.

Mas as emoções, mesmo do pós-pódio, foram maiores do que é habitual? «Talvez um bocadinho, porque este ano ainda só tinha conseguido a medalha de prata no Grand Slam de Tashkent [março] e de onde posso dizer que não saí 100 por cento satisfeita. Por não ser o ouro e pelo modo como perdi. Não a saboreei de todo, até porque viemos logo embora», conta.

«Esta não. Terminar a ganhar para o bronze, é diferente. E isto apesar de não ter tido cá fisicamente o João [Neto, treinador]. Mas, de casa, ia-me estudando as próximas adversárias, enviava-me a informação e falava comigo pelo telefone. Além disso, o Marco [Morais, selecionador feminino] foi sempre impecável na estratégia e alinhava tudo bem. Como já foi meu treinador de juniores [Seleção] temos uma boa sintonia», salienta a olímpica da Académica de Coimbra.

«O facto de ter competido na semana passada no Grand Slam do Cazaquistão, e ter sido 7.ª, ajudou a melhorar os erros que então cometi. Curiosamente, o bronze foi contra a adversária que me havia ganho em Astana. Sim, sabe sempre bem, mas neste caso ainda mais pois estava 0-2 para ela. Trata-se de uma atleta complicada, mas tenho noção que tenho mais judo e sou melhor. Só que, como havia perdido duas vezes, tinha de o mostrar. Era a desforra há muito desejava», garante a estudante de medicina que efetuou a sexta competição no Circuito em 2023, contando com o Mundial de Doha.

Depois de ter começado o dia isenta da ronda inaugural e sendo uma das cabeças de série, no primeiro combate Catarina necessitou de 6.54 minutos para superar a mongol, ainda cadete, Anudari Jamsran por castigos. Já o único desaire aconteceu nos quartos de final face à japonesa Hikari Yoshioka (46.ª), que viria a ganhar na final à russa Sabina Giliazova por ippon. Repescada, antes de derrubar Tynbayeva, Costa teve ainda de superar a judoca de Taipé Chen Lao por wazari.

Esta prova tinha a particularidade de passar a contar a 100 por cento para os Jogos de Paris-2024, cuja qualificação é um dos seus objetivos. Isso deu-lhe um sabor ainda mais especial? Até porque a época não tem corrido tão bem como desejava? «Encaro todas as competições um pouco da mesma maneira. Se as formos enfrentar só pelos pontos, porque precisamos, cria-nos muita pressão, normalmente o resultado não acontece e até nos tira algo à performance. Por isso, é desfrutar e pensar combate a combate. Foi o que aconteceu. Só agora é que irei pensar nos pontos e rankings», explica.      

E está da maneira como desejava a combater? «[risos] Estou longe da melhor forma ou sequer fresca. Viemos de outra prova e de uma viagem longa e dura para todos. Por isso foi tentar seguir bem a estratégia e não falhar em pequenas coisas, de forma a que as adversárias não aproveitassem qualquer erro. Tive de ser metódica nos ‘timings’ dos ataques, fazer durar a vantagem de uma maneira inteligente e não me desgastar. Acho que o consegui», diz.

«Com isso fui crescendo ao longo da competição. O primeiro combate foi o que mais me custou de todos e do bronze aquele em que melhor me senti. Mas mais para a frente na época, com outras competições, subirei de nível. Respondendo à pergunta diretamente: estou satisfeita e apesar do desgaste da viagem consegui ser consistente.»

Quanto aos principais objetivos para a época, onde o Europeu de Montpellier será apenas em novembro, Catarina Costa aponta agora para o Masters, que esta temporada acontecerá já em agosto, em Budapeste. «É uma espécie de Mundial. Grande competição, com muitos pontos em jogo. Não falta muito e por isso este grand slam serviu igualmente como teste», refere.

«Basicamente, até lá apenas farei estágios de preparação. O calendário está cheio e é bastante diferente do ciclo anterior, por isso é complicado prepararmo-nos como desejamos para essas grandes competições. Tentarei dar o meu melhor, mas será difícil lá chegar numa forma incrível. Não há milagres, mas posso fazer uma boa preparação para o Masters», prometeu a vice-campeã europeia.

Catarina Costa (-48 kg, 8.ª do ranking)

CAMINHO PARA A BRONZE

Isenta da 1.ª ronda

Anudari Jamsran (Mgl, 4.ª)      vitória por ippon      6.54m

Hikari Yoshioka (Jpn, 46.ª)      derrota por ippon    2.43m

Chen Lao (Tpe, 36.ª)       vitória por wazari    4.00 m

Galiya Tynbayeva (Kaz, 31.ª) vitória por ippon      2.16m

Pódio

-48 kg: 1.ª, Hikari Yoshioka (Jpn); 2.ª, Sabina Giliazova (Rus); 3.ª, Catarina Costa (Por) e Tamar Malca (Isr).

Seleção Nacional

Sexta-feira

-48 kg: Catarina Costa - 2.ª classificada (3 v-1 d)

-52 kg: Joana Diogo - não classificada (0 v-1 d)

-52 kg: Maria Siderot - não classificada (1 v-1 d)

-57 kg: Telma Monteiro - 5.ª classificada (2 v-2 d)

-60 kg: Francisco Mendes - não classificado (0 v-1 d)

-60 kg: Rodrigo Lopes - não classificado (0 v-1 d)

Sábado

-70 kg: Joana Crisóstomo (82.ª)-Lkhagvadulam Sarabtsetesg (Mgl, 118.ª)

-81 kg: Anri Egutidze (47.º)-Francois Drapeau (Can, 8.º)

-81 kg: João Fernando (39.º)-Shamil Borchashvilli (Aut, 6.º)

Domingo

-78 kg: Patrícia Sampaio (11.ª)-isenta da 1.ª ronda

+78 kg: Rochele Nunes (14.ª)-Ling Fang Chang (Tpe, 79.ª)

-100 kg: Jorge Fonseca (14.º)- isento da 1.ª ronda