Entrevista A BOLA: «Na pré-época não fiz um minuto!»

Benfica Entrevista A BOLA: «Na pré-época não fiz um minuto!»

NACIONAL22.06.202321:57

Em entrevista exclusiva a A BOLA, o extremo Diogo Gonçalves falou sobre a festa do título do Copenhaga e também sobre a relação com Roger Schmidt, treinador do Benfica.

Não precisou de mais do que alguns meses para ser campeão da Dinamarca. Como funciona a celebração do título?
- Estávamos a caminho de Copenhaga, era uma viagem de quatro horas, entretanto soubemos que a outra equipa [Nordsjaelland] tinha perdido, parámos para festejar e para que os jornalistas que vinham atrás de nós tirassem umas fotos. Entrámos novamente para o autocarro rumo a Copenhaga e quando chegámos à cidade havia um local cheio de adeptos, onde recebem a equipa. Cantaram músicas connosco, fizeram-se os discursos de celebração, depois no fim de semana seguinte houve festa de campeão em casa, já para receber o troféu e tudo, festa bonita. Há um parque gigante ao lado do estádio onde chamam os jogadores um a um.


Em seis meses de casa, um título, mas na realidade foram dois, pois também o Benfica foi campeão nacional com a sua contribuição.  
- Até fui campeão de Portugal e da Dinamarca no mesmo fim de semana. Primeiro foi o Benfica. Fiquei muito contente, naturalmente, mas claro que não dava para festejar, até porque tinha treino na manhã do dia seguinte. Mas mandei mensagens aos meus colegas, a felicitá-los, a dar os parabéns pela conquista, Chiquinho ligou inclusivamente para mim, fez uma chamada do balneário.


Não se esqueceram de si no momento da festa.
- Não… Chiquinho ligou-me e até troquei dois dedos de conversa com Roger Schmidt, que estava ao lado dele.


E que lhe disse o seu antigo treinador?
- ‘Este título também é teu’. Disse-mo Roger Schmidt e disse-mo Chiquinho. Foi muito bom de ouvir. E fiquei muito contente por eles.  


É importante para o currículo, de repente tem dois títulos de campeão.
- É importante, de facto. É sempre bom jogar, mas os títulos são os títulos, é o que fica.


Alguma frustração por não poder estar na festa do Marquês de Pombal?
- Claro que há sempre um pouco de pena porque ainda fiz vários jogos pelo Benfica, mas encaro sempre as coisas à minha maneira: estou onde tenho de estar. Estou feliz no Copenhaga e também conquistei o título pelo Copenhaga.


No Benfica as coisas até começaram mal. Pré-época discreta com novo treinador... Como foram as coisas com Roger Schmidt?
- Quis ver todos na pré-temporada, disse-o a toda a gente, no dia em que chegou falou com todos os jogadores, um a um, queria ver jogadores em treino e em jogo, mas eu na pré-temporada não faço um minuto! Não faço um minuto e já estava com intenção de sair. Opção ou não, não faço ideia, mas treinava-me sempre bem, mantinha o meu nível de trabalho e ele falava comigo e elogiava-me, coisas do futebol, não podemos jogar todos. Começa a época, não sou convocado para o primeiro jogo com o Midtjylland, mas vou para o banco no segundo, entro e faço um golo. Ele ficou mesmo muito contente por mim. A partir desse golo as coisas mudam um bocadinho e no jogo seguinte, com o Casa Pia, sou titular. Comecei a ser mais utilizado.


Se calhar até pensava ser menos utilizado do que aquilo que acabou por acontecer.
- Sem dúvida, sem dúvida!


E esteve em momentos marcantes, como o jogo em Israel, o 6-1 ao Maccabi Haifa que permitiu ficar à frente do PSG no grupo da Champions.
- Ninguém esperava aquilo… Nem nós, de fora, sabíamos que com os seis golos ficaríamos em primeiro lugar. E como o jogo estava, não estava fácil. Entrei, tentei desfrutar do momento, Liga dos Campeões, não sabia o resultado do outro jogo [Juventus-PSG], ainda mando uma bola ao poste perto do fim, antes do golo do João Mário. Não festejámos muito o golo dele porque não sabíamos o que iria acontecer. Acaba o jogo e estamos colados ao telemóvel a ver o que é que estava a acontecer, foi giro e foi marcante.