Entrevista A BOLA: «Jesus e Simeone são dos melhores do mundo»

Benfica Entrevista A BOLA: «Jesus e Simeone são dos melhores do mundo»

NACIONAL19.06.202320:40

O início de carreira de José Schaffer, o argentino que veio para o Benfica em 2009, foi tudo menos fácil.

- Conte-nos como tudo começou.

- Comecei a jogar com os meus amigos, num pequeno clube, numa Liga jovem, em Córdoba, onde nasci, e aos 13 anos tive a sorte de um observador ter reparado em mim. Prestei provas no Racing, passei e fui viver para Buenos Aires, numa pensão do clube até me estrear como profissional

- Como foi deixar os pais com 13 anos?

- Passei por momentos difíceis, perdi muitas coisas, houve momentos maus mas outros muito bonitos também. Estava com outras crianças de outras províncias, acompanhados por pessoas do clube que cuidavam de nós. Não foi fácil.

- E que história foi essa que contou que com 22 anos vivia num talho abandonado, que não dormia bem e passava frio?

- Isso foi antes de ir para a Suécia, no Gotemburgo. Quando assinei o meu primeiro contrato profissional com o Racing tive de deixar a pensão, arrendar um lugar e vivi nesse local quase um ano. Não ganhava muito bem, eu e a minha mulher tínhamos uma filha para cuidar, foi o que encontrámos.

- Estreou-se com Diego Simeone, mas cinco jogos depois ele enviou-o para a equipa de reservas. O que se passou?

- Sim, estreei-me no Racing pela mão de Simeone. Foi duro porque o Racing não estava bem. El Cholo estreou vários jovens. Mas depois disse-me que não me tinha em conta e enviou-me para as reservas. Tive de voltar às categorias inferiores e por vezes treinar-me sozinho, acompanhado de um treinador do clube. Foi difícil até voltar a ter uma oportunidade.

- Como era Simeone?

- Muito exigente. Para mim, ele e Jorge Jesus são dos melhores treinadores do mundo. Ensinaram-me muito. Era muito exigente, em cada jogo, em cada treino, nos estágios, até passava nos quartos a controlar para saber se descansávamos, levava-nos fruta para nos alimentarmos bem

- Imaginava que poderia ter tanto sucesso?

- Como jogador foi grandíssimo, um exemplo para todos. Como treinador, pegou no Racing num momento complicado. Sabia que ele teria uma grande carreira, pelos treinos que nos dava, pela preparação nos jogos, por tudo, pela maneira como se relacionava com os jogadores, como se interessava em saber das nossas questões pessoais, pela personalidade dele. Merece o sucesso que tem.

- Como foi parar à Suécia?

- Um empresário que me seguia nas reservas, que viu a minha estreia e os meus jogos apresentou-me uma proposta a mim e outra ao Racing. Não hesitei. Estive lá um ano. Mas também foi duro, não conhecia o país, foram três meses e meio de pré-época, a comida era diferente, havia muita neve. E o futebol lá é muito físico, nós, argentinos, estamos mais habituados a jogar com a bola. Cada treino era como um jogo, muito exigente.

Depois seguiu-se o Benfica.