Pimenta a A BOLA: «Vai papá, vai papá» até às 136 medalhas

Canoagem Pimenta a A BOLA: «Vai papá, vai papá» até às 136 medalhas

MAIS DESPORTO31.08.202301:31

O último Mundial de maratonas foi de emoções para Fernando Pimenta. Anunciara dias antes que o seu Santiago ia chegar para fazer companhia à primogénita Margarida, ia competir na Ponte de Lima natal e, nesse mesmo fim de semana, despediu-se do avó, conquistando ainda mais fervor duas medalhas de ouro na short race e no K2 ao lado de José Ramalho, o campeão português das longas distâncias. Há dois dias em Vejen, na Dinamarca, com três medalhas conquistadas, na passada semana, no Mundial de velocidade Duisburgo e o apuramento olímpico garantido em K1 1000, distância em que sonha com o ouro olímpico que lhe falta no currículo nos Jogos de Paris-2024, o limiano vislumbra o pódio, mas com outra serenidade.

«Agora estou mais calmo, um pouco amassado do fim de semana», assumiu a A BOLA o canoísta do Benfica que, esta quinta-feira, é esperado por 3600 quilómetros de pagaiar com duas portagens na eliminatória da short race, entrando Ramalho na seguinte. «Isto é o mesmo que ter um atleta a correr os 800 metros e depois ir fazer os 3000 obstáculos. É claro que o pódio é sempre um objetivo, mas serão 13 minutos em alta rotação», ressalvou Pimenta que, apesar das férias em família adiadas e de dizer que «a temporada está feita», quis honrar o compromisso com o compatriota» Ramalho, vice-campeão em K1.

«Tinha ficado no ar defendermos os nossos títulos. Achei que podia ajudar o José a ganhar e se Portugal tem oportunidade de ter mais resultados de excelência, porque não?», justificou o medalhado de bronze em K1 1000 em Tóquio-2020 e de prata, ao lado de Emanuel Silva, nos K2 1000 metros de Londres-2012. «Podia estar junto da minha família e estou aqui, mas é mais um sacrifício que vai valer a pena», assevera.

Com a contabilidade das medalhas internacionais bem acurada, Pimenta recorda que tem 134 medalhas e não esconde a vontade de aumentar o pecúlio para 136 com uma claque especial. «A minha mulher contou-me que a Margarida esteve a ver a final em Duisburgo na televisão e que só gritava ‘vai papá, vai papá’», relatou, orgulhoso, sobre a filhota. «Infelizmente a Joana não gravou, mas é engraçado ela já perceber o que estou a fazer», contou.

«Aqui quero um bom resultado, claro, mas não há ansiedade para atingir resultados, pois o apuramento olímpico [em K1 1000] está feito e, felizmente, 99% das pessoas disseram que nunca pensaram que conseguisse fazer a regata excelente que fiz, porque já se dava o húngaro por vencedor e eu a lutar, mas a ser ultrapassado. Sagrei-me campeão e, no fundo, continuo há anos no auge das medalhas em Mundiais e Europeus», exultou com orgulho merecido que sempre fez questão de partilhar com o treinador Hélio Lucas, cuja chegada à Dinamarca aguardava. «Vem cá de quarta a sexta, porque faz 50 anos e é uma data especial, tem de estar com a família. Infelizmente não vou festejar muito com ele», sublinhou, como quem diz que tudo vai fazer para que o presente chegue em forma de medalha.