Mali Insólito: presidente da federação à beira da reeleição... mesmo detido

Mamatou Touré, de 66 anos, antigo diretor financeiro e administrativo da Assembleia Nacional do Mali, detido numa prisão de Bamako por alegada «fraude e desvio de fundos», deverá, mesmo no cárcere e em insólito contexto, ser reeleito presidente da Federação Maliana de Futebol (Femafoot), cargo que ocupa há quatro anos, desde 2019, para novo mandato, nas eleições agendadas para terça-feira, dia 29: encabeça a única lista concorrente ao ato eleitoral.

Membro do Conselho da FIFA e do Comité Executivo da Confederação Africana de Futebol (CAF), ‘Baieux’ - como é conhecido o antigo inspetor das finanças - , foi o único de quatro candidatos a merecer aprovação num teste de elegibilidade ao cargo, cumprido ainda antes de, no dia 9 do corrente mês, ter sido indiciado e detido pela Procuradoria do Mali, por alegada fraude no valor de 29 milhões de dólares (€25 M), além de «falsificação de documentos» e «peculato», no período compreendido entre 2013 e 2019.

Uma auditoria conduzida pelos consultores do Pyramids Group às finanças da Femafoot, em março do corrente ano, divulgada pela BBC, revelou que a federação não pagou ao estado maliano qualquer quantia relativa a impostos devidos pelos funcionários que emprega.

Ação a que se junta a ausência de qualquer relatório e contas dos exercícios económicos mais recentes tenha sido sequer apresentado em assembleia geral da Femafoot, e muito menos aprovado pelo soberano conclave, como exigem os estatutos da FIFA, cuja ameaça de banir a federação maliana está na mesa.

Num comunicado divulgado dia 10, já após a sua detenção, Mamatou Touré reafirmou a sua alegada «inocência» e atribuiu a «manobras orquestradas de detratores» a sua prisão.