O 'mister' de A BOLA: Jogo de dupla face

Supertaça O 'mister' de A BOLA: Jogo de dupla face

NACIONAL11.08.202300:06

1. Complexidades
O objetivo do futebol é fácil de compreender, marcar golos na baliza adversária e evitá-los na sua própria baliza. A concretização de tal objetivo é suportada por uma enorme complexidade, baseada na maturação de dinâmicas de caráter estratégico, tático e conceitos de jogo, construídas pelos treinadores e operacionalizadas pelos jogadores. Tendo como pano de fundo a estabilidade emocional. Por melhor preparadas que estejam as equipas, a lógica interna do jogo, baseada na sua aleatoriedade, imprevisibilidade e transitoriedade, não permite a existência de uma qualquer fórmula que garanta sempre o sucesso.

2. Conhecimentos
Na atualidade as equipas detêm múltiplos conhecimentos de vária ordem, relativos aos seus diferentes adversários, Bem como, estas podem variar antes ou durante a confrontação competitiva. Apesar destes conhecimentos, a dimensão de base estratégico/tática poderá ser alterada, tentando realizar ajustamentos que amplifiquem a eficácia da organização da equipa, mas também, adaptando-a às particularidades do adversário. Uma das riquezas do jogo de futebol é a inexistência de dois jogos idênticos, poderá haver semelhanças, mas o igual é uma utopia.

3. Conceções

A intensidade, ferocidade, agressividade, risco, pressão constante sobre os adversários e organização dinâmica da equipa do FC Porto são valores impregnados no coletivo, dos quais não abdica. Mas, tais pergaminhos, necessitam que estes sejam compensados pela criação de situações de golo, bem como pela sua concretização. Depois de tanta luta, de tanto suor e domínio, mesmo por períodos temporais de jogo de 30 ou mais minutos, sem que a bola entre na baliza, diminui o fulgor dos jogadores, por maior compromisso que estes evidenciem e expressem. Cada desacerto na terminação do ataque é um golpe muito duro nos objetivos da equipa.

4. Conversões
Todas as equipas de elevado nível de qualidade, como é o caso do Benfica alteram padrões de organização, objetivando melhores ajustamentos a cada realidade competitiva. Por vezes, tais alterações tendem a surpreender o adversário, tirando vantagens, mas também podem provocar situações de jogo difíceis de controlar. Contudo, as suas capacidades passam pelo facto, quando necessário, de saber sofrer, não deixando de visionar as possibilidades de ultrapassar as dificuldades. O jogo de futebol tem dentro de si próprio vários jogos, passa-se da ordem à desordem, de dominado a dominador, numa fração mínima de tempo. Para tal, realizam-se reajustamentos em plena ação ou substituições que devolvem à equipa a sua matriz ideológica de jogo, em virtude das particularidades dos jogadores sustentando a emergência de novos caminhos. Ínfimas decisões poderão ter macroconsequências. Todos os treinadores tomam decisões na base de cenários e simulações da realidade. Contudo, por mais racional que as decisões sejam, estas são sempre ligadas à sua dimensão subjetiva.

5. Consequências
Todos os jogos têm consequências, especialmente quando se trata de uma final, correspondente a um título. Para os treinadores e jogadores, sejam estes vencedores ou perdedores, sabem bem que qualquer projeto desportivo no presente e no futuro está sempre em aberto e inacabado. Muito irá acontecer, ao refletir-se o que na realidade ainda falta a cada uma destas duas grandes instituições do futebol nacional. Cada treino, cada competição, cada resultado é sempre uma fonte de informação altamente valiosa para se entender se o caminho traçado precisa de alterações subtis ou de fundo.