O regresso da competição
Taremi vai deixar o FC Porto no verão. Foto: MIGUEL NUNES/ASF

O regresso da competição

OPINIÃO04.01.202409:27

Nunca os desaires causam abandonos, assim como as vitórias são efémeras, porque nada está garantido antes de começar um jogo

A Liga Portugal iniciou a transição dos finais de 2023 para o início de 2024. Desejamos maior tranquilidade e equilíbrio, em função das realidades e objetivos definidos. A festa da família é sempre um regresso às origens, com o calor da amizade. O conceito de família sente-se como destino natural, assim como a predisposição para ajudar quem precisa.

Seria importante que todos exigissem melhores condições de vida e que os governos consigam olhar para o todo e não apenas para a sua família que, por mais cores e prendas que estejam bem perto para serem distribuídas, permitam fase de reconciliação global. São muito diversas as famílias dos jogadores, vindos de locais longínquos após grandes viagens, para reencontrar o ponto onde tudo começa.

Como num jogo de futebol, procuramos o bem-estar, o golo que alegra, assim como o reforço do sentido de entreajuda. Há jovens e menos jovens a distribuir alimentos e brinquedos, para nunca perderem o tesouro, o sonho e o valor da amizade. Que festa essa! Que gente fantástica a acarinhar os menos favorecidos! Conhecemos casos de jogadores e treinadores que, de forma anónima, visitam hospitais, servem almoços e jantares para quem passa por uma fase difícil.

Então, qual a razão para que o futebol se transforme, em alguns casos, numa arena de guerra, de agressões, de ódios e de utilização da pirotecnia, que além de ser um perigo, são desperdício de verbas que não servem para nada, a não ser alastrar a confusão e os conflitos violentos? Os adeptos devem saber receber os adversários, exigindo aos árbitros e VAR, a competência para erradicar os erros, porque a justiça é um objetivo prioritário para a verdade desportiva.

Será imprescindível, neste recomeço, não só uma competição qualificada, mas também o esforço positivo para um futebol mais transparente, que possa ajudar a criar condições para que o jogo não afaste adeptos, mas aproxime famílias, seja justo e solidário para todos.

Cada vez mais, o futebol tem de ser um fator de entendimento, de emoção, mas também da razão e desportivismo. O jogo envolve cada vez mais adeptos, de todas as idades, para nunca se perderem valores: saber estar num envolvimento clubístico valorizando o respeito mútuo.

Mesmo com a decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia sobre a Superliga, numa novela com historial constante (e que ainda vai fazer correr muita tinta), não se consegue abalar o edifício do futebol em evolução sistemática. Trata-se de um jogo ancestral que mantém forte união contra a Superliga, num exercício de liberdade, que poderá envolver muitos milhões em todos os continentes, mas para já sem apoiantes que o justifiquem: a promessa de somas astronómicas como objetivo único para circulação de verbas, levanta dúvidas de oportunismo na criação de uma outra forma utilizar o futebol, tipo jogo da bolsa?

Além de um mundo de valores que motivam a ser melhor, o jogo será sempre um encanto e encontro que une e não separa, valorizando o triunfo por mérito. O futebol não está à venda e, por isso, não pode haver divisionismos para o aprisionar, ao serviço de lóbis que olham para o jogo unicamente como mealheiro cativo dos interesses de alguns, que procuram os lucros sem olhar a meios, ao contrário da dimensão do futebol.

Os jogos, como momento de união, tornam-se das maiores manifestações do nosso planeta, libertando emoções únicas. O futebol tem desafios de patamares para permitir sonhos de evolução e lutar contra os riscos de despromoção: a justiça pela afirmação da qualidade e do talento. Há um sonho que nos une à escala planetária, que aporta alegria, mas também tristezas e vontade de manter acesa a chama constante de um jogo, perante adeptos de cada lado a manifestarem a essência do futebol.

Nunca os desaires causam abandonos, assim como as vitórias são efémeras, porque nada está garantido antes de começar um jogo. A maravilha do futebol está em conseguir superar as contradições de lutas por poder e pela ambição desmedida. Os adeptos terão de ser fundamentais para defender o jogo com forte convicção. As competições domésticas são essenciais para alimentar as competições internacionais, que se tornam imprescindíveis, partindo da base para o topo, através do mérito.

Ao fim dos últimos anos, essa tentativa da Superliga Europeia contra as competições da UEFA e FIFA, já teve várias fases, e mesmo com a recente decisão favorável do Tribunal de Justiça da União Europeia, basta levantar o véu para se poder antecipar muitas das intenções.

Os poucos defensores da Superliga apresentam défice financeiro gigantesco: será uma fuga para a frente? Uma Liga fechada, por convite a uma elite, será transformar os valores do futebol mundial numa competição do género do modelo americano, o que será um desastre previsível, mesmo antes de iniciar.

Contudo, o futebol, que é também um negócio, aporta outros valores numa tradição de meritocracia, definindo as respostas adequadas, para continuar a manter o contexto competitivo, sem esquecer o aumento de apoios aos clubes para que, progressivamente, consigam evolução constante.

A nível nacional, a enorme maioria dos clubes europeus, no passado recente, manifestaram-se contra essa Superliga e, curiosamente, só o ex-CEO do Benfica manifestou, timidamente, o interesse em integrar a prova, intenção que o Benfica continua a manter sem definição. No futebol jogado, não pode haver hesitações desse nível, decisões de nim são prejudiciais ao jogo.

Universo Porto

Sérgio Conceição revelou que há épocas nas quais acontecem imprevistos e oscilações de forma. Nada é previsível e, por isso, com os mesmos jogadores, com dinâmicas que garantiram sucesso, num momento perdem a confiança, rematam ao lado e falham passes. Isso faz parte da imprevisibilidade do futebol com as surpresas de resultados inesperados e as oportunidades perdidas.

Num tempo em que «as coisas não correm bem», há que trabalhar mais, com maior determinação e concentração. Conceição, em função do rendimento da equipa, precisa de reforços específicos, para posições que carecem de ajuste. Com árbitros como o que apitou o último jogo no Dragão, a memória retrocedeu anos, com tantas falhas e sem autoridade perante jogadores que o desafiavam com termos impróprios e inclusivamente contacto físico, toleradas por quem não o pode aceitar. João Mário, autor do golo, libertou-se e conseguiu marcar com classe. Mais uma vez, Sérgio recomeça um ano com a natural vitória. Agora há que reforçar intensidade com eficácia e mais um/dois reforços importantes.

O Campeonato de uma vida

No aniversário dos 86 anos, o Presidente Pinto da Costa recebeu os parabéns de personalidades nacionais e internacionais, incluindo o Presidente da FIFA, que também deu as boas-vindas ao FC Porto no novo Mundial de Clubes FIFA 2025.

Pinto da Costa, como habitual, apresentou as prioridades das missões a cumprir no ano de 2024: da luta pela entrada na Champions, unicamente para os campeões já na próxima edição, o arranque da Academia na Maia, estabilizar a situação financeira e as eleições no FCP, com Pinto da Costa como principal candidato, ao longo de 41 anos. O filme Senhor Presidente - o Campeonato de uma vida, terá a participação de família, amigos, treinadores, candidatos a presidente, presidentes de Clubes Europeus, incluindo o ex-Presidente da República Ramalho Eanes. A estreia será em março.

Liga Portugal

As arbitragens continuam a acumular erros, alguns inaceitáveis, incluindo a forma como aceitam que os jogadores lhes imponham a sua vontade, como aconteceu com jogadores do Chaves, que azuis e brancos venceram. Um dos resultados que se destacou e confirma a grande progressão da equipa, foi o Arouca que na Amadora venceu naturalmente por 4-1, embora com o Estrela em maré de infelicidade, tendo escalado o quarto guarda-redes em quinze jornadas. O Sporting ao vencer em Portimão mantém o primeiro lugar. O Gil Vicente regressou às vitórias e o Boavista não vence há 10 jogos. O Vitória venceu em casa o Rio Ave. O Estoril goleou o Farense. O SC Braga venceu, fora, o Casa Pia num jogo muito disputado. 21 golos na jornada e só um jogo sem golos.