Clássico com vista para o título alheio

OPINIÃO03.05.202107:00

Entre as 18h30 e as 20h30 de quinta-feira, milhões de leões vão torcer pela vitória do Benfica. Ou será pela derrota do FC Porto?

A próxima ronda da Liga tem argumentos para mexer com a questão do título e abanar a decisão sobre quem vai colher diretamente os milhões da Champions League.
O Benfica-FC Porto põe frente a frente os grandes dominadores, a nível nacional, do século XXI e, além de poder relançar a magna questão do segundo lugar, servirá de tira-teimas entre equipas que não foram regulares ao longo da temporada.
Mesmo assim, o FC Porto, que dificilmente logrará qualquer título na presente temporada (a Supertaça Cândido de Oliveira é um troféu), mostrou-se mais consistente e competitivo que o Benfica, graças a um desempenho internacional muito bem conseguido, embora os encarnados ainda possam vencer a Taça de Portugal.
Com poucos pontos em disputa até ao fim da Liga, apenas uma dúzia, um empate na Luz será garantia de acesso, para os portistas, ao pote dos milhões, mas tornará meramente académicas as hipóteses de revalidar o título. Um e outro cenário devem estar sobre a mesa de Sérgio Conceição, que precisa de escolher em que modo de ousadia vai apresentar-se no anfiteatro encarnado. Já Jorge Jesus, com mais oito pontos que Carlos Carvalhal, está condenado a buscar incessantemente a vitória, porque o empate saberá a amarga derrota.
Do ponto de vista teórico, estas são as bases em que o Clássico deve ser lançado. Todavia, o que realmente irá acontecer dentro das quatro linhas, são outros quinhentos. Em 2019/2020, também se teorizou muito antes do Benfica-FC Porto, numa altura em que os dragões tinham sido afastados da Champions pelo Krasnodar e saíram derrotados de Barcelos, e a turma de Bruno Lage espalhava magia. Mal o árbitro apitou para início das hostilidades, percebeu-se que a equipa de Conceição não tinha medo dos 60 mil nas bancadas e estava em Lisboa para levar os três pontos.
Depois de tudo o que tem acontecido neste final de temporada, da indisciplina portista à bipolaridade benfiquista, chegue-se à frente quem souber exatamente o que vai acontecer. E é nesta incerteza que reside o melhor do futebol. Certo, certo, é que milhões de sportinguistas vão estar a torcer pela vitória do Benfica. Ou será que é pela derrota do FC Porto? Ah, vai dar ao mesmo...


ÁS – JOVANE CABRAL

O jogo com o Nacional estava fechado, Jovane foi a gazua que abriu a fechadura e foi ao cofre buscar os três pontos. Nele, Rúben Amorim teve um daqueles suplentes que valem mais do que muitos titulares, pela forma como agitam as águas e fazem a diferença. A sete pontos do título, nenhum leão é demais...


ÁS – EVERTON CEBOLINHA

Na quinta-feira, com o Clássico como palco, o internacional brasileiro que o Benfica contratou ao Grémio vai ter oportunidade de confirmar o que fez em Tondela, onde pintou a manta e foi decisivo para o triunfo encarnado. De Cebolinha, não se discute o talento, questiona-se, porém, a adaptação.


ÁS – LEWIS HAMILTON

O astro do asfalto inglês pode ter falhado a pole position número 100, mas não deixou fugir a vitória em Portimão, a segunda que consegue no GP de Portugal em menos de seis meses. Com concorrência forte de Verstappen, Hamilton vai demonstrando, com factos, porque é simply the best.