Borracha de PC

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OPINIÃO10.03.202412:45

Pinto da Costa, AVB e 2010/2011; Gyokeres e a frescura do Sporting; correr e ver correr

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Desde que André Villas-Boas iniciou a corrida à presidência do FC Porto, decidido a trocar a cadeira de sonho que deixou no banco do Dragão por outra na tribuna presidencial, Pinto da Costa já por diversas vezes pegou na borracha para tentar apagar o papel do então treinador em 2010/2011. Sempre que a oportunidade surge, mesmo depois de ter feito gala de que não faria campanha, o líder dos azuis e brancos enaltece o valor daquele plantel para minimizar o mérito do técnico AVB nos quatro troféus que depositou no museu. Na história centenária do clube só em duas ocasiões foram seladas quatro conquistas numa época, em 1987/88, com Tomislav Ivic, e em 2010/11. Colheitas assim tão generosas de Porto vintage só em 1986/87, a da Taça dos Clubes Campeões Europeus com Artur Jorge, e 2002/03 e 2003/04, ambas com José Mourinho e que renderam Taça UEFA e Champions, além da Liga.

Mas faça connosco viagem no tempo até ao verão de 2010, quando AVB sucedeu a Jesualdo Ferreira, que se despediu com um terceiro lugar no campeonato. Era este o ponto de partida. O mercado ditou entradas de João Moutinho e Otamendi - PC tem destacado James, à data jovem de 19 anos que era suplente de Varela, inclusive no 5-0 aos encarnados, impondo-se só no derradeiro terço da temporada - e saídas de Bruno Alves e Raul Meireles, entre outras mexidas secundárias.

Supertaça a abrir com o SLB, título festejado na Luz, Taça de Portugal à custa do V. Guimarães com meia-final decidida de novo no ninho da águia, Liga Europa ganha em Dublin ao SC Braga... Ignorar o peso do chefe AVB na preparação de um banquete destes, para usar chavões gastos de PC, nem a comunicação social de Lisboa ou o pior dos centralistas se atreveria a tanto.

De barriga cheia, Villas-Boas partiu para o Chelsea. Já nos londrinos, voltou à Invicta para receber de PC Dragão de Ouro no mesmo Coliseu onde este apresentou candidatura com tantas críticas ao adversário. Aquilo que ontem não importava - «esta será sempre a tua cadeira de sonho», disse PC naquela noite festiva de 2011 - é hoje arma de arremesso. Mudam-se os tempos...

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O Sporting, a formação mais fiável e espetacular do futebol português, sentença ditada a 9 de março, atenção, até final da época logo se verá, começa a dar sinais de fadiga ao fim de 40 encontros de quatro provas. Rúben Amorim assumiu problema de «falta de frescura», após a receção à Atalanta, quando tomou decisões baseadas na gestão física de uma equipa pouco talhada para gerir as partidas com bola. Cuidado com os perigos de se querer jogar constantemente ao ritmo de Viktor Gyokeres, porque nem o próprio sueco nem os companheiros aguentam. Nem sempre para a frente é que é o (melhor) caminho.

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Em 42 jogos, o Benfica sofreu outros tantos golos, em contraste com 40 consentidos nos 55 desafios de 2022/23. É evidente o problema defensivo, sobretudo porque os avançados (exceção a Tengstedt) não defendem. Querer encaixar um ponta de lança com Rafa, Neres e Di María é partir a equipa entre os que correm sem bola e os que veem correr os companheiros atrás dela. Não há desculpa - palavra maldita para Roger Schmidt - se o alemão continuar a apostar em Aursnes nas laterais da defesa e sentar Florentino no banco nos jogos mais complicados. É preciso pôr trancas à porta.