As amêndoas amargas do FC Porto
Sérgio Conceição no Estoril-FC Porto. Foto: Miguel Nunes

As amêndoas amargas do FC Porto

OPINIÃO01.04.202410:00

Quando uma equipa defronta outra quatro vezes e perde três, não deve falar-se em sorte ou azar. Instabilidade emocional é a resposta...

O FC Porto jogou esta época, para três competições, quatro vezes com o Estoril Praia. Em três ocasiões saiu derrotado, o que configura, no mínimo, um padrão, nem que seja de aversão ao amarelo das camisolas, ou à roleta do Casino.

Quando, na luta pelos lugares cimeiros da Liga, faltam disputar 21 pontos (para o Sporting são 24), a diferença de dez pontos para os leões (que ainda podem ser onze ou treze), e de nove para o Benfica, coloca a possibilidade dos dragões virem a sagrar-se campeões nacionais dentro de um arco de improbabilidade assinalável, e mesmo o segundo lugar, que dá acesso à pré-eliminatória da Liga dos Campeões, afigura-se de difícil concretização. Não pode dizer-se, pois, que a época da equipa de Sérgio Conceição, apesar do bom comportamento na Champions, e da possibilidade de ainda vencer a Taça de Portugal, esteja a ser positiva. Será, até, a pior, por mais irregular, de todas as temporadas em que Conceição esteve à frente do FC Porto.

Não me parece que ao ato eleitoral que se avizinha, e que tem trazido em sobressaltos vários setores dos dragões, possa ser imputada a instabilidade que se vê a olho nu na equipa principal do clube. Embora seja previsível um mês de abril escaldante, com acusações entre candidatos e uma crescente polarização dos adeptos, não será por causa das eleições que o FC Porto fará melhor ou pior na Liga. Não, aquilo que se nota é uma grande instabilidade emocional na equipa, e a essa circunstância Sérgio Conceição não é alheio, em função de uma forma de estar no futebol belicosa, que serve de bitola aos seus subordinados.

E não vou acrescentar a esta conclusão aquilo que aconteceu em Huelva, que embora tenha deixado danos na imagem do treinador azul e branco, ainda está por esclarecer na justiça, a que tanto Sérgio Conceição como o alcaide local afirmaram ir recorrer.

Nesta altura decisiva da Liga, a derrota no Estoril constituiu um rude golpe nas aspirações portistas, um balde de água gelada que arrefeceu a fervura levantada pela goleada ao Benfica. Como irá reagir uma equipa que passou a andar no fio da navalha, daqui em diante se verá. Mas tudo indica que, pela primeira vez desde que é treinador do FC Porto, Sérgio Conceição estará dois anos seguidos sem vencer a Liga. Consequências a retirar de tudo isto? Falamos depois das eleições que, isso sim, terão influência direta no futuro desportivo e financeiro dos dragões.