A procura da razão
Pedro Malheiro lesionou-se frente ao FC Porto
Foto: IMAGO

A procura da razão

OPINIÃO18.01.202409:54

Para maior transparência deveriam ser divulgadas as conversas dos árbitros para os jogadores

É fácil revelar preocupação com o rumo do futebol e, simultaneamente, fazer tudo para o desvalorizar. Quando as arbitragens são foco de inúmeros e graves problemas, causadas por abusos, provocações e dependências dos protagonistas (sejam os que jogam no relvado ou os que estão nos camarotes), estamos perante um tsunami de contradição. Cada vez mais nos aproximamos de perder o equilíbrio, não pelos que tornam o jogo um oásis de qualidade, mas antes pelos fanáticos que não conseguem pensar nem projetar o caos que pode suceder.

Por vezes, pequenos gestos e atitudes irrefletidas causam problemas de grande profundidade. São constantes as situações que merecem penalização grave, porque ferem a honra do jogo. A dualidade de critérios tem sido o vírus destrutivo que não permite ao nosso futebol tornar-se um exemplo positivo, porque «uns são filhos e os outros enteados», como diz a sabedoria popular. Anjinhos só nos altares ou pela vida exemplar ao serviço da Humanidade.

No Bessa, a arbitragem teve influência decisiva no resultado (grande penalidade por assinalar sobre Eustáquio, claríssima e reconhecida em público, que ainda teve a brincadeira do árbitro a perguntar ao jogador azul e branco aonde tinha aprendido a atirar-se para a piscina) porque impediu os azuis e brancos de conquistar os 3 pontos, com influência na classificação, com memória sistematicamente apagada.

O jogo da Taça de Portugal foi uma afirmação de qualidade, de caráter e de união do Universo Porto. Um administrador da SAD azul e branca, publicamente deixou alguns exemplos que merecem reflexão de todo o futebol, não só pelos factos, mas pelas consequências que se acumulam na destruição da verdade desportiva. Foram apresentadas imagens de situações que são atropelos à dignidade do jogo. Vejamos: um jogador dos encarnados, em protesto, encosta a cabeça ao árbitro assistente no jogo com o SC Braga, sem consequências, ou será a nova forma de se cumprimentarem alguns atletas? E se fosse um jogador portista? No jogo do Estoril, o árbitro embateu com Francisco Conceição na zona do ombro/braço direito e ficou a imagem de Hélder Malheiro a dar a impressão de se dirigir ao jogador portista. A igualdade de tratamento é um sinal de prestígio e, ao contrário, a sua incapacidade revela indícios que a competição vai acumulando e, por isso, não consegue o reconhecimento total das outras ligas internacionais, deixando uma imagem pejorativa. Será uma coincidência as arbitragens dos jogos do FC Porto acabarem quase sempre com falhas graves por assinalar?

São vários os jogos com situações evidentes de erro que passam sem marcação. Poderíamos acrescentar uma lista de momentos dessa exuberância permitida. E se há jogadores que colocam agressividade tolerada pelos árbitros, outros clubes são penalizados. Se o FC Porto é frequente a receber cartões, qual a razão para os encarnados serem os jogadores com menos advertências? No jogo da Luz, com o Rio Ave, surgiram decisões que alteraram o destino do jogo, com estratégia que se adivinhava.

É momento para se preparar a nova direção da FPF, em função das realidades que se tornam mais adequadas ao jogo evoluído, como desporto fantástico e simultaneamente como negócio transparente, dotando o futebol de condições exemplares e de mérito. Claro que nestes meses em que se preparam os diversos candidatos, vão surgir situações caricatas, movimentações para se manterem no topo (o que, felizmente, se torna cada vez mais impossível) e certamente o elenco mais competente para o futebol poder crescer, em função do rigor, da transparência, da integridade. Os anos passam e já é tempo para superar vícios e escolhas que não servem o futebol que todos desejamos. Pedro Proença, após ter recebido o Record de Ouro, numa extensa entrevista, afirmou publicamente: «Nunca direi nunca quanto a presidir à Federação» - e apontou rumos e convicções para melhorar o prestígio nacional e internacional do futebol português. Finalmente aguarda-se liderança com base na informação, na qualidade, na experiência e capacidade. Aproxima-se um tempo novo, uma fase de evolução natural, com alicerces sustentados e princípios de rigor. Tudo será reestruturado em função das exigências que o futebol do futuro nos coloca. E são muitos os cenários possíveis, sempre com capacidade para acompanhar as exigências do tempo imparável.

Afinal, o futebol vai concretizar-se como desígnio de competição com integridade. Para além dos rumos que estão sendo preparados para uma estruturação qualificada da nossa Federação, há também memórias de grandes atletas, treinadores e árbitros que devem participar, nunca para proveito pessoal, mas antes para reforçar o jogo imortal, no caminho do desenvolvimento irreversível, porque sustentável e valorizando o mérito, a organização e o talento. E se os jogadores transportam genialidade em momentos de surpresa, os treinadores aplicam estratégias eficazes porque essenciais para vencer.

A questão das contratações e dos reforços é um desafio importante. Daí que o saber escolher em função do modelo de jogo, é determinante e, por outro lado, o treinador será sempre o eterno responsável. O que se perpetua é sempre o resultado, embora durante os 90 minutos, há sempre pormenores que definem as vitórias, em função da estratégia definida.

Sérgio Conceição identifica o que o treinador pode controlar: atitude competitiva máxima, ritmo elevado, agressividade e intensidade para lutar contra adversários que, ao defrontar o FC Porto, estão moralizados especialmente por enfrentar os azuis e brancos. Ou seja, um clube para jogar com os que são teoricamente menos favoritos para o resultado, acaba por ter muitas vezes de se confrontar com momentos difíceis e, por isso, o melhor é começar sempre muito forte, com dinâmica intensa, movimentação veloz e ligação da equipa, sem esquecer os espaços que podem criar riscos elevados.

Ninguém gosta de perder, contudo os que mais sofrem com isso, além do treinador, são os jogadores que se sentem abatidos. Nesses momentos, é essencial enviar sinais de confiança para voltar a colocar a concentração no limite máximo. Por isso, os árbitros têm de melhorar, de evidenciarem imparcialidade e rigor, para que o jogo seja definido pelas equipas e nunca por momentos estranhos. Os jogadores carecem de apoio e, em qualquer resultado, mesmo menos positivo, necessitam de aplausos e de ouvirem os seus nomes para reforçar a confiança. O que se designa como pequenos nadas, são determinantes para conquistar vitórias. Finalmente, desejamos que os árbitros consigam manter o rigor e a imparcialidade sem erros graves, como é sua função obrigatória. Para maior transparência deveriam ser divulgadas as conversas dos árbitros para os jogadores, inclusivamente nos espaços que antecedem os balneários. Infelizmente, no presente contexto, os presidentes do Sporting e do Benfica vivem uma fase de acusações públicas e intenso ataque mútuo, recordando casos lamentáveis do passado ainda por resolver. Assim vai o nosso futebol!

Taça de Portugal

O sorteio para os quartos de final da Taça de Portugal decidiu os jogos: V. Guimarães-Gil Vicente; Vizela-Benfica; Santa Clara-FC Porto; União de Leiria-Sporting. Seis clubes da Liga principal e dois da segunda Liga. Os jogos decorrerão nos dias 6, 7 e 8 de fevereiro.

Liga

No último jogo da primeira volta, o FC Porto defrontou o SC Braga, no Dragão. Jogo de qualidade, com intensidade e muito disputado, prestigiando o nosso futebol. Azuis e brancos mais organizados e com raça, controlaram espaços, unindo blocos e partindo em velocidade, vencendo com mérito. Evanilson continua imparável a colecionar golos. Os minhotos procuraram criar oportunidades, porém a atitude dos dragões superou as estratégias do adversário.

A última jornada da primeira volta teve 27 golos e 4 equipas sem marcar.

Remate final

O Presidente Pinto da Costa avança para o 16.º mandato, nas próximas eleições. Certamente, deverá caso único a nível mundial.

Opiniões de cada clube - treinador do Rio Ave afirmou: «Jogámos no campo todo. Esta equipa fez o que ninguém tinha feito na Luz.» O jovem central do Benfica comentou: «Foi um jogo difícil frente a uma equipa com muita personalidade… A expulsão… acabou por ajudar, porque contra dez acaba por ser mais fácil».