O miúdo já deslumbra, mas ainda é repreendido pelo irmão e pela mãe

A chamada de Nico Williams ao Euro 2024 para representar a Espanha não surpreendeu. O que o fez foi, se calhar, a titularidade indiscutível, mas as dúvidas transformaram-se em aplausos após os primeiros jogos.

Na última época, a parelha que formou com o irmão Iñaki (nove anos mais velho) no Athletic Bilbao foi temível e tornou-se num baluarte do sucesso da política do clube, que apenas contrata jogadores nascidos, ou com raízes, no País Basco. Os dois têm origens ganesas e uma história de resiliência por trás.

Os pais saíram do Gana em busca de uma vida melhor e tiveram de andar descalços pelo deserto do Saara, quando a mãe, Maria, estava grávia de Iñaki. Chegados ao País Basco, o pai, Felix, seguiu para Londres, fazendo todo e qualquer trabalho disponível. Ficou lá uma década e Iñaki tornou-se assim numa figura paternal para Nico.

Hoje, estão felizes no Athletic. Às vezes, só não estão felizes um com o outro. Numa vitória por 2-0 sobre o Alavés na última época, Nico foi egoísta e escolheu rematar num lance que não deu golo, ao invés de passar ao irmão Iñaki.

«Disse que eu fui fuço e que lhe devia ter passado a bola», recorda Nico, entre risos, ao programa El Larguero: «Ainda estivemos a discutir no balneário durante uma hora até fazermos as pazes.»

Iñaki também olha para estas lutas com normalidade: «Foi assim a vida toda. Se não tenho estas discussões com o meu irmão, tenho com quem? Embora tivéssemos ganho, descontrolámo-nos. A nossa mãe ralhou-nos.»

Nunca esquecendo «o apoio» que o irmão lhe dá, o bem-humorado Nico salienta: «O pior é que sou o mais novo, então tenho de me calar. Ele é o mais velho e reclama sempre de algo.» Coisas de irmãos.

Este artigo partiu do perfil de Nico Williams que A BOLA publicou no âmbito da Guardian Experts’ Network, uma rede de troca de conteúdos liderada pelo conceituado jornal inglês, e que inclui meios de comunicação social de vários países representados no torneio.