Vento, juventude, virtuosismo e as críticas. João Mirra falou sobre a vitória de Portugal
Fotografia Luís Cabelo/FPR

Vento, juventude, virtuosismo e as críticas. João Mirra falou sobre a vitória de Portugal

RÂGUEBI03.03.202420:16

Treinador nacional e o capitão Tomás Appleton analisaram a passagem de Portugal à final do Europeu, a vitória sobre a Espanha e o adversário que se segue: a Geórgia

Enquanto os adeptos portugueses desciam das bancadas do Estádio do Restelo para continuar a celebração da passagem à meia-final do Europeu 2024 na relva com os jogadores após estes terem derrotado a Espanha na meia-final por 33-30, o treinador dos lobos João Mirra falou sobre o 14.ª triunfo de da Seleção contra Espanha e deu igualmente a explicação porque, até ao intervalo, momento em que Portugal tinha a desvantagem de 13-20, a equipa sentia dificuldades a atacar.

«O vento não joga, mas defrontámos uma equipa forte fisicamente, que muitas vezes meteu 14 na linha [defensiva], nem disputava os rucks, e nós [no 1.º tempo] a jogar contra o vento não tivemos a capacidade de perceber que, mesmo assim, tínhamos de jogar ao pé. Arriscámos demasiado», começou por referir Mirra.

«Na 2.ª parte não começámos da melhor maneira, a querer jogar de todo o lado, mas quando se tem médios de 19 e 20 anos faz parte. Têm muito talento, só que têm ainda de aprender e aprender é jogar, fazer esta gestão. Essa consistência vem com muito treino e com competição.  Estamos a falar de dois jogadores que, mesmo em posições diferentes, são muito semelhantes, têm muito talento, fazem coisas boas e menos boas. Mas também tem a ver com o nosso estilo de jogo. Se tivermos um estilo mais conservador, o erro aparece menos, só que o virtuosismo dos jogadores vai aparecer menos. É um preço a pagar e que nós comprámos».

Sobre o muito público nas bancadas, crê-se que estiveram no estádio cerca de 7 mil pessoas, Mirra elogiou. «Foi uma grande reposta, até deste apoio que tivemos no estádio, que não sei se não é um recorde. Se não for está muito perto. Começámos com tempos muito difíceis, não negamos isso. Todos estivemos mal, principalmente nós, os técnicos. Não sou ninguém para dar lições de vida, mas o desporto ensina-nos diariamente que se as coisas correm mal já não vamos conseguir mudar, não temos uma máquina do tempo. Agora, é preciso ter a humildade de perceber o que está mal, ver o que temos a melhorar e seguir em frente», vai referindo recordando os resultado e exibições do início desta campanha.

«Foi duro, houve críticas injustas a jogadores, que são jogadores novos e foram esses que ficaram cá, são esses os nossos jogadores, não são os da Nova Zelândia, e temos de os apoiar como hoje», concluiu.

«Vamos ter uma palavra a dizer»

 Naturalmente satisfeito estava também o capitão Tomás Appleton. «Começámos mal, um bocadinho ansiosos e deixámos a pressão tomar conta de nós. Queremos ter um jogo invasivo, arriscar, mas quando são jogos de mata-mata não podemos arriscar tanto, especialmente dentro da nossa área de 22 metros».

«Perdemos algumas bolas, sofremos alguns pontos por causa disso. Na 2.ª parte, com o vento a favor, correu-nos de forma completamente diferente e soubemos marcar», completou.

Já sobre a final contra a Geórgia, que acontecerá a 17 de março no Stade Jean-Bouin, em Paris, e é uma repetição da edição de 2023, na qual Portugal foi batido por 38-11, Appleton considera que «é um panorama um bocadinho diferente do ano passado». «Aí íamos em aproximação ao Mundial. Este ano vamos em restruturação. A Geórgia também, mas a verdade é que vêm famintos para vingar o resultado do Mundial [18-18], que foi mais positivo para nós do que para eles. Mas agora temos duas semanas, muita análise para fazer. Sabemos que são favoritos, para sermos honestos, mas acho que ainda vamos dar que falar. Vamos ter uma palavra a dizer», concluiu.