Gonzalo Oliveira adotou nacionalidade venezuelana: «Nunca tive qualquer apoio da Federação»
Gonzalo Oliveira (IMAGO/Hasenkopf)

Gonzalo Oliveira adotou nacionalidade venezuelana: «Nunca tive qualquer apoio da Federação»

TÉNIS13.04.202409:00

Gonzalo Oliveira deixou de representar Portugal no circuito ATP e adotou nacionalidade venezuelana. Revela que teve dois pedidos de ajuda rejeitados pelo organismo desportivo. Lamenta não ter ido a Tóquio-2020

No passado dia 8 de abril, segunda-feira, Gonçalo Oliveira anunciou que ia deixar de representar Portugal no circuito mundial ATP e iria passar a vestir as cores da Venezuela. Em conversa com A BOLA, Oliveira explicou os motivos de deixar de ser atleta luso.

Tal como tinha avançado no comunicado de dia 8 de abril, lamentou o facto de nunca ter representado Portugal em competições de equipa e na Taça Davis, referindo que não sabia por que razão nunca conseguiu essa presença. Mas para além destas ausências, cujas chamadas cabem ao capitão – cargo ocupado por Rui Machado, atualmente -, revelou «falta de apoios» da Federação.

«Nunca tive qualquer apoio da Federação [Portuguesa de Ténis]. Em duas ocasiões pedi ajuda, em 2016 e em 2020 – na altura da pandemia COVID-19 – e da última vez nem recebi uma resposta final», avançou. O tenista foi questionado que apoios pediu e esclareceu: «Em 2016 pedi para fazer a pré-época em Lisboa e rejeitaram o pedido, mas em 2020 não obtive resposta. Pedi para ser tratado pelos fisioterapeutas do CAR – Centro de Alto Rendimento, com base no Complexo Desportivo do Jamor -, durante os mesmos torneios nos quais os atletas do CAR estavam a ser acompanhados. Basicamente, coisas simples. Nunca pedi apoio monetário para viagens ou para outra coisa».

O jornal A BOLA contactou o Presidente da Federação Portuguesa de Ténis, Vasco Costa, mas o mesmo não quis comentar a mudança de nacionalidade do jogador, referindo que se tratava de «uma área técnica». Desta forma, foram feitos esforços para contactar Rui Machado, Coordenador Técnico Nacional, ou por outras palavras, o responsável pelo projeto do Centro de Alto Rendimento, mas não foi possível obter resposta do mesmo.

O sonho não cumprido de jogar na Taça Davis e nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020

Gonzalo lamentou também o facto de não ter participado nos Jogos Olímpicos de Tóquio, por isso, A BOLA contactou o jogador e tentou perceber como teria sido possível essa ida à capital japonesa e para isso precisamos de falar de ranking… e da Taça Davis. O ex-português, que já tinha dupla nacionalidade – portuguesa e venezuelana -, teve como ranking máximo de singulares o 194.º posto, a 25 de dezembro de 2018, mantendo regular presença no ‘top-300’. No fim de 2022, depois de ter vencido 92 encontros num ano, ocupava a 224.ª posição, sendo apenas superado por Nuno Borges no panorama nacional.

Na hierarquia de pares a história é diferente. Entrou pela primeira vez na lista de 100 melhores jogadores a 10 de junho de 2019 (99.º) e a 24 de agosto de 2020 atingiu o 77.º posto. Apesar de se encontrar muitas vezes entre os melhores tenistas portugueses, nunca foi chamado nem por Nuno Marques, nem por Rui Machado para a Taça Davis.

Ex-português teve como melhor lugar no 'ranking' de pares o 77.º posto (IMAGO/Eibner)

E o facto de nunca ter participado na Taça Davis, impossibilitou qualquer hipótese de marcar presença nos Jogos Olímpicos. Para um tenista ser elegível a representar um país neste evento, precisa de cumprir três critérios, impostos pela Federação Internacional de Ténis (ITF): « Estar em situação regular perante a Federação Nacional e a Federação Internacional de Ténis», «Ter representado o país vezes suficientes na Taça Davis» e «ter mais de 14 anos».

Porém, há possibilidade de competir nos Jogos Olímpicos, mesmo não cumprindo uma destas condições, sendo necessário fazer um apelo ao Comité Olímpico da ITF. Gonzalo referiu que nesse mesmo ano, dois australianos, Max Purcell e Luke Saville, fizeram as suas estreias, mesmo não tendo representado o respetivo país na Taça Davis. Em 2021, João Sousa e Pedro Sousa vestiram as cores portuguesas no torneio de singulares e pares. A data limite para fecho dos rankings para qualificação para Tóquio-2020 era no dia 7 de junho. No que toca à hierarquia de pares, Pedro Sousa ocupava o 316.º lugar e Gonzalo era 100.º.